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Doze estudantes grávidas

Por admin

Bula-Bula gosta e não gosta de estatística. Bula-bula não gosta de estatística quando numa refeição familiar a quatro o pai e a mãe comem, em conjunto, dois frangos, e a estatística diz que cada membro do agregado familiar comeu meio frango, quando, na realidade, aos filhos coube apenas patinhas e pescoço. Bula-bula prefere a aritmética, porque dois mais dois é, sempre, igual a quatro. Não há invenção.

Como se não bastasse, a estatística tem coisas difíceis de perceber como tamanho da amostra, margem de erro, intervalo de confiança, média ponderada, desvio padrão, e, blá, blá, blá, blá. Muita ciência para fazer descarrilar os estudantes nos institutos e nas universidades e os chamados peritos em sondagens. Que o digam os ingleses. Pensavam que iriam permanecer na zona Euro e saiu-lhes o … Brexit. Grandes sondagens, sim senhor.

Claro que não é este, nem pode ser, o entendimento de economistas, matemáticos, investigadores, pesquisadores, engenheiros, biólogos, astrofísicos, pilotos, demógrafos, e companhia limitada. Para eles tudo ou quase tudo se resume a estatística.

Verdade como o céu ser azul é que a estatística é mesmo incontornável. Recorre-se a ela para projectar, com maior rigor, o número de escolas, hospitais, fontes de água para uma determinada população. Ora, é mesmo sobre a escola que pretendemos chafurdar.

Na Escola Secundária de Tete doze estudantes estão grávidas e, por força dessa infracção, vão ser transferidas para o curso nocturno, quer dizer para uma espécie de reeducação para não transmitirem a “doença” às demais estudantes, cremos nós, maioritariamente adolescentes. Menos mal.

A coisa tresanda. Não está claro se os parceiros são jovens ou adultos; o que salta à vista é que boa parte dos “cônjuges” são também estudantes, logo quase “crianças”. Já se pode, a partir daí, imaginar o futuro dessas crianças (pais, mães e filhos)… afinal não é um exercício fácil criar um bebé e com a crise financeira que anda por aí à solta…

A história da dúzia grávida traz à memória a morte recente de uma adolescente que, em razão da sua frágil estrutura, não conseguiu dar à luz. Resultado: ela e o bebé pereceram.

São sinais que não deixam bula- bula cochilar…

Entretanto, a pulga que se colou na orelha de Bula-bula e não pára de provocar coceira é: doze estudantes grávidas?! Muito? Pouco? Maldita estatística. Não conhecemos o tamanho da amostra. Mas seja como for Bula-bula entende que algo está a falhar na educação sexual da(o)s adolescentes e jovens. Ou os pais não são suficientemente abertos para abordar o tema com os filhos ou eles próprios não sabem – sobretudo as mães – uma vez que há cada vez mais mães-crianças, os segredos da sexualidade ou as adolescentes e os jovens não são suficientemente fãs das palestras que são ministradas pelos jovens da Geração Biz e nos centros de saúde.

A estatística pode dizer que doze estudantes é uma gota no oceano, mas para Bula-bula, que vê aumentar o número de crianças sem eira nem beira em resultado de iniciação precoce da vida sexual e consequente gravidez indesejada, é uma enorme dor de cabeça.

Estarão os pais, professores, encarregados de educação, tias, tios, primas, avós atentos a esta síndrome? É verdade que neste largo Moçambique de quase 25 milhões de habitantes ainda há extensas áreas de terra por povoar mas…

 

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