O Ministro da Cultura e Turismo, Silva Dunduro afirmou na última quinta-feira, em Maputo, que a escritora Paulina Chiziane é uma criadora especial.
Dunduro classificou a escritora de especial aquando da cerimónia de homenagem feita pelo grupo SOICO, pela passagem dos sessenta anos de vida e vinte e cinco de carreira.
Paulina Chiziane: Uma vida. Uma obra. Um projecto, era o slogan do evento que juntou no Centro Cultural Universitário membros do governo, agentes e fazedores das artes e cultura, amigos e familiares.
“Paulina Chiziane é uma das figuras mais importantes das artes e culturas em Moçambique. Uma criadora especial que nasceu das raízes da mãe África”, classificou Silva Dunduro.
Durante a cerimónia de homenagem foi lançado o projecto África liberta-te, uma maneira que Paulina Chiziane encontrou para alertar a sociedade sobre a necessidade de o continente escrever e viver suas histórias , retomando o passado, vivendo o presente, traçando um futuro com brilho e sustentável.
“África liberta-te não é um gesto de desespero. Mas sim, um alerta para aceitar o global, mas a pensar o local, o nosso Chigubo, a nossa Timbila e todo mosaico que nos caracteriza”, disse Dunduro.
Daniel David, Presidente do Conselho de Administração do grupo SOICO, entidade que organizou a homenagem, disse: “ Paulina Chiziane é uma figura que muito nos orgulha. Reconhecemos o mérito das suas obras e seus livros que trazem uma prosa contagiante. A guerra, racismo, discriminação, são alguns dos temas em abordagem nas suas obras”.
Reconhecendo a importância da cultura, Daniel David frisou que “não se pode viver sem cultura. Sem ela não somos nada. Por isso, temos que valorizá-la”.
Visivelmente emocionada, Paulina Chiziane dirigiu-se à plateia agradecendo ao grupo SOICO e a todos os que se dignaram apoiar a iniciativa garantindo a sua materialização.
“Temos que escrever nossas histórias, reconhecendo os nossos profetas. Será que Eduardo Mondlane, Samora Machel que tanto fizeram por nós, não eram profetas? Os profetas são os outros! No passado éramos escravos, hoje somos Independentes e o que nos espera o amanhã?”, questiona Paulina Chiziane.
A escritora defende igualmente que o país esteve refém do colonialismo durante quinhentos anos. Por isso, precisamos de mais tempo para nos sentirmos libertos e independentes. “Foram quinhentos anos de colonização. Hoje temos quarenta de Independência. Ainda faltam-nos mais de quatrocentos anos para alcançarmos a Independência plena”.
A noite foi animada pela extraordinária declamação feita por Ana Magaia, actuações de Timbila Muzimba, Cheny Wa Guni, Stewart Sukuma, Sérgio Muiambo, Banda Kakana, Xixel, Companhia Nacional de Canto e Dança.
QUEM É PAULINA CHIZIANE?
Nascida a 4 de Junho de 1955, em Manjacaze, província de Gaza, Paulina Chiziane iniciou-se na Literatura publicando sua primeira obra, Balada de amor ao vento, em 1990. Daí, não mais parou. Publicou Ventos do Apocalipse (1993); O Sétimo juramento (2000), Niketche : Uma história de poligamia (2002); O alegre canto da perdiz (2008); As andorinhas (2009); Na mão de Deus (2013); Por quem vibram os tambores do além? (2013).
A nível de prémios, Paulina Chiziane conquistou em 2003, o prémio José Craveirinha, através da obra Niketche: uma história de poligamia.
Frederico Jamisse