Mudam-se os tempos, mudam as vontades. O ditado está carcomido de tanto uso, mas continua actual. Podemos, em jeito de brincadeira, buscar vários exemplos para cimentar o que diz o velho ditado, mas isso pode esperar até porque 2018 já nem está tão longe assim…
Há alguns meses, uma instituição existente há anos saltou para as primeiras páginas dos jornais e abriu noticiários televisivos e radiofónicos. Trata-se da Inspecção Nacional de Actividades Económicas (INAE) que, na prossecução das suas obrigações, fez um trabalho assinalável ao levantar o véu a muitas casas de pasto e revelar a calamidade que se escondia nos seus bastidores. Foi uma lufada de ar fresco e ajudou a melhorar as condições sanitárias de vários restaurantes, padarias, fábricas de alimentos, etc. Muito bom… deve continuar nessa toada para o bem de todo o mundo. Mas há que ter cuidado para não se meter os pés pelas mãos.
Sucede que há dias Bula-bula – que também é filho de Deus – escalou a linda e revigorante Ponta d’Ouro. Praia de águas límpidas e quentes. Convidativas. Aquelas águas quase suplicam para que o veraneante dê um mergulho.
Pois nessa ida à Ponta d’Ouro Bula-bula testemunhou um episódio digno de registo e conta-o em duas cantigas: como é de esperar, por estas alturas aportam pelas praias do nosso lindo país muitos turistas. É altura dos provedores de serviços de hotelaria e de restauro amealharem alguns cobres. É justo… mas dizia, estando a bebericar uma água, vê um grupo de turistas – talvez uns 60 – a entrarem e ocuparem literalmente quase todas as mesas. As garçonetes meteram turbo para atender à demanda. Pedidos vários ao mesmo tempo que quando a fome aperta, a paciência sai por uma janela.
Toca a correr. Bula-bula vê tudo por um olho enquanto o outro está preso ao telefone por causa das mensagens de “boas festas”, fofocas e outras inverdades baseadas em factos mais ou menos reais. E foi mesmo nesse instante que o “tsunami” aconteceu… até parecia algo encomendado.
É que naquela azáfama de servir bebidas enquanto a cozinha avia as refeições, entra restaurante adentro uma força – delta com uma missão clara: fazer uma inspeção sanitária ao restaurante. Bula-bula estranhou.
A ideia não é estar contra a inspecção – até porque faz sentido vistoriar os serviços – mas o que faz confusão é o facto de terem esperado pela chegada daquele grupo de turistas para entrarem. Ninguém os viu em nenhum outro restaurante ali perto. Eles foram mesmo directos para ali minutos depois dos turistas chegarem.
Não se pode fazer julgamentos antecipados, mas alguma coisa não esteve bem. Dizem que há uma nova administração sanitária na Ponta d’Ouro. Fresquinha. Quererá mostrar serviços? Se sim, optimo, mas há que afinar os métodos.
Aquilo foi um vê se te avias. Literalmente queriam interromper os trabalhos. Mandaram para as serventes com as bebidas nas mãos. Pára tudo! Queremos ver a cozinha e entrevistar os trabalhadores, conclamaram para desgosto dos turistas que imaginaram o início de uma qualquer confusão. Alguns levantaram-se e ensaiaram subtis retiradas.
Bula-bulaestá a favor das inspecções, mas convenhamos… felizmente, acalmados os nervos, entraram cozinha adentro e saíram cabisbaixos. Não viram nada que configurasse uma violação dos termos sanitários. Dali sumiram… não foram vistos a entrar noutras casas de pasto ali perto.