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Viver em Cape Town significa lutar sempre pelas oportunidades

Por admin

Ele faz parte dos moçambicanos que escalaram as terras do rand, África do Sul, em busca da outra forma de viver. O viver pela música e da música. De estatura baixa, cabelo grisalho, olhar

 inocente, faz das suas mãos, a arte e forma de viver. Seu nome é John Hassan. O percussionista, o baterista.

 

Encontrámo-lo em Cape Town, onde reside e trabalha. Vímo-lo actuar dois dias antes do Festival Internacional de Cape Town, em uma casa de pasto, requintada e concorrida por gente que gosta de comer bem e ouvir um bom som. Pretendemos saber um pouco mais sobre a sua vida social, artística, por isso, roubámo-lo alguns minutos para uma breve conversa.

 

Fale-nos de John Hassan. Quem é? Onde nasceu? Em que ano? Quantos irmãos?

John Hassan nasceu em Moçambique, na antiga cidade  Lourenço Marques, hoje Maputo. Isso foi no ano 1965.  Em casa e quando miúdo sempre me chamaram Emídio.

Quando é que abraça a carreira musical?

Posso dizer que foi praticamente em miúdo. Pois já desde pequeno pressentia que a música ia ser parte da minha vida. Lembro-me que andava a tocar uns beats na mesa do jantar e com baterias feitas de caixas tocava e animava casamentos e festas de amigos. Era o início.

 

Em que ano foi….

Não posso especificar com clareza, mas foi na década oitenta.

Foi sempre um sonho ou mero acaso seguir a música?

Sonho não foi. Mas um desejo que fui alimentando. Comecei a levar a música a sério na década oitenta, como disse. Tocava  bateria com a banda ( Xigutsavuma com Salimo Mohamed).

 

Foi uma boa época. Chegaram a gravar algo?

 

Sim. Gravei algumas músicas com Xigutsavuma a tocar viola baixo no Estúdio da Rádio Moçambique. Comecei a tocar percussão na banda Mbila, com Costa Neto, Paito, Carlitos, César, Stewart.  Eram tempos de muita exigência. Estudávamos música de manhã e a tarde ensaiávamos na Organização da Juventude Moçambicana (OJM).

 

África do Sul. Como é que chegou lá?

Cheguei a África do Sul em 1987 com uma banda depop music da Swazilândia, depois do contracto juntei me a uma banda que nunca esperava tocar com ela, os Stimela and Ray Phiry.

Foi uma boa experiência…

Foi uma experiência gratificante. Outro nível.

 

GRAVEI MAIS DE CEM DISCOS

A  sua versatilidade em palco o torna visível, o que de certa forma faz com que seja convidado a fazer parte ou a acompanhar vários artistas.

Em quantos grupos trabalhou?

Trabalhei com a Miriam Makeba em quase toda parte do mundo onde ela passou no tempo em que estava no exílio. Também trabalhei com Regina Carter, Manu Dibango, Chuchu Valdez, Hugh Masekela, Carl Anderson, Band Toto, Moses Molelekwa, Andy Narrel, Johnny Clegg, Vhusi Mlhongo, Brenda Fasie, Jonathan Butler, Victor Ntoni, Bayete, Gito Baloy, Sipho Gumede, Simple Red. Sibongile Khumalo, Caiphus and Letta Mbuli. E muitos mais artistas.

 

Isso significa que gravou muitos discos….

 

 Gravei mais de 100 discos com artistas diferentes e de várias partes do mundo. Foi uma experiência interessante.

 

O       que aconteceu logo à chegada a terra do rand?

Trabalho. Cheguei à terra do rand já com um contrato para tocar no Casino com a banda da Swazilândia.

Loading Zone, Moreira Project, Jimmy Dludlu….em quantos grupos mais trabalhou?

Loading Zone, Moreira Project e  Jimmy Dludlu são projectos que vieram muito mais tarde. Eu já estava a chuchar o bife há bastante tempo. Muitos pensam que a minha carreira começou com Jimmy Dludlu, o que não corresponde a verdade. Jimmy gravou o primeiro álbum dez anos depois de eu estar na terra do Rand.

 

JOHNY HASSAN VAI LANÇAR SEU DISCO EM MOÇAMBIQUE

Depois de tanto trabalhar com outros músicos, John Hassan decidiu gravar seu próprio disco. Intitulado Hassan´adas, o disco tem ….. faixas e brevemente será lançado em Moçambique.

Depois de tanto tempo decidiu tirar seu disco a solo. Fale-nos de Hassan´adas.

Hassan’adas já era meu sonho de me expressar  sobre o que vivo, vejo e testemunho todos os dias. Faço esse relato através do ritmo, razão pela qual muitas músicas minhas não têm letra. Vou dizendo eu te amo; eu te gosto; nacu randza nkata.

Quando será lançado em Moçambique? E na África do Sul?

O disco já foi lançado na África do Sul e está nas lojas de música. Em Moçambique estou a ver se acerto com os promotores interessados para realizarmos um concerto de lançamento.

Já há um plano de promoção do disco?

Já estou a promover o disco aqui na África do Sul, onde é necessária. Contudo, vou promovê-lo em outras partes do mundo.

 

Quantos exemplares?

(Risos). Muitos exemplares.

 

Quem participa, de especial no disco?

Todos que participam no disco são especiais. São eles: Moreira Chonguiça, Lucas Khumalo, Bokani Dyer,  Kissangwa Jr., Nathan Carolus, Dj Rene, Buddy Wells, Orlando Venhereque,  Lwanda Gogwana.

 

Quem produziu seu disco?

O disco foi produzido e composto por mim, John Hassan, excepto a  música número 7 que foi feita por Kissangwa Jr.

 

Custou produzir o disco, visto ser uma pessoa bastante ocupada?

Não custou muito porque já tinha as músicas preparadas. Só comecei a fazer arranjos e enquadramentos.

 

Já pensa no outro disco?

Claramente que não penso em outro disco agora, pois este ainda está a gatinhar. O próximo disco gostaria que fosse ao vivo. O tempo dirá.

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