TEXTO DE NEYMA DE JESUS
Calou-se uma voz magnífica, potente, única… que carregava em forma de música poemas, metáforas, mensagens educativas, fortes, que muitas vezes, necessitavam de atenção ou grande capacidade de interpretação. Salimo Muhamad perdeu a vida na noite de quarta-feira, 7 de Agosto, no Hospital Central de Maputo, vítima de cancro pulmonar. Os seus restos mortais foram ontem cremados no Cemitério de Lhanguene.
Para o músico e também amigo Wazimbo, “é uma grande perda naturalmente, é menos um astro nas artes que vai deixar de fazer soar a sua voz, de transmitir os seus sentimentos como artista e as suas opiniões como pessoa”. Conta que foi um grande companheiro desde o início da sua carreira e, além de dor, o sentimento é também de dívida, porque conforme narra: “há um trabalho musical de 1970 que ele conhecia através dos ensaios, e sempre que nos encontrávamos perguntava-me por que eu não gravava, e eu dizia: ‘vou gravar’… fiquei a dever-lhe”.
Aniano Tamele considera a moçambicanidade como uma das características do trabalho de Muhamad, já que sua música era inconfundível, “ele era moçambicano genuíno, no xigubo que ele tocava e cantava, na marrabenta e na muthimba que fazia”. Fora isso, admira-o pela força que tinha para lutar pelos direitos dos músicos, dos artistas. “Ele era reguila, muito irrequieto, interventivo de forma muito forte, fosse em televisão, em conversa com dirigentes, fosse com outros artistas. Era muito duro nas suas abordagens, tinha convicção no que defendia”. Por isso, trata-se de uma perda enorme, pois “não é fácil termos alguém que lute com aquela coragem”. Leia mais…