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King Dilon: “Estou aqui!”

Por Jornal domingo

TEXTO DE CAROL BANZE E FOTOS DE JERÓNIMO MUIANGA

Após duas horas de um banho religiosamente tomado, apareceu na porta traseira da sua residência com um largo sorriso que lhe acendia o rosto e afirmou com a sua voz grave e vibrante: “Estou aqui!”. Esta era uma clara negação a “Xitlanwana tluku misaveni”, a confirmação de que “a aliança não está perdida”, após o susto que pregou há dias à sua família, aos seus amigos e fãs, ao ser acometido por uma grave crise respiratória. “King” Dilon da nossa marrabenta, como se apelida e dos seus fãs recebe a chancela, aqui está para acrescentar mais pontos à sua história que iniciou há décadas, várias décadas, marcadas de sucessos e reconhecimento que ultrapassam as fronteiras da terra que o viu nascer.

Das suas composições que cantam “Maria”, “Teresa” e “Angelina”, e não deixam de fora “Maria Rosa” e “Hilwe-wa-santi”, contam-se igualmente as que exaltam a terra, especialmente a sua: Marracuene.

Sobre mulheres, as mulheres da sua terra, perguntámos o porquê de tão preferida alusão, ao que respondeu: “As mulheres gostam de mim e eu gosto delas também”. Nesse momento da nossa conversa, Alice Macanana, a real dona do seu coração, desmanchou-se em risos, longe do ciúme e isenta da discórdia. A mulher de Dilon não revelou sequer mágoa por não ter a sua graça inscrita em alguma composição musical. O próprio artista, por seu turno, não denotou nenhum remorso, supostamente porque em uma das suas canções (“Sofala”) estabelece uma analogia entre a musa irreal e a sua escolhida de casa, apontando- -lhes alguns traços que as unem.

Ora, na sua estrada musical, contam-se vários e longos anos de primor nas artes e vigor nas actuações. Não fossem as armadilhas típicas da vida, o filho grato de Marracuene teria nestas linhas uma imaculada história por contar. Quem sabe, “se Deus quiser”, afirma o casal, às páginas coloridas se voltará num futuro breve.

Por ora, ele e a sua família andam às voltas desdobrando-se no pagamento de uma factura alta que a saúde lhes apresentou. A situação actual, em termos da sua saúde física, é encorajadora: “melhorou nos últimos dias, mas tinha adoecido de tal modo que teve de passar um dia inteiro no hospital, enquanto recebia tratamento médico”, disse a sua esposa. E, pelo andar da carruagem, há necessidade de intensificar o sinal de alerta, pois Dilon enfrenta também limitações no uso das suas cordas vocais: “Ele não consegue cantar por muito tempo”. Facto confirmado: ao iniciar com a equipa do domingo alguns versos das suas canções, a meio do caminho complementou o seu/ nosso “show” apenas gesticulando. Mas o seu encanto mantém-se e os seus olhos revelam o gosto que tem pelas artes musicais. Eles, os olhos, brilham a bem brilhar quando canta e quando “ouve” cantar. Ele, Dilon, chora… “chora também quando ajudo a completar os versos, nos momentos em que a sua voz não consegue avançar”, disse a sua companheira.

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