O governo cubano manifestou total interesse em reforçar, de forma imediata, o seu apoio ao nosso país em matérias de saúde através da instalação de uma indústria farmacêutica e um centro de pesquisas. Conforme o anúncio feito, este investimento seria direcionado para a erradicação das doenças infecciosas e para fazer face às doenças não transmissíveis como a diabetes e cancros.
A pretensão do governo cubano foi feita pelo responsável do Departamento de Produtos Estratégicos e Programas do Governo, Manuel Raíces Pérez-Castaneda, no decurso da visita que o Chefe de Estado, Filipe Nyusi, efectou ao Centro de Engenharia Genética e de Biotecnologia de Cuba, na sexta-feira passada.
Segundo Manuel Raíces, este centro existe há cerca de 30 anos e possui uma larga e bem-sucedida experiência em pesquisas e produção de medicamentos que são comercializados em mais de 40 países. “O centro começou a funcionar com seis cientistas e tinha o objectivo de encontrar soluções para uma eventual eclosão de uma epidemia de dengue”, disse.
Passados 30 anos, a instituição alargou o seu âmbito e possui 31 unidades de pesquisa, mais de 60 instalações de produção, tem 19.900 trabalhadores, 6126 académicos, 9952 técnicos, 6450 operadores e duas fábricas de medicamento.
“O centro funciona em ciclo fechado que levou 12 anos a ser consolidado e a mentalidade que nos incutimos a nós mesmos é que os doentes não são clientes mas, sim, um problema que devemos resolver”, frisou.
Mais adiante, um dos executivos deste centro explicou ao Presidente Nyusi e sua comitiva que a componente de biotecnologias desta instituição é uma das maiores do mundo e tem tecnologias de ponta e assegurou que os medicamentos ali produzidos “são bons e certificados”.
Como prova da eficácia das soluções que aqui são feitas, foi revelado que Cuba é o único país tropical que presentemente não tem nenhum registo de doenças tropicais. “Somos produtores de 33 vacinas contra doenças infeciosas, 33 produtos oncológicos e de 19 produtos para problemas cardiovasculares”, disse.
Para lograr estes êxitos, o governo cubano tem programas de orientação dos jovens para lhes estimular a se interessarem pela área de pesquisa médica, o que faz com que haja cada vez mais unidades de investigação e produção para matérias cada vez mais complexas.
Graças a este empenho, a República de Cuba conseguiu controlar o índice de mortalidade infantil e fazer crescer a esperança de vida dos seus cidadãos, facto que enche de orgulho as autoridades locais que não deixam de referir todo este sucesso acontece num país que está sujeito a um embargo comercial promovido pelo seu mais próximo vizinho que são os Estados Unidos da América (EUA).
“Mesmo com as restrições que nos são impostas e que, em grande medida, limitam o nosso desenvolvimento, temos uma mortalidade infantil de 4,3 por cento e a nossa população tem uma esperança de vida de 79 anos. Logramos este sucesso porque investimos muito na prevenção de doenças” sublinhou.
Em termos comparativos, a fonte referiu que até à altura em que aquela unidade entrou em funcionamento, o índice de mortalidade infantil situava-se em 37,3 por cento.
A lista de provas de sucesso do Centro de Engenharia Genética e de Biotecnologia de Cuba é tão extensa que leva os seus gestores e o governo em geral a assumir que no quesito saúde e investigação “somos uma potência mundial”.
Referem que ali são feitas investigação de vacinas, medicamentos, são realizados diagnósticos e biotecnologia animal e vegetal. “Por exemplo, temos a vacina contra a hepatite B e geramos soluções eficazes para 26 doenças”.
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No decurso da apresentação das actividades desenvolvidas por este centro, os seus gestores revelaram que desenvolveram um estudo sobre as doenças que mais matam no nosso país e acrescentaram que é possível erradica-las “em dois tempos”.
“Desenvolvemos um estudo que indica que em Moçambique existem 50 doenças infeciosas que matam uma parte considerável da população e que é possível combater. O estudo foi feito porque para vencer um inimigo é preciso conhecê-lo. Só vences se conheceres o inimigo”, frisou.
Com efeito, e em resultado dessa pesquisa, as autoridades cubanas manifestaram a sua disponibilidade imediata para começarem a trabalhar. “Se quiserem pode ser amanha mesmo. Podemos trabalhar na transferência de tecnologias na montar uma fábrica de medicamentos em Moçambique”.
Para além da capacidade para erradicar as 50 doenças infeciosas que mais matam no nosso país e de estabelecer unidades de pesquisa e produção de fármacos, aqueles cientistas revelaram ainda que possuem várias linhas terapêuticas já certificadas para a cura da doença conhecida por “pé diabético”.
Com imagens ilustrativas da enfermidade e métodos de cura, aqueles especialistas explicaram que conseguem fazer uma terapia de reposição que pode curar um doente em 40 dias através da injecção de uma molécula que se encontra em pessoas que não possuem diabetes.
“Em 10 anos (2007 a 2017) abrimos 457 clinicas, sendo 350 de atendimento primário desta doença, o que faz com que qualquer diabético cubano tenha uma unidade de atendimento a cerca de três quilómetros da sua casa, e graças à investigação que levamos a cabo em torno do pé diabético, passamos a ser o país que menos amputa diabéticos no mundo”.