POR LO-CHI
Ripando, aleatoriamente, a borda do livro, os meus dedos estacam e o meu olhar incide sobre a página 16 e encontro este parágrafo inicial: “Os nomes que recebemos ou atribuímos têm o dom de congelar circunstâncias, a magia de congeminar sonhos, configurar desassossegos, conjuras. Os nomes podem condicionar destinos. Nicoadala é um nome assim. Nasceu do desencontro de línguas e percepções.” Assim começa, o Almiro Lobo, uma das suas estórias “As maçanicas do senhor Namingano” deste livro, “Os bichos têm dono”.
Para além deste texto revelar um fenómeno típico de algumas localidades da Zambézia, nele, também demonstra uma capacidade de síntese descritiva impressionante, onde num parágrafo, o segundo, ele escarrapacha quase todo o processo histórico provincial, no seu essencial.
Uma das coisas que me impressiona no Almiro Lobo, olhando para aspectos estilísticos da sua escrita, é a naturalidade de associação ou percepção que evocam suas metáforas verbais, que nos faz redescobrir, que nos apraz, que nos encanta com a espontaneidade deslumbrante e uma graça sugestiva que nos leva a um deleite extático. Leia mais…