Os homens, diante das adversidades da vida, reagem de formas díspares. Uns entram em depressão. Outros mergulham na cachaça. Outros optam pelos opiáceos. Outros tantos optam pelo refúgio na religião. São escolhas. O homem tem esta capacidade de escolher…para o bem, ou para o mal.
Bula – bula– também tem o seu lote de escolhas, umas discutíveis outras nem tanto – porque afinal faz parte deste mosaico que é Moçambique. Ora reconhecer esse direito aos demais é mais do que uma simples obrigação. É fundamental para a harmonia e sã convivência entre as pessoas. O problema é quando a escolha de um, interfere na paz dos outros.
Aliás, há uma célebre frase sobre isso: a minha liberdade termina onde começa a do outro. É isso mesmo. As escolhas não podem passar essa fronteira mais ética do que de lei. É isso que garante o equilíbrio entre os homens. O respeito pela diferença…
Mas este não parece ser o entendimento de uma malta que se instalou lá para as bandas da Rua São Pedro no bairro de Jardim… a forma como decorrem os cultos ali, longe de atrair, afugenta. A barulheira é tanta que há vizinhos da Igreja que já estão a fazer as malas e se bandearem para outras freguesias. É que os decibéis ultrapassaram os limites do razoável. Os “aleluias” fazem lembrar um ataque dos índios a uma diligência, como nos habituamos a ver nos filmes de cow-boys.
Bula – bulatambém está a procura de uma casa ou dependência para morar temporariamente enquanto as autoridades ou quem de direito não tomam as necessárias providencias. Aquela malta do Ministério Evangelho em Acção (MEA) não está fácil. Se calhar é por serem mesmo um Ministério que já não olham a meios para se comunicarem com o além. Não há horas de descanso. Começam a cantar e orar desde as primeiras horas da madrugada até ao miar do último bichano.
Ainda noutro dia um dos vizinhos da referida residência – igreja, em desespero de causa – ainda estremunhado e com visíveis sinais de ter caído da cama – gritou: “acaso São Pedro está aqui no bairro?”.
A resposta foi um ensurdecedor “Saia, está tomado pelo demónio”.
Assim estamos todos a arrumar as nossas tralhas. Alguém sugeriu que fossemos abancar diante do Ministério que tutela as Igrejas. A ideia não parece descabida de todo. Outro, mais diligente, sugeriu que fossemos para casa do Chefe de Quarteirão mas, isso seria difícil; somos muitos e a casa não poderia albergar-nos. Soluções?
Está difícil descortinar uma saída. Se calhar a solução é passarmos todos para aquela igreja… até porque ali o evangelho está em acção mesmo; todos os dias; toda hora. Não importa se o sol já esfregou um olho ou não. Não interessa se é noite de lua cheia ou não. Aleluia para cá, aleluia para ali. Gritos, choros e outros estrondos.
Socorro…
Ou arranjem-nos uns apartamentos numa dessas novas torres que nascem como cogumelos pela cidade fora!