Bula-bula não mete a sua foice em seara alheia. Mas, nos tempos que correm é a seara que vem à foice e se torna difícil ficar calado perante tanta incúria. Mas, vamos por partes e bem devagar que o ano mal começou.
Nestes primeiros instantes de 2024, Bula-bula tem andado a reflectir sobre o que fazer para que cesse o derramamento de sangue nas nossas estradas. Só no primeiro semestre do ano passado, pelo menos 400 pessoas perderam a vida em situações dramáticas de choques frontais entre carros, despistes cinematográficos, entre outros.
O balanço do ano deve ser muito mais assombroso e, entre um choque e outro, sobram mortos, feridos (alguns com deficiência permanente), órfãs, viúvas, enfim. Desfazem-se projectos de vida.
Nalguns casos, os promotores directos da chacina são os automobilistas que se envolvem em largas sessões de bebedeira antes de se fazerem ao volante e à estrada. É a velha mania de pensar que “eu conduzo melhor quando estou guft”.
Outros nem precisam estar alcoolizados. Com toda a lucidez que um ser humano pode ter, fazem gincanas de bradar aos céus, ultrapassando pela esquerda para depois contornar para a direita. Há ainda aqueles que se acham uns Chico-espertos. Não estão para aturar filas em engarrafamentos. Vão pela contra-mão cheios de razão. Quem vem no sentido oposto é um vê se te avias.
O mais caricato é que comportamentos libertinos nas estradas nem sempre vem do Zé Povinho, esse que até evita usar a sua bicicleta em estradas urbanas porque a sua vida pode estar em total risco de findar e ao virar da esquina.
É sabido que não é qualquer um que possui uma Carta de Condução de tipo Profissional e de Serviço Público. Aliás, quem a tem sabe que lhe é exigida mestria e cautela nos movimentos na via pública.
Ao ver como alguns chefes de família se fazerem às estradas, convencidos de que são semi-deuses, capazes de fazer e desfazer na ingénua convicção de que a desgraça só bate à porta alheia, Bula- -bula fica com a impressão de que alguns tiram as Cartas de Condução à Hora do Diabo. Bem, bem, bem… nem é sensação. Cheira a verdade.
Que levante a mão aquele que nunca experimentou a sensação de ser literalmente abalroado por um transporte semi-colectivo, por um autocarro de Transporte Público Urbano, ou por um camião de longo curso.
Depois, sabe bula-bula, há uns maladrinhos que conseguem licença de condução à maneira. Fartam-se de faltar as aulas teóricas mas ainda assim no exame teórico arrancam um estrondoso 20 valores.
Moral da estória: alguns passam sempre pelas mesmas ruas e avenidas porque essa coisa de Código de Estrada não é com eles. Ainda bem que já há camiões, machimbombos e tractores ….automáticos. É só acelerar e travar. O avanço tecnológico às vezes nos embrutece.
Decididamente há quem tira a Carta de Condução à meia noite, ou melhor, à sua maneira. (x)