Bula-bula respeita os mortos. Até porque em África uma pessoa não morre de todo. Transita de um estado para o outro, em que passa a cuidar, escudado nas sombras, da vida dos vivos.
Ele, o morto, interfere de forma soberana no destino dos que ainda vegetam por este mundo. Há quem até consiga falar com os seus. Assim, por assim, merecem todo o nosso respeito.
Mas há quem entende que isso de morte não é assunto sério – se calhar já habituado a tantas carnificinas – e vai daí que se divirta com o ainda actual tema das valas comuns em Sofala e Manica. Primeiro os que anunciaram a existência da vala com 120 corpos e depois os que sabem que a mesma está localizada a escassos quilómetros do local onde a “Comissão Parlamentar desistiu da busca”.
Queremos acreditar que todos os homens de boa vontade querem saber se existe de facto ou não a tal vala… mas parece que até agora o que interessa é a discussão à volta do conceito de vala! Uns defendem que bastam 2 corpos para se ter uma vala comum. Outros, mais apaixonados pelas matemáticas, dizem que vala só quando se tem mais de 10 corpos. Em que é que ficamos? Talvez a definição de um nosso amigoque se ficou pelo seguinte: vala comum é quando há muitos corpos… agora quando são três, é uma cova!
O que intriga é que haja tanta gente a dizer que sabe das valas, mas ninguém se digna mostrar. Muchanga disse a plenos pulmões que “voltaram quando já só faltavam três quilómetros para o local da vala comum”. Afinal alguém sabe da vala. Então porquê – a bem da verdade – não indica o local?
Há milhões de moçambicanos e de pessoas noutros quadrantes que querem ver este assunto esclarecido. Pelos vistos, não era preciso gastar-se muito dinheiro com Comissões de Inquérito e quejandos. Bastava o António Muchanga ir lá mostrar… ele e o Botequilha que reiterou a veracidade da história!
Nesta confusão toda, como diria um certo sabichão, entre mortos e feridos vão sobreviver os vivos!