Esta semana foi farta em mensagens e contra-mensagens à volta da propalada greve dos médicos, agora, ao que se anuncia, marcada para amanhã, com tons duma certa arrogância
da parte de quem a lidera. A Bula Bula chegaram informações de que desde Outubro do ano transacto, o jovem médico e presidente da Associação Médica de Moçambique (AMM), Jorge Alexandre Harrison Arroz, que, ao que consta é funcionário duma instituição norte-americana, denominada ITEEK, ligada à USAID, tem vindo a multiplicar apelos à greve dos médicos, quer via SMS, quer por internet, alegadamente para pressionar o Governo a aumentar o salário daquela classe.
Entretanto, quer o Ministério da Saúde (MISAU) quanto o Ministério das Finanças e outras instituições afins já deixaram claro que o processo de alteração salarial está em curso e irá ocorrer em conformidade com aquilo que é a situação económica-financeira do país e tendo em atenção outras áreas do funcionalismo público que não são menos importantes que esta classe, não obstante o reconhecimento que há da função da classe médica.
A este respeito, Bula Bula foi contactado por alguns médicos que se distanciam desta atitude grevista, afirmando que quando o ilustre presidente da AMM apela à greve por causa do salário, quer dizer, por outras palavras, que o pacato povo não tem qualquer valor, pois a maioria vive com um dólar americano por dia. Mas sim, o dinheiro dos médicos é que tem valor, numa classe, onde o salário mínimo está acima de 20 mil meticais/mês.
Por outro lado, os médicos que contactaram o Bula defendem que se dê tempo ao Governo para se organizar com base numa negociação séria e realística. Revelaram que o jovem médico revela pressa e está a ser alvo de manipulações de alguns “colossos” da profissão que já deviam ter reformado há mais de 20 anos, mas que ainda continuam no Serviço Nacional de Saúde (SNS). “Este miúdo, para além de outros sectores, é agitado, curiosamente, por indivíduos que já foram ministros do sector no período pós-independência, e que fizeram ali pouco em benefício da classe, mas que agora usam a capa de conselheiros da AMM” – alertaram as fontes do Bula.
Denunciaram que o objectivo último destes “aconselhamentos” é de permitir que alguns destes “colossos” venham a ocupar o cargo de bastonário da Ordem dos Médicos nacional, para além de quererem colocar a população moçambicana contra o seu Governo.
Recordaram que esta atitude não é nova, pois há cerca de três anos, o Dr. Ivo Garrido, quando Ministro da Saúde, foi pressionado para admitir cerca de 20 pretensos médicos norte-americanos, ao que resistiu exigindo provas das qualificações, situação que viria depois a gorar com a intervenção da Ministra do Trabalho, Helena Taipo.
Apelaram para que os médicos não se deixem manipular por gente com agendas ocultas, permitam que o processo de revisão salarial em curso decorra normalmente e não se enverede pela greve sob o risco “de sermos mal vistos pelo povo a quem servimos e está em primeiro lugar, honrando o nosso juramento”.
Lembraram igualmente o exemplo abnegado dos médicos voluntários que trabalham no país e noutros países “que nem uma quinhenta recebem nem a exigem pelo seu valoroso trabalho que fazem juntos das comunidades”.