O livro é documento dicotómico: narra um mito e descreve uma realidade. O mito de um ser que se apodera de mulheres durante a noite; e descreve as diferentes dimensões desse mito no quotidiano de uma família (e dos núcleos à sua volta) à beira de uma ria, o Chiveve.
O Mito
Bastante conhecido, revela a relação banta com o espiritual e o mágico. Um ser, masculino escolhe, persegue e possui uma mulher sempre que lhe apraz. A mulher que geralmente não consegue esconder a relação com o sobrenatural, revela ou é descoberta e fica casada com o sobrenatural e inacessível ao comum mortal.
Dizem que o amor (outro mito) tudo vence e o Romeu que se atrever a amar uma mulher possuída por este espírito deve seguir certos rituais para ter a sua Julieta como esposa.
A Realidade
A realidade descrita é a da pobreza omnipresente em todos os livros (capítulos) da obra, da canoa (“mwa’dhíya”, almadia); os “bhata kwíyos” (salteadores); o Nvúko e a tragédia que assombra a família de Sebastião; o Renascer de Maíngue; a Morte de Ndharíma; a Envolvente da Ria Chiveve; Maimuna, a Jovem Curandeira; o Profeta, o Preço da Arrogância de Mariano; a Visita de Sebastião à Maimuna; ao Retorno de Maíngue às Sombras; há uma árvore genealógica de desgraça que semeia e faz colher pobreza aos personagens do livro. Até porque tradicionalmente em ndau não há separação entre pobreza (“urômbo”) e a desgraça (“matômbo”) fazem as duas palavras uma frase bastante recorrente e refrão popular do lamento quotidiano: “urômbo no matômbo”. Leia mais…