– Daniel da Costa, mentor da iniciativa Kufupa
KUFUPA é como se denomina o projecto de divulgação, promoção e projecção de artistas talentosos da província de Tete, lançado há dias.
A ideia é promover os artistas que não têm condições nem oportunidades de aparecer em grandes palcos.
“Vimos muitas vezes artistas que cantam e tocam muito bem. São talentosos. Mas por razões várias, eles não conseguem chegar aos palcos. Através deste movimento, queremos trazê-los aos palcos“, afirma Daniel da Costa, mentor da iniciativa.
Depois de contemplar os talentos à deriva, Daniel da Costa, decidiu construir um espaço – Esplanada do Pende, no Bairro Chingodzi (vulgo Matema), na Cidade de Tete. Quando tal aconteceu, o Emissor Provincial da Rádio Moçambique abraçou a ideia e disponibilizou equipamento de som e publicidade dos eventos. Um casamento perfeito.
“Tivemos a primeira sessão, que culminou com a abertura. Actuou a banda Axicunda e depois a irmão do Guilherme Silva, a Alexandra. A ideia é juntar uma banda anónima e um artista de renome”, explica Daniel da Costa.
Depois de arranque do Kufupa, começam a aproximar-se figuras afeiçoadas pela música, demonstrando interesse em apoiar. “O que é difícil é começar. Depois ganhamos ritmo e acertamos pouco a pouco. Para além da música ligeira e tradicional, adicionamos ao programa, a cultura geral sobre a província de Tete”, afirma Daniel.
O Projecto Kufupa vai divulgar não só o trabalho das bandas musicais e grupos de dança da Cidade de Tete e arredores mas também das províncias de Manica, Sofala e Zambézia. A médio prazo, o Projecto Kufupa trará a Tete artistas dos países vizinhos, nomeadamente, do Malawi, Zâmbia e Zimbabwe.
“Estou em contacto com um produtor de Malawi que manifesta interesse em trazer as bandas malawianas para Tete. Ele traz os músicos até a fronteira e eu irei buscá-los. Farei o mesmo em relação a Zimbabwe e Zâmbia”, diz Daniel da Costa.
Segundo Daniel da Costa, que é escritor, o lema do Kufupa será sempre o de buscar a originalidade onde quer que ela esteja, nas cidades ou no campo, dentro ou fora do País. “As bandas com talento, os artistas criativos, não devem ser penalizados só porque não são conhecidos. Não faz sentido os artistas serem excluídos das agendas só porque andam de bicicleta ou de chapa. Só porque não têm instrumentos bonitos ou uma camisa de marca. É essa a mentalidade que o Projecto quer inverter.”
Kufupa é o termo que na língua ci-nyungwe designa o acto do espectador reconhecer ou homenagear o artista da sua preferência em pleno palco, através da colocação de dinheiro na cabeça deste ou nos seus bolsos. Também pode designar a simples partilha de passos de dança entre o espectador e o artista, no auge da emoção, durante a actuação.
Frederico Jamisse
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