A música começa. Nélia Flora, moçambicana, entra em transe. Num místico de elegância e sensualidade ondula seu corpo do quadril ao tronco, dos braços às mãos. Depois faz tremidos e batidos a barriga. A sua cabeça também segue o ritmo, aliás todo seu corpo vibra conforme a música decorre. É interessante. As pessoas gostam.
Nélia está em palco, na cidade de Maputo. Apresenta a Raks Shark ou a dança do Ventre, como é sobejamente conhecida. Uma manifestação artística que tende a ganhar simpatizantes no país.
A dança do Ventre surgiu no Norte de África. Consta que, os
primeiros relatos da dança foram feitos por volta de 1798, quando pesquisadores e soldados da tropa de Napoleão entraram no Egipto, com a ocupação francesa, e ficaram fascinados pela Raks Shark. Foram eles que criaram a expressão “Dance du Ventre”, ao verem as mulheres mostrarem seu ventre e fazerem movimentações sinuosas, ondulatórias e vibrantes.
Notando o crescimento da dança e grande aceitação na Europa, as dançarinas decidiram sair do oriente, em busca de trabalho, o que fez com que a dança do ventre se popularizasse no mundo.
Nélia Flora, 29 anos, iniciou-se nesta dança ainda criança. A cantora Shakira e a badalada telenovela O´clone, exibida num dos canais de televisão nacional, foram as suas inspirações. Sem saber onde podia fazer uma formação, começou os primeiros passos sozinha. Aprendeu, inicialmente, a fazer vibrar a barriga, os braços e depois as outras partes do corpo. Leia mais…
Texto de Maria de lurdes Cossa