Dimas anda desaparecido. O autor de “Txotxoloza”,tema do seu primeiro álbum, revelou ao domingo que não parou de cantar. Numa entrevista feita na sua residência, em Maputo, explicou que apesar de já não aparecer muito nos palcos continua a realizar shows em algumas casas nocturnas e noutros eventos culturais de relevo.
“Não pretendo nunca deixar de cantar. Se não for por morte a interromper-me o percurso, nunca irei abandonar esta arte. Sinto-me satisfeito quando canto”,disse Dimas.
E explicou: “se ainda não tenho lançado meu segundo álbum é por causa do tempo, que tem sido escasso para mim, pois tenho estado a dedicar-me ao trabalho de produtor. Até tenho já algumas músicas gravadas. Se calhar no final do ano passado teria divulgado, mas como não gosto de correr com as coisas, não fi-lo.”
O artista, nascido em Manhiça, está desde 2006 envolvido também com o empresariado. Ele está a dirigir a editora “Diamante Produções”, onde produz trabalho de alguns artistas da praça moçambicana. Segundo conta, tem também outra ocupação para além da editora, o que de certo modo não lhe dá muito tempo para estar a trabalhar em seu próprio álbum.
Entretanto, não descarta a possibilidade de no corrente ano levar ao mercado o seu segundo álbum, que preferiu não avançar muitos dados a seu respeito, pois, segundo conta, não pretende alimentar nos seus consumidores uma falsa esperança.
Dimas revelou-nos que na editora tem trabalhado com artista como Ivo Mahel, Félix Moya, João Bata, Pimpolhos, Aniceto Guibiça, Ondas de Manuel, entre outros.
A EDITORA COMO PROTESTO
No decurso da conversa, o nosso entrevistado segredou-nos que a ideia de ter uma editora não lhe surgira pelas condições financeiras, mas sim para protestar o facto de a classe de músicos moçambicanos ser sistematicamente desvalorizada pelas editoras.
Para o nosso interlocutor, as editoras moçambicanas não fazem um trabalho que chame a atenção dos fãs dos músicos. Apenas estão preocupados em lançar discos e ganhar dinheiro. “Criei essa editora para protestar e mostrar como é que no mínimo o trabalho final dos músicos deve sair para que possa ser bem visto no mercado”, afirmou.
O músico acrescentou ainda que a fotografia e o número das faixas que são colocados nos discos não são suficientes. Para si, é necessário que as editoras procurem igualmente trazer os dados informativos sobre o artista que divulgam o seu disco, para que os consumidores saibam mais do mesmo. Assim sendo, sua guerra é tentar ajudar a influenciar a mudança desse cenário.
“E tentando fazer um balanço desse período que estou nesse mundo, sinto que o meu trabalho difere-se dos outros, no sentido de estarmos a tentar trazer no mínimo quatro páginas no disco para deixar as pessoas a saberem um pouco mais do artista que consomem, e ainda por apresentarmos uma melhor qualidade”,salientou.
“MÚSICA MOÇAMBICANA
ESTÁ A EVOLUIR”
Num outro desenvolvimento, Dimas avaliou o estado actual da música moçambicana. Para si, o país está num bom caminho pois há artistas que dedicam-se e preocupam-se com a qualidade do seu produto, para além de fazer dançar as famílias moçambicanas.
Dimas detesta a ideia da existência de músicos da velha e nova guarda, pois segundo refere essa é uma ideia criada por pessoas de má-fé para gerar incisão na classe destes. Afirma ainda que alguns artistas por vezes não fazem boa música porque as condições em que trabalham são muito críticas.
O artista, que tem uma enorme paixão por música soul, e que aprendeu a cantar através deste estilo musical, buscou alguns artistas como título de exemplo de bons fazedores de música: Félix Moya, a Banda Kakana, entre outros.
“Penso que a música moçambicana está mesmo a avançar. Há uma grande luta dos nos artistas no sentido de tentar dar o melhor. Agora no que concerne ao conteúdo musicais acredito também que se está a registar melhoria porque já é possível encontrar melodias feitas agora com boas mensagens”, referiu.
OS QUE DETÊM
PODER DEVEM DIALOGAR
Dimas teceu igualmente alguns comentários em torno dá situação actual da política-moçambicana. Ele considera que, ninguém quer novamente a guerra no país, dado que estávamos numa altura de recuperar o que as outras guerras destruíram e ainda a caminho de um desenvolvimento em quase todos os sectores.
“Acredito que podemos até cantar sim à paz, mas enquanto os que podem dizer sim à paz de facto não o fazem, não adianta,porque são eles que detêm armas para existir essa guerra, que sobe meu ponto de vista não há razões dela existir, rematou.
E foi mais longe ao afirmar que a pessoa que viveu a guerra e a deseja novamente é muito insana, porque não há razões para acontecer o que esta a acontecer.
Maria de Lurdes Cossa