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Há gajos que mancham a classe

Por Idnórcio Muchanga

Toda a maldade começa em algo verdadeiramente inocente (Ernest Hemingway); a frase sintetiza o sentimento que germinou na alma de Bula-bula depois de ver um vídeo onde um agente da (des) Ordem e Lei faz exactamente aquilo que não deve.

Não se sabe – ou pelo menos Bula-bula nem de longe imagina – o que terão feito aqueles dois coitados (coitados por causa da presunção de inocência); mas, pelas histórias que nos chegam todos os dias, alguma coisa devem ter aprontado.

Pois bem – independentemente das razões que os levaram a serem detidos ou retidos pela Polícia –, os dois miúdos devem estar arrependidos de morte. Literalmente. É que foram submetidos a um tratamento de choque quanto humilhante… e, pelo que se percebe no referido vídeo, a ideia daqueles dois agentes (dá para ouvir as risadas sarcásticas do sujeito que filma a cena) é mesmo essa, humilhar.

E conseguem-no de forma vil, hedionda e assustadora: o polícia obriga os dois jovens a beijarem-se. Fá-lo com um sadismo arrepiante. Entre risadas e golpes de chamboco, obriga- -os a oscularem-se… percebe-se o desconforto dos coitados. Não é praia deles… e mesmo que fosse, não é suposto um agente da Lei e Ordem espancar os detidos e obrigá-los a actos “deselegantes”… e não há nada de homofobia aqui; ainda por cima, vivemos com o espectro do novo coronavírus à espreita.

Bula-bula ficou triste e indignado mesmo com aquele vídeo, justamente por se tratar de um polícia que tem, de entre várias obrigações, a missão de proteger, educar a população e não a submeter a situações humilhantes, como aquela. O mais grave é que não é a primeira vez que este tipo de coisa acontece e, geralmente, vem daqueles que supostamente deviam socorrer o pacato cidadão.

Noutra mão apetece perguntar que mania é essa de filmar situações caricatas da população para depois colocá-las nas redes sociais? É ridículo e repugnante em todos os aspectos. E tem sido comum surgirem vídeos de situações degradantes que, volta e meia, são postados nas redes sociais. Cadê a empatia pelo outro ser humano?

Em relação ao vídeo, Bula-Bula espera sinceramente ver nos noticiários que os autores estão a ser investigados e devidamente castigados que é para o povo voltar a acreditar na nossa Polícia… e que estes – as provas são mais do que evidentes – sirvam de exemplo para que situações do género não sejam normalizadas.

Foto: Carlos Uqueio

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