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Adeus agiotas!

Por admin

A cidade de Maputo é um centro de negócios formais e informais, lícitos e ilícitos de toda a índole. Toda a gente sabe e, por isso, não é notícia. Vende-se do pão ao último grito de móveis e imóveis e, para a tristeza de todos, troca-se a vida humana por uns tostões, nos vergonhosos, sujos, fedorentos e esquizofrénicos sequestros.

Negócio para cá e para lá abundância e dinheiro para uns, estiagem para outros, eis que se cultivam como cogumelos os agiotas. Gente que te financia no momento de crise e que não perdoa na hora de cobrar. Acaba a amizade, desligam-se os telemóveis. Há lágrimas e ranger de dentes.

Em casos mais severos de desatino, uns e outros recorrem a gangs aquarteladas em mercados como o “Estrela” para recuperar o valor em dívida. Os cobradores têm até uma tabela de preços que variam consoante o montante a ser recuperado e o tipo de susto que se vai infringir ao devedor. É um submundo perverso como todo o submundo.

Mas, como o mundo de negócios funciona com temporadas, e a época dos agiotas parece ter chegado ao fim com a chegada de uma suposta empresa de origem chinesa que está a fazer o percurso contrário e à grande velocidade.

No lugar de emprestar dinheiro, a tal empresa chinesa, cujo nome ninguém conhece, aceita depósitos e paga juros de 30 por cento. Isso mesmo. Quem já lá esteve jura a pés juntos. Eles pagam 30 por cento do valor depositado. Anda até uma tabela de mão em mão. Por 100 mil depositados recebes mais 30 mil ao final do mês. Por 50 mil o lucro é de 15 mil e por ai em diante.

Como diz o velho adágio, “não há cidade que resista a um burro carregado de prata” e Maputo está vergada a este lucrativo negócio. Até empresários estão a canalizar os seus fundos à ilustre empresa chinesa na perspectiva de salvar a pele desta crise económica que está a desfigurar a economia.

Para ser parte deste negócio é preciso identificar um padrinho/madrinha que já tenha um vínculo. Ele é que vai formalizar a entrada do novato e, por isso, ao final do primeiro mês recebe 10 por cento do valor a que o novo cliente tem direito.

Mas, quando a esmola é muita, o pobre desconfia. E Bula Bula que anda meio falido até quis pegar nos últimos tostões para ver se fazia germinar os seus merecidos 30 por cento. Pena é que o site da empresa não funcione. Uma manha investida no tal www.umsap.com e, nicles.

Procuramos ver se o nome da empresa aparece em algum lugar e batemos com a testa. Não encontramos nenhum registo para a “Chine Finance Onion Alliance”. Assim mesmo. Depois percebemos que “Onion” tinha a ver com cebola em inglês. Depois pensamos, será que no final ninguém vai chorar como acontece a quem descasca cebola? É que, de facto, quando a esmola é assim tanta… há que torcer o nariz, franzir o sobreolho e coçar a nuca ao mesmo tempo… ou então cortar a cebola com a língua de fora!

 

 

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