Recados da Alma é o título de um livro da autoria do ex-jornalista Bento Balói, ex-jornalista do Semanário domingo actualmente “emprestado” ao Banco de Moçambique. O livro vai ser lançado próxima semana, dia 23 de Novembro corrente, na Fundação Fernando Leite Couto pelas 18:00 horas.
“Recados da Alma” é uma história de amor. Um amor que quebra as barreiras raciais, as diferenças sociais e não conhece fronteiras de tempos e nem de espaços. A história é narrada em 370 páginas prenhes de situações insólitas mas ao mesmo tempo tão humanas com poder bastante para prender a atenção do leitor.
Bento Balói, ex-jornalista deste semanário, onde chegou a editor de política, diz que a inspiração brotou do quotidiano. Da vida. Da vontade de lembrar aos homens e mulheres desta terra que muro nenhum pode impedir o amor quando existe, é forte e é real.
“A paz e a fraternidade que tanto procuramos só pode ser achada e solidificada se alicerçada no amor ao próximo”, afirma BB.
Apesar de a obra ter um personagem que escreve para um jornal (jornalista), BB diz que o não se trata de um livro biográfico.
“Penso que ainda não tenho idade nem percurso suficiente para avançar em biografias. Contudo, há que reconhecer que em vários momentos do livro recorro às minhas origens suburbanas para trazer o retrato das vivências dos bairros mais pobres de Maputo”, revela o ex-escriba.
Acrescenta que por falar em retratos, o próprio livro procura ser um retrato de todos nós. A ideia é que cada um se reveja e se identifique. Tanto o jovem de outrora que viveu as dinâmicas de um Lourenço Marques colonial, como o jovem de hoje que enfrenta os desafios da afirmação profissional e que tem que construir um amanhã melhor para todos.
Recados da Alma é um misto. Tem pura ficção abraçada ao retrato histórico do nosso país. A linha que separa uma da outra é muito ténue. Em vários momentos fica difícil discernir onde termina a história e começa a ficção.
A história atravessa várias fases da história do país. BB diz que a mensagem fundamental que “pretendo transmitir é que o amor é a razão da vida. A melhor forma de celebrarmos a nossa passagem por este planeta é amando ao próximo quebrando todas as barreiras que os ditames da sociedade nos impõem. Por outro lado, convoco a todos a revisitarmos a história recente do nosso país e a engajarmo-nos ao trabalho enquanto reflectimos sobre o amanhã que queremos”.
O autor acredita que o seu passado de jornalista influenciou o processo de produção do livro e acrescenta quesempre influenciará todas suas futuras vivências.
“Sempre que redijo sinto a presença do jornalista, não só na minha mente como também na forma directa, simples e frontal como o texto discorre. É a herança que tenho do jornalismo”, celebra.
E o teatro? Dado que Bento Balói também foi actor…Aceita o facto e diz que o teatro também deixou as suas marcas na forma de escrever. “Eu escrevi numerosos textos para o teatro cuja matriz fundamental é o diálogo. No teatro, sobretudo o radiofónico, a história conta-se através do diálogo. Por conseguinte, os diálogos são uma ferramenta à qual recorro com muita persistência”.
Para fazer Recados da Alma, Bento Balói trabalhou sensivelmente três anos e contou com o apoio do Centro Cultural do Banco de Moçambique (CCBM).
Bento Balóinasceu em 1968 no Vieira, subúrbios de Maputo, onde cresceu e viveu até se tornar homem. Fez jornalismo. Tem artigos literários publicados em páginas de especialidade de jornais e revistas nacionais. Escreveu, dirigiu e interpretou papéis em diversas peças tanto de teatro radiofónico como de palco. Escreveu ainda dois bailados encenados pela prestigiada coreógrafa Pérola Jaime. Tem um livro publicado sobre as primeiras eleições gerais multipartidárias da história de Moçambique. “Recados da Alma” é o seu romance de estreia.
Texto de Belmiro Adamugy
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