Se não deres valor às tuas coisas, ninguém o fará por ti.
Cada dia que passa, dou por mim contemplando e observando os cenários que acontecem ao nosso redor. Vejo gente que parece ter desistido da vida, ter perdido o prazer de ver e fazer coisas boas. Fica-se com a impressão de que o belo nos constrange, cria o mal estar em nós.
Triste é ver a imensidão das coisas bonitas que criam brilho nas nossas cidades, localidades, bairros e, consequentemente fazem brilhar os nossos rostos.
1. Semáfaros. Esta deve ser uma das desgraças sem igual. Não se percebe como tantos semáfaros pararam de funcionar, em simultâneo e em tão pouco tempo. Uns pararam simplesmente porque houve corte de energia e algo queimou. Outros semáfaros foram deitados abaixo pelos automobilistas cuja tipologia não me ocorre mencionar neste restrito espaço. Pois, há motoristas e Motoristas, nestas cidades (Maputo e Matola). O mais caricato nisso é que um dia, como contava um amigo, houve acidente em uma das avenidas famosas. O Polícia Trânsito veio autuar exigindo documentos aos dois motoristas envolvidos. Fez os devidos traços para apurar a veracidade da culpa. Contudo, nada fez em relação ao semáfaro e em nenhum momento demonstrou preocupação por aquele elemento sinalizador e regulador de trânsito que havia sido deitado abaixo, na sequência do acidente.
2. Despejar a água em frente a nossa banca. Vezes sem conta assistimos as senhoras que vendem à berma das estradas, despejarem água suja a escassos metros do lugar onde elas estão sentadas. Por vezes a água é despejada no espaço que separa os vendedores do lado esquerdo dos do direito, e, no local onde o cliente passa, pára para apreciar os produtos à venda. A água pode ser limpa assim como suja dependendo do produto que se vende. Se for peixe ou carne, já se imagina a imundice que isso traz.
3. Retirar grelhas de água na estrada para vender. As estradas têm grelhas e tampas de drenagem/saneamento que permite o escuamento das águas. Em alguns casos, as grelhas cobrem o pavé e os carros passam por cima destas. Doravante, porque tão belo é passar pelas grelhas sem complicações nem gincanas, há quem retira e vai pesar para ganhar algum dinheiro. Quando isso acontece, os automobilistas têm dificuldades imensas de usar a estrada.
4. Atirar a casca de banana nas escadas. Difícil é perceber como é que uma pessoa adulta pode descascar uma banana e comer, descendo as escadas, para em seguida lançar a casca nas escadas. Certamente que um outro inquilino e/ou visitante, poderá, distraído ou sem visibilidade ( já que muitos dos nossos prédios andam com as escadas às escuras por recusa de alguns moradores, em contribuir na taxa da energia do prédio), pisar na casca de banana e escorregar. Mas há também o caso dos pais que dão uma banana ao filho que é menor. Este sai, com a permissão dos pais, com a banana, para comer nas escadas. Claro, mal acabe de comer a banana, a casca fica ali mesmo nas escadas. Correndo o menino, o risco de ser ele a cair sobre a casca, quando de regresso à casa.
5. Despejar água pelas traseiras do prédio.Normalmente e sem preconceito nem peso de consciência há gente que ciclicamente despeja água pelas traseiras dos prédios. Resultado: putrefação de alguns objectos lá existentes, danificação da parede do prédio, ocorrência de probabilidade de curto circuitos, imundice no prédio e maus odores pela água concentrada.
6. Outros.Estes são alguns dos exemplos do que fazemos todos os dias prejudicando a nós próprios, aos próximos e ao bem estar dos nossos filhos e netos. Será que custa sermos modelo de vivência em nossas casas, prédios, ruas, bairros, locais de trabalho? Custa preservar o que é belo…o que nos faz bem!
Como diz o meu colega, Belmiro Adamugy, A malta não gosta de coisas boas.