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Hotéis alimentam cultura

Por admin

Quando se está em Cuba, obrigatoriamente ouve-se música. Há bandas residentes que todas as noites, assim como ao longo do dia, vão tocando música cubana e do mundo para os hóspedes.

Pelos hotéis espalhados na cidade Havana não faltam grupos para cantar. É como se fosse um modus vivendi.

Os hotéis fazem um contributo inestimável para a cultura. Permitem que em suas paredes sejam expostas pinturas de diferentes artistas- quadros que são vendidos tanto para os apreciadores nacionais assim como para os estrangeiros.

A nível da música, facilitam a actuação das bandas, sendo umas residentes dos hotéis e outros como meros animadores. Há nos hotéis espaço para a divulgação da história através de livros. Vendem-se postais, livros de literatura e biografias de Ernesto Che Guevara, Fidel Castro, entre outras figuras de proa na história cubana.

Por exemplo, no histórico e monumental Hotel Nacional de Cuba, construído e inaugurado no dia 30 de Dezembro de 1930, há música ao vivo todos os dias. Há uma banda residente que começa a tocar às 19h00, prolongando até a uma hora, com alguns intervalos. As composições roçam de tudo um pouco, fazendo desfilar músicas de famosos como Buena Vista Social Club, Tom Jobim, Frank Sinatra, Glória Stefani, Nat King Cole, Alícia Keys, Sting,  entre outros, mas centradas na base rítmica de Cuba que prima pela percursão. Geralmente os ritmos não fogem dos tipicamente locais: Rumba, Salsa, Timba, Chácháchá.
Mesmo havendo banda residente, ao longo do dia, logo após o matabicho vários grupos, pelo menos quatro por dia, alternam-se circulando entre os  hóspedes do hotel para lhes dedicar uma ou duas músicas. Dependendo do hóspede, pode oferecer ao grupo (cinco a vinte Pesos Cubanos Conversíveis -CUC, o equivalente a cinco a vinte dólares. Pois, um CUC vale aproximadamente um dólar). Os grupos têm três ou quatro instrumentistas – um guitarrista, percussionista/vocalista, e um contra-baixista.
Uma das marcas destacáveis de todos os grupos cantantes é o de serem asseados. Uns vestem as goiabeiras (as famosas camisas balalaicas dos cubanos que os moçambicanos conhecem e vestiram durante anos). Outros actuam trajados de brancos e outros inclinados para o preto. Mas a mensagem é que dá gosto ver músicos cubanos cantarem. Primeiro pela sua eloquência na divulgação e promoção do cancioneiro popular cubano assim como pela organização, respeito e disciplina. Fica a lição de que um hotel não é apenas um lugar reservado a turistas ou realização conferências. Pode ser um catalizador das indústrias culturais e criativas.

Doravante, fora das portas reservadas aos turistas, Havana transpira de tanta música. Grupos diversos concentram-se junto a Marginal (avenida junto ao mar) e cantam para alegrar a vista e ouvido dos transeuntes. Os lugares que acolhem feiras diárias também promovem e vendem música cubana.
Algo de referência obrigatória quando se fala da música em Cuba é o facto de os donos, cubanos, serem realmente donos da sua música. Todos, mas quase todos, cantam com paixão e conhecem as letras. Isso significa que há algo profundo que os liga à cultura e respeitam seus hábitos e tradição.

DOIS ESPECTÁCULOS NUMA NOITE

Na última quinta-feira tivemos o privilégio de assistir a inauguração do espaço dos concertos musicais no Hotel Iberostar Parque Central. É um hotel magestoso e recente. Para dar início a noites calorosas, o Hotel escolheu Amadito Valdez – ícon dos Buena Vista Social Club, agora quase que reformado nas tournés do seu grupo mãe.

Amadito Valdez criou um grupo composto por jovens e senhores experimentados na música. Juan Carlos (vocalista), Yosmara Castaneda (viola e voz),Idánia Valdez (voz, é sua fila e actuou como convidada da noite. Segura de si, Idánia é uma promessa na música cubana. Aliás, ela já faz parte dos Buena Vista Social Club), Younit (saxofone e flauta), são parte dos músicos que compõem a bnda de Amadito Valdez.

Surge assim, mais um local para a promoção da música e artes de Cuba.

O segundo espectáculo da noite aconteceu no Salon Rojo, no Hotel Capri. É uma sala maior equipada e com sistema acústico de invejar. Era a noite de desfile dos jovens músicos cubanos que procuram espaço e afirmação. O concerto teve a honra de ser visto pelo empresário musical de Cuba, Nestorb Casonu, que é igualmente director do Kobalt Music –  Latino Americano.

Desfilaram em palco vários grupos mostrando as tendências musicais de um Cuba moderno que difere dos tradicionalistas Buena Vista Social Club, Irakere, Pablo Milanés, Perez Prado, Sílvio Rodriguez, entre outros.

Os primeiros a apresentarem-se em palco foram os jovens Mais com Menos (São progressivos, DJ percussão). Seguiu a joven Sheila Lee  que toca piano e está inclinada ao Jazz soul e com nfluências Alicia Keys. Seguiu o grupo  Michael de A'alma ( música pop com ). Depois entraram os D’Corazon, seguindo os Los Boys com um progressivo funk e mistura de Rock e hip hop. Tem influência de Prince e Jamiroquai. Foi depois anunciada a entrada em palco do DJ Unic que fez as misturas fazendo desfilar em palco dois dançarinos, uma cantora e o rapper Mr. Don. Para o fecho da noite foi escolhido o jovem Waldo Mendonza que mais seguro da voz e presença destacável em palco pôs a plateia do Salon Rojo em delírio. Era mais uma noite musical  de tantas que acontecem diariamente em Havana-Cuba.

Frederico Jamisse
frederico.jamisse@snoticicas.co.mz

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