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Eu, Bula-bula, fui apalpado!

Por admin

Como manda o figurino, Bula-bula, sexta-feira última, foi às compras no supermercado Hiper-Maputo. Mas a decisão, infelizmente, revelou-se de todo madrasta. Mas vamos por partes… Animado, Bula-bula foi apreciando tranquilamente os produtos ali expostos.

 O ar condicionado convidada a não precipitação. E começou a colecta: pasta dentífrica, listerin, escova de dentes, tudo criteriosamente escolhido e tendo o cuidado com os prazos de validade, não fosse o diabo tecê-las. Tão atarefado estava o Bula-bula que não se apercebeu que um zeloso segurança do Hiper Maputo estava de olho nele.

Depois de pagar os produtos, Bula-bula foi interpelado pelo segurança: “Senhor, podemos conversar consigo”? Anuímos. “Não aqui.”, Acrescenta o bom do segurança. Está vestido a paisana. Parecia mais um cliente do que um robot “anti-roubos”. Afinal não era para conversa nenhuma. Era para uma sessão apalpadelas.

Bula-bulasente as mãos do segurança, vagarosamente, a percorrerem-lhe o corpo. Pernas, quadris, tronco: barriga e peito. E eis que voltam a subir. Pernas, quadris, e…agora, incrível, órgãos genitais, meu Deus! Bula-bula quase desmaia. Cadê o pudor? Cadê os Direitos Humanos e de procriação?

Entre pasmado e atónito Bula-bula questionou respeitosamente: “Mas porquê, tudo isto?”. A resposta sai rápida da boca do segurança. “Porque através dos nossos monitores (câmara de vigilância) vimos o senhor a mexer em múltiplos artigos”.

Jesus!

Mesmo com as supostas câmaras de vigilância, ele não acreditou que não tivéssemos extraviado qualquer artigo. O ambiente azeda. Bula bula protesta. Não há direito. Onde já se viu tal coisa? Então as câmaras de vigilância não foram montadas exactamente para evitar andar a revistar os clintes? O segurança não desarma. Havia, na sua óptica razões bastantes para a suspeita entretanto frustrada. O segurança, mesmo com a certeza de que não houve crime, recusa-se a admitir a sua falta de pontaria. Bula bula chama por socorro…

O apoio chega sob forma de um gigante de máquina fotográfica a tiracolo. Temos perguntas para lhe colocar. Fazemos-lhe a primeira. Apontamos-lhe a máquina fotográfica. E…o nosso zeloso segurança vira Hulk. Atira-se ao repórter fotográfico. Em esforço procura a todo custo arrancar-lhe a máquina. Ele ataque. O nosso homem defende-se. Uff…ufff. O segurança exibe sinais de fadiga. Já há vozes exaltadas. Tal e qual numa partida de futebol quando o árbitro “mete água”.

O segurança ensaia um segundo round. Investe com todas as energias que ainda lhe sobram. Atira-se ao colarinho do irmão da máquina. Zero. O amigo de Bula-bula é um peso-pesado. Mais de cem quilos de gente. Agora a bagunça é total. Vive-se autêntico vuku vuku. “Hê, hê. Hê. O que é que se passa aqui?”. Ninguém ouve ninguém. Aquilo está igual a um dumba-nengue de venda de discos. Cada um toca a sua música. Os clientes estão estarrecidos. Jamais tinham visto coisa igual.

Num ápice nascem mediadores e acaba-se numa mesa que devia ser redonda e de diálogo. Debalde. O zeloso segurança nem desculpas é capaz de pedir. Bula-bula, irritadíssimo, abandona o palco com um monólogo entre os dentes. “ Paguei e ainda fui apalpado. Paguei e ainda fui apalpado. Paguei e ainda fui apalpado”. Quantas pessoas já terão passado por igual humilhação?

Bula-bula registou a cara do zeloso segurança… e alerta: cuidado que ele gosta de apalpar!

 

 

 

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