Énia Wa Ka Lipanga é como é conhecida. Entretanto, foi baptizada Énia Stela Lipanga. Nasceu em Maputo e cresceu no bairro Luís Cabral, ao lado da sua mãe, Cacilda Guibunda, e seus sete irmãos. O seu pai, Armindo Maurício, passava mais tempo na África do Sul, onde trabalhava. Énia lança, dia 12 de Novembro próximo, “Para enxugar as Nódoas dos Meus Olhos”, em cerimónia a ter lugar no Centro Cultural Brasil- -Moçambique (CCBM), pelas 18.00 horas. Sara Jona fará a apresentação do livro.
Autora do primeiro livro “bilingue” (braille e tinta) de poesia – “Sonolência e Alguns Rabiscos” – agora brinda-nos com a obra “Para enxugar as Nódoas dos Meus Olhos”, pela editora Gala-Gala, um livro que exprime momentos nostálgicos de uma mulher que precisa de reinventar-se face às dores da alma. Há, neste livro, algo de biográfico, constatação a que a autora não procura fugir.
“Comecei a escrever em 2017 num momento turbulento e confesso que há muitas lágrimas da Énia envolvidas de tal sorte que os leitores poderão encontrar-me. Passei por momentos depressivos como ser humano, mas, sobretudo, como mulher”, confessa a autora.
Acrescenta que não é fácil ser mulher tendo muitas batalhas diárias por travar. “Escrevo para sobreviver e tentar atenuar a dor. A escrita nunca será um curativo para as feridas, mas é uma forma de exprimir o que dói, apesar das lágrimas voltarem toda vez que revisito os meus textos deste livro em particular”.
Dividido em três partes, o livro oferece uma viagem por várias dimensões da condição humana, mergulha no mais profundo dos sentimentos “contraditórios”, mas também dá um ar de esperança de um dia melhor. Sobre esta tridimensionalidade, Énia Wa Ka Lipanga justifica-se assim: “Tem uma primeira parte que retrata a espera. A espera por algum amparo ou limpador de lágrimas; uma esperança de que tal possa acontecer imediatamente, uma busca interminável pelo sossego. Na segunda, que dá título ao livro, tenho textos sobre o autoconsolo; sobre o amor, sobre cuidar melhor das minhas feridas sem esperar por ninguém. E a terceira parte representa a aliança comigo mesma e a abertura de novos horizontes”. Leia mais…
Texto de Belmiro Adamugy
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