Vários professores da Escola Secundária Josina Machel, cidade de Maputo, apesar dos insistentes apelos morais, continuam a conviver com os seus alunos nas barracas do Museu.
A Escola Secundária
Josina Machel está
situada numa das
zonas de referência
da cidade capital do
país. No seu recinto funciona
uma cantina, biblioteca, sala
de professores, entre vários
serviços. Nas suas imediações,
localiza-se o Museu de
História Natural.
Ainda nas imediações daquela
escola existe o Jardim
dos Professores, que oferece
serviços de restauração e parque
infantil. Trata-se de locais
que poderiam servir para entreter
tanto os alunos, assim
como os professores daquela
escola.
Porém, os relatos colhidos
junto dos alunos, vendedores
do mercado, assim como de
alguns professores, mostram
uma realidade diferente, pois
quase todos os dias há informações
sobre alunos encontrados
a drogarem-se, apreensões
de bebidas alcoólicas e
drogas nas salas de aula, entre
várias situações criminosas.
Parte desta bebida é comprada
nas barracas do Museu.
A maior parte dos envolvidos
são alunos do curso diurno
com idades que variam entre
15 e 17 anos.
Facto testemunhado, há
dias, pela nossa Reportagem
é que professores e alunos almoçam
e consomem bebidas
alcoólicas juntos naquelas barracas.
Ainda durante a nossa estadia
naquele mercado flagrámos
um professor, distraído,
munido de uma caneta vermelha,
corrigindo os testes dos
seus alunos. Em cima da mesa
tinha para além das provas, o
seu telemóvel, um envelope,
assim como uma garrafa de
cerveja. Enquanto corrigia as
provas ia bebendo.
No local ficámos a saber
que aquela é uma situação
normal, havendo, inclusive,
registo de casos em que professores
e alunos vão juntos às
barracas.
Na ronda que fizemos verificámos
que a maior parte das
barracas tinha grupos de três
ou mais alunos uniformizados,
e outros agregados compostos
por alunos e professores, em
conversas bem animadas.
ALUNOS EXPULSOS
O consumo de álcool e drogas
no recinto escolar continua
a merecer reflexão no seio da
comunidade, sobretudo, na
cidade de Maputo, com maior
destaque nas escolas Josina
Machel e Estrela Vermelha.
Depois do recente incidente
na Escola Josina Machel (esfaqueamento
de um aluno), a Reportagem
do domingo soube
que a direcção daquela escola
expulsou outros três alunos,
da 10.ª classe, encontrados a
ingerirem bebidas alcoólicas.
O mesmo aconteceu na Escola
Secundária Estrela Vermelha,
onde também foram encontrados
três alunos a fumarem
soruma e um a tomar bebida
alcoólica
Na “Josina Machel” foram
trancadas as salas que eram
usadas pelos alunos para o
consumo de bebidas e actos
sexuais. Foi ainda solicitada
uma equipa policial que faz o
patrulhamento naquelas bandas,
quase todos os dias.
Mesmo assim, embora a níveis
reduzidos, a situação continua
preocupante, sobretudo,
nas tardes das 5.ª e 6.ª feiras.
O director da "Josina Machel"
limitou-se a dizer que o
episódio de esfaqueamento foi
apenas um incidente e que o
ambiente escolar estava bom.
Por sua vez, o director da
Escola Estrela Vermelha, Gilberto
Reis, reconheceu a existência
do problema e sugeriu
aos pais ou encarregados de
educação para investirem na
educação das crianças.
"A escola tem o seu regulamento
interno mas não
é suficiente para mudar o
comportamento da criança.
Às vezes os pais pedem ajuda
à escola, mas nós temos
apenas quatro horas com o
aluno, o restante tempo está
em casa com os pais", disse
Reis.
PERDER O ANO
POR FALTAS
O sector da Educação tem
uma lei que pune o aluno que
tiver um determinado número
de faltas. No entanto, esta lei
nem sempre é aplicada, pois
há uma orientação segundo a
qual nenhum aluno deve ser
reprovado por faltas sem comunicarem
ao seu encarregado
de educação ou seus pais.
O facto dificulta a sua execução,
pois muitas vezes quando
os pais recebem a informação
mostram-se surpreendidos,
alegadamente, porque o
filho sempre sai de casa para
a escola e pedem à direcção da
escola para anular as faltas.
domingo, que visitou algumas
escolas da cidade de
Maputo, ficou a saber que actualmente
nenhum aluno perde
o ano por faltas, exceptuando
os casos em que este desista
definitivamente das aulas.
Texto de Abibo Selemane
abibo.sulemane@snoticicas.co.mz