O galo pimpão é aquele que não mede esforços para fazer o seu canto audível. Faça chuva, frio ou calor, ele não se acanha. Pela madrugada, levanta a sua crista rija, sacode a pata, bate a asa e, das suas cordas vocais, feito Pavarotti, emite um co-co-ri-cóóóó. É o seu fado madrugadista.
Assim mesmo, sem apelo e nem agravo, alguém tido e achado como number one daquelas bandas de Nacala cantarolou que até fez emergir uma nascente de lágrimas.
As lamúrias tinham a ver com os resultados eleitorais. O dito cujo se borrifava por conta da derrota qualquerizante que recebeu na corrida à gestão capoerística.
Consumada a derrota, enveredou pelo incitamento à violência, qualquer coisa que se parece nato a um galo que cacareja ao amanhecer. Consequência, a justiça aplicou-lhe uma suspensão do cargo de líder da capoeira. Acto contínuo, seguiu o rumo do galináceo metido a violência, qualquer coisa que anda no ADN do “Perdigoto”.
No silêncio da noite, o galo machão transformou-se na perdiz e ludibriou alguns ovíparos penados, eriçando a crista e ajeitando o topete, como que a gozar de um direito exclusivo na capoeira do povão, encheu os pulmões e mobilizou os eleitores da urbe onde atracam os navios no Norte a não participarem na repetição do escrutínio da capoeira.
Assim, decidiu em seguida encher o papo de milho, dando bicadas à torta e à direita e emitindo um flamejante co-co-ri-cóóó, instigando o eleitorado nos seguintes termos: “os membros da minha capoeira não vão participar na repetição da votação, mas vão atrapalhar”.
Acossado a uma prisão na capoeira, o seu canto madrugador baixou de tom para o modo piano. Mas que não haja dúvidas, Raúl Novinte é Prémio Galaroz Urnas e a distinção assenta-lhe que nem uma luva. A continuar assim, é bem capaz de repetir tal façanha em 2028. Que galo!