“A mulher de César não basta ser honesta, deve também parecer”, disse o pontífice máximo da religião estatal romana, Júlio César, quando se divorciou da esposa, Pompeia, no ano 62 do século I antes de Cristo.
A história reza que Júlio César não tinha nenhuma evidência de que o jovem Públio Pulcro tinha seduzido a sua esposa mas, mesmo assim, ele se separou dizendo que “minha esposa não deve estar nem sob suspeita”.
De facto, Bula-bulatambém não gosta nada de ter pulgas atrás da orelha, sobretudo quando o assunto é a gestão da coisa pública. Não dá para ver, ouvir e calar. Engolir em seco não é prática por aqui. O que vinga nesta área é pôr a boca no trombone.
Vem este intróito a propósito das instituições que parecem ter feito um pacto de silêncio perante vozes cada vez mais estridentes que se queixam da forma como gerem o seu quotidiano. São muitas as reclamações. Umas com conteúdo de arrepiar e outras que só dão para uma vibrante gargalhada, de tão pobres de conteúdo.
Em alguns casos, diz-se que o relacionamento entre os funcionários e os corpos directivos é simplesmente penoso, noutros, diz-se que é de cortar à faca. E o caos que se instala. Porque as redes sociais estão à mão de semear, basta uns megabytes, colhem-se imagens da papelada, incluindo recibos, cheques, páginas de relatórios, actas, enfim, e põe-se tudo cá para fora. Mas, mesmo assim, ninguém reage, como quem diz: “Que falem, vão se cansar e calar”.
Casos destes se repetem um pouco por todo o lado. A imprensa investe numa busca incansável, porém, inglória de respostas.
Nos casos mais aberrantes, surgem daqueles assessores com um sorriso igual ao das hospedeiras na travessia de lugares de forte turbulência, que pedem o questionário e prometem voltar ao contacto em breve. Depois disso, podes ir pescar que o assunto morreu na certa.