É por demais sabido que a actividade agrícola é que emprega a maior parte da população moçambicanae que contribui com cerca de um quarto dototal de bens e serviços que o país produz. Por isso, o debate sobre a nossa agricultura vem sempre à tona quando se fala sobre o desenvolvimento económico do nosso país.É por isso que hoje vamos falar de novo sobre ela.
Recentemente, quase dois meses depois do lançamento da época agrícola 2016/2016, o Governo despachou brigadas para irem ver in loco o que se está a fazer neste sector, um pouco por todo o lado e dialogar com aqueles que diariamente amanham a terra e por isso conhecem com que linhas se cozem as coisas na área.
Recordar que o Presidente da República, preocupado com o sector lançou a iniciativa“Uma Família, Um Hectare”, mobilizadora dos moçambicanos para fazer a terra produzir e comoplataforma para o incremento da competitividade agrícola e aumento da produção e produtividade agrárias, em todas as províncias, através da massificação das culturas de que cada província tem potencial.
É assim que cada província está a criar campos agrícolas em cada distrito visando impulsionar a produção de comida, tendo em conta também a orientação sobre o tipo de cultura que deve pontenciar considerando o contexto local. A meta é combater a problemática de insegurança alimentar e nutricional, melhorar a oferta de produtos agrícolas no mercado, contribuir para a redução das importações de produtos alimentares e reduzir a dependência do mercado externo relativamente a produtos localmente cultiváveis.
É que, mesmo que pareça estranho, ainda não estamos a conseguir trabalhar a terra adequadamente e alcançar os níveis necessários para conseguir alimentar os moçambicanos, sem precisar de importar comida de fora. Há vários motivos que podemos evocar aqui para que isso esteja a acontecer, desde o facto de grande parte da nossa agricultura ser feita manualmente e que por isso precisamos de mecanizá-la em toda a sua cadeia de valor, criando também serviços técnicos de apoio, como laboratórios e centros de pesquisa cada vez mais próximos do produtor. Colocar mais extensionistas próximo do produtor para aproveitar as competências e saberes aprendidos nas nossas escolas e institutos agrários, bem como nas instituições de ensino superior.
Parece paradoxal, mas uma boa parte dos extensionistas formados nas nossas escolas não se dedicam agora à agricultura. Ou estão em casa, literalmente sem fazer nada ou estão a fazer outra coisa qualquer, mas não ligada ao sector. O Estado não tem capacidade de empregá-los por todo o tipo de limitações que tem e que conhecemos, mas os mesmos podiam ser aproveitados, por exemplo, em projectos de associações agrícolas ou familiares que precisem do seu saber. Isso permitiria, não só baixar o actual rácio extensionista/produtor que é de cerca de 1/500, como também e sobretudo, ter mais gente especializada a cuidar dos campos dos produtores.
Estima-se que pelo menos 5,4 milhões de hectares estão actualmente em cultivo no país, representando cerca de 15 a 17% da área total disponível e todo este manancial é trabalhado manualmente, sem ou com pouco apoio destes técnicos que o país vai formando ao longo do tempo “Felizmente, no lançamento da presente época agrícola, o Chefe do Estado não podia ser mais claro na definição do que se pretende para o desenvolvimento agrícola do país, de uma agricultura para servir o Homem. Traçou para todas as províncias e daí para os distritos e outros escalões em cascata, um plano coerente, exequível, com metas realistas a fim de criar condições para que o camponês comece a produzir em melhores condições, com mais abundância, com mais qualidade, com redes garantidas de escoamento da sua produção, com assistência técnica constante e adequada. E mais ainda, criou mecanismo de controlo, como este de fazer deslocar brigadas centrais do Conselho de Ministro para ir ver in loco as coisas que estão a acontecer, de modo a não depender apenas de relatórios, muitas vezes coloridos, muitas vezes pintados”para trabalhar na nossa agricultura. Além de termos pouca gente mais especializada na agricultura, há o facto de que, muitas vezes, não se consegue maximizar o uso de sistemas de regadios, de uso de tecnologias adequadas e apropriadas, usode sementes melhoradas, de tracção animal e de tractores disponíveis em alguns locais.
Aplaudimos esta iniciativa presidencial “Uma família, um hectar” que vem criar essa força mobilizadora no campo e dar grande força motriz para quem está na zona rural, de modo que perceba que é necessário vencer a inércia do sector e ir mais para frente. Porque apesar das carências, pode-se ir mais longe, com vontade e entrega. Mas apenas vontade não basta, pois se não for acampanada de acçoes concretas, ela pode esmorecer. Como já o referimos aqui e variadas vezes neste jornal, somos um país essencialmente agrícola com uma extensão de terra tão grande e tão fértil que precisamos de aproveitar esse potencial. É um escândalo falar-se de fome. Os alimentos brotam da terra e terra é o que mais temos, sendo até propriedade do Estado com obrigação de a conceder ou distribuir baseado em políticas de desenvolvimento em função do homem de carne e osso.
As brigadas que recentemente saíram para o campo pelas províncias, foram ver como é que se trabalha, o que está lá a ser feito, que necessidade existem e deram as suas próprias sugestões sobre como ultrapassar os constrangimentos que vão surgindo. É diferente de como até aqui se fazia. Ficar grudado à secretária, numa repartição alcatifada e com impecáveis ares condicionados, tratando o tema da agricultura em jeitos de abstracção. Tem de haver algum vanguardismo para as coisas acontecerem, tem haver pessoas na linha da frente para haver desenvolvimento.
Repetimos: não falta terra, nem água, em Moçambique. É um escândalo chegar à conclusão de que com o país rico que temos, não sejamos capazes de acabar com a fome. Chegar à conclusão de que no terreno falta conhecimento, falta trabalho, falta estudar a natureza para dela extrair aquilo que ela nos oferece, falta vontade e entusiamo.
Felizmente, no lançamento da presente época agrícola, o Chefe do Estado não podia ser mais claro na definição do que se pretende para o desenvolvimento agrícola do país, de uma agricultura para servir o Homem. Traçou para todas as províncias e daí para os distritos e outros escalões em cascata, um plano coerente, exequível, com metas realistas a fim de criar condições para que o camponês comece a produzir em melhores condições, com mais abundância, com mais qualidade, com redes garantidas de escoamento da sua produção, com assistência técnica constante e adequada. E mais ainda, criou mecanismo de controlo, como este de fazer deslocar brigadas centrais do Conselho de Ministro para ir ver in loco as coisas que estão a acontecer, de modo a não depender apenas de relatórios, muitas vezes coloridos, muitas vezes pintados.
Esta semana, a par do que acontece um pouco por todo o lado, e apesar da seca e de acções armadas em algumas zonas do centro do país, soubemos que na linha orientadora do arranque da campanha, Manica criou nos seus 12 distritos, campos agrícolas para impulsionar a produção de comida, sendo responsabilidade dos membros do governo local. Ali foi estabelecido um lema: “um funcionário, um hectare”, de modo a incentivar a participação de todos na produção de alimentos. Nessa perpectiva, os membros do governo provincial já lavraram 433 hectares de culturas diversas que se vão juntar aos cerca de dois milhões de hectares inicialmente planificados para serem lavrados pelos camponeses no decorrer da safra.