Os grandes projectos, segundo alguns “iluminados”, têm – salvo raras excepções – seis fases: Entusiasmo; Desilusão; Pânico; Busca dos culpados; Punição dos inocentes; Glória aos não participantes.
Bula- bula, até bem pouco tempo, não pensava assim; pensava diferente. Julgava que os projectos obedeciam a outras lógicas. Mas isso era o que Bula- bula pensava. Agora, por força dos políticos cá do burgo, vê-se obrigado a concordar com a tese da desilusão, busca de culpados e glória aos não participantes. E agora acrescenta uma nova variante: Se alguma coisa pode dar errado, dará. E mais, dará errado da pior maneira, no pior momento e de modo que cause o maior dano possível…
Vem este filosofar na calha do que aconteceu com o ilustre vegetariano João Massango. Cidadão conhecido pelo seu ar fleumático e sorriso fácil. Amigo dos seus amigos. Bem… por estas altura, o bom do João deve estar a contar carneirinhos para apanhar sono porque depois de um encontro imediato de terceiro grau com uns tipos mal encarados – do qual resultou um rápido internamento no Hospital Central de Maputo para uma sutura aqui, uma injecção ali e outra massagem além, tal foi a esfrega – a sua mente deve estar cheia de bichos pavorosos.
E porquê o bonacheirão de Massango apanhou?
Bem há muitas teorias…
Uns dizem que “levou tareia” porque queria fazer uma manifestação pacífica; outros, que lhe chegaram a pele aos ossos por causa da “boca”; há ainda uns que juram que a sova foi encomendada por alguém do Partidão… são todas teorias… até porque há outros que juram que tudo foi invenção do próprio Massango. E dizem-no baseados no facto de que depois do referido espancamento, Massango, ao invés de ir ao hospital, ter dado antes uma entrevista a STV. Verdade, mentira?
O que é líquido é que tudo aconteceu depois de um bate-boca público entre o bom do Massango, o “Trabalhista” Miguel Mabote e Yaqub Sibinde. Tudo ali ao vivo e a cores na Miramar. Trocaram-se mimos bem pesados. Cobarde para aqui; lambe-bota para ali; irresponsável para cá, entre outros mimos.
Comadres brigarem é coisa que chama atenção. No caso, até a pouco tempo, os três mosqueteiros eram amigos numa associação chamada “Bloco da Oposição Construtiva”. Sibinde já veio a terreiro dizer que Massango é um extra-extra Oposição Construtiva. Massango também atira para cima, para baixo, em aparente legitima defesa!
Mas o que levou mesmo o Massango à boxes?
O estopim parece ser uma suposta manifestação pacífica que ele queria liderar. Chegou a fazer um pedido ao município em papel A4 sem timbre nem carimbo do seu partido mas com outras assinaturas e carimbos de algumas ONG´s que, desinteressadamente, apoiavam a marcha. A edilidade, prontamente, chumbou a petição e mandou o Vegetariano fazer as respectivas correcções…
No intervalo das correcções, as comadres zangaram-se e foram lavar as cuecas sujas na praça pública. Dai a sova foi só um passinho. Massango também foi chorar na praça pública. Encarregou-se de postar no Facebook as “provas” da sova. Postou outras tantas no leito hospitalar (dizia ele que estava no Hospital Central de Maputo mas os lençóis traziam a inscrição Hospital Geral José Macamo); se calhar uma manobra para despistar os espancadores de serviço!
A Lei de Murphy diz que se alguma coisa tem a mais remota chance de dar errada, certamente dará. Massango devia sabe-lo. Evitava dores lombares e tensão alta. É que essa coisa de marchas leva água no bico… sobretudo quando o vulgo não percebe se a ideia é fazer confusão para exigir alguma coisa ou é para exigir algo e depois fazer confusão.
Bula bula, correndo o risco de ser mal interpretado mas já metendo a colher, pergunta aos seus próprios botões como é que candidatos a dirigir uma Nação podem descer tão baixo? Se não conseguem resolver pacificamente um problemazito de pontos de vista daquele minúsculo tamanho, como podem dirigir um país ou um município?
Vale lembrar que nas últimas autarquias, o Massango também apareceu chorante reclamando um voto roubado; que não havia direito de lhe fazerem aquilo porque – jurava – tinha votado nele mesmo mas não havia jeito de se achar o seu voto!
Também vale lembrar que, há relativamente pouco tempo, o mesmo Massango e o Turbante Sibinde andavam de mãos dadas num projecto social denominado “Projecto família” virado para a área social. Também tinham na calha uma proposta da criação do chamado Governo da Unidade Nacional (GUN), num expediente que se diz ter dado entrada na Presidência da República. Parecia que remavam na mesma direcção e sentido. A questão é como é que fica a gestão desses projectos colectivos, agora que as comadres se zangaram?
Alguém devia ter avisado ao João que quando uma ferramenta cai no chão sempre rola para o canto mais inacessível da sala ou do quarto. A caminho do referido canto, a ferramenta acerta primeiro o seu dedão…