A seca prolongada que se regista na província de Gaza, particularmente nos distritos de Mabalane, Chicualacuala, Massangena, Chigubo e Massingir foi a principal preocupação apresentada ao Chefe do Estado, Filipe Jacinto Nyusi, durante a visita de dois dias efectuada a esta região do país.
O Presidente da República foi ainda confrontado com o elevado custo de vida e a guerra protagonizada pela Renamo, problemas arrolados pela população em quase todos os pontos por onde passou, com o fito de persuadir o executivo a dar respostas rápidas.
Para fazer face à seca, a população pediu a construção de mais represas bem como a viabilização do projecto da construção da barragem de Mapai que faz parte do cardápio do governa há décadas.
A aceleração da conclusão das obras da reabilitação do descarregador de fundo na barragem de Massingir afigura-se primordial para o abastecimento da água na chamada zona do baixo Limpopo.
Segundo a população, a seca agravou-se nos últimos dois anos devido à escassez da chuva em quase toda a província, aliada às altas temperaturas que se registam na província, o que baixou consideravelmente o nível de armazenamento de água na barragem de Massingir, causando baixa produtividade e produção agro-pecuária.
Ainda devido à escassez da chuva quer nas baixas dos rios assim como nos próprios leitos não se vislumbra qualquer tipo de cultura da época, como por exemplo, a produção de hortícolas, sobretudo, no regadio de Chókwè, cujo canal está completamente seco. O problema acontece igualmente ao longo do curso do rio Limpopo.
Alias, devido a esse factor, mesmo a barragem de Macarretane está quase vazia, o que cria danos na população ribeirinha, que vive da actividade agrícola. A título de exemplo, o informe do governo provincial sobre o primeiro trimestre do ano curso refere que houve uma produção global de 15.3 milhões de meticais, contra os 49.7 milhões planificados, um decréscimo na ordem de 43.05 porcento.
Intervindo em nome dos cerca de 39 mil habitantes de Mabalane, Filipe Joshua Langa pediu ao governo para acelerar a provisão de infra-estruturas socais, água para o consumo humano, irrigação dos campos agrícolas e gado.
Joshua Langa pediu igualmente a conclusão das obras da asfaltagem da estrada que liga os distritos de Chókwè e Chicualacula numa extensão de 324 quilómetros passando pelo distrito de Mabalane, interrompidas há bastante tempo.
Também pedimos a construção de uma ponte para a ligação entre os distritos de Mabalane e Massingir para o rápido desenvolvimento sócio económico cultural e sobretudo, acções concretas para fazer face à seca que provoca insegurança alimentar e nutricional,disse Joshua Langa ao mesmo tempo que reconhece os esforços do governo na mitigação do sofrimento da população.
AUMENTAR
A PRODUCAO
Em resposta às preocupações da população, o Presidente da República afirmou que é necessário arregaçar as mangas na produção agropecuária. Filipe Nyusi afirmou que no presente ano a situação é agravada pelo facto de não ter chovido quase em todo o território nacional aliado às inundações e cheias que destruíram culturas, mas sobretudo a guerra que dificulta a circulação de pessoas e bens.
Acrescentou que apesar das dificuldades na provisão de recursos, há esforços conjugados para mitigar os efeitos da seca, apontando entre outros aspectos, a construção de infra-estruturas sócio económicas, com destaque para a conclusão das obras do Hospital Distrital de Mapai, Subestação de energia deste mesmo distrito que poderá aumentar em mais três mil novos consumidores nas vilas de Mapai, Machaila, Massagena, Combomune e Dindiza.
O hospital distrital, orçado em 105 milhões de meticais financiados pelos governos de Mocambique e da Bélgica, é visto como primordial, uma vez que vai aliviar a pressão sobre o Hospital Rural de Chókwè, que serve de referência para todos os distritos nortenhos de Gaza.
Estamos a falar de uma infra-estrutura com capacidade de 70 camas para internamento, uma maternidade com 14 camas, banco dos socorros e outros serviços, tais como saúde materno infantil e pediatria.
Ainda no capítulo da construção de infra-estruturas o Chefe do Estado visitou as obras de construção do sistema de abastecimento de água em Massangena, que poderá melhorar a provisão de água na sede distrital e noutros povoados.
Filipe Nyusi orientou também um comício na vila sede distrital de Massangena onde estas questões voltaram à ribalta, desta feita, com a população a pedir a conclusão da asfaltagem da estrada Caniçado – Chicualacula, troço de cerca de 200 quilómetros, bem como o troço Massangena- Mapai, constantes do Programa quinquenal.
Porque “bebé que não chora não mama” segundo a linguagem popular, no segundo dia dos trabalhos a esta província, o estadista moçambicano foi confrontado com o sonho velho da construção de uma ponte sobre o Rio Save para a ligação entre os distritos de Massangena em Gaza e Machaze, na província de Manica.
CRISE FINANCEIRA
ENSOMBRA GOVERNAÇÃO
Face aos problemas apresentados, o presidente da República pediu paciência da população ao mesmo tempo que instou os mutuários do Fundo Desenvolvimento Distrital (7 MILÕES) no sentido de reembolsá-lo para o benefício de outras pessoas.
Segundo o Chefe do Estado é necessário vigilância sobre o uso dos fundos do erário público evitando-se desculpas na sua aplicação, como por exemplo, fazer uma machamba, no caminho dos elefantes, para depois dizer que não consigo devolver o dinheiro porque não produzi nada devido aos paquidermes.
Num outro momento, o estadista moçambicano falou da situação económica e financeira do pais tendo afirmado que a conjuntura nacional foi agravada pela retirada de alguns financiadores do Orçamento do Estado, tendo apelado para o redobrar dos esforços para o aumento da produção e produtividade.
A nossa situação económica não é favorável devido à insuficiência da produção nacional o que nos obriga a importar mais produtos alimentares que depois são mais caros devido à carência do dinheiro e isso não afecta só Moçambique, disse o Chefe do Estado ressalvando que no país a situação é agravada pela guerra que impede a livre circulação de pessoas e bens.
Ontem no último dia dos trabalhos na província de Gaza, Filipe Nyusi escalou os distritos de Chigubo e Massingir.
MUSEU
DA CLANDESTINIDADE
Ainda na província de Gaza e no distrito de Mabalane o Chefe do Estado procedeu a inauguração do museu em homenagem aos ex-presos políticos, combatentes na clandestinidade durante a epopeia da luta de libertação nacional.
O monumento foi erguido na penitenciária agrícola de Mabalane, outrora usada pela PIDE-DGS para prisão de combatentes que na clandestinidade lutavam contra o regime colonial português.
Trata-se do chamado grupo de 75 libertadores da pátria presos na Suazilândia a 11 de Maio de 1965 quando tentavam alcançar a África do Sul a caminho da Tanzânia para se juntarem aos guerrilheiros da Frelimo.
Discursando em cerimónia de Estado por ocasião da homenagem daqueles combatentes, o Presidente da República que “amissão dos combatentes na clandestinidade estava clara: lutar pela libertação de Moçambique. E cumpriram integralmente. Mais tarde os outros fundaram os seus partidos, mas a maioria continua fiel à Frelimo. Estamos a falar de homens e mulheres que não vacilavam mesmo perante as torturas do colonialismo português, pessoas que nem as balas do inimigo e as torturas psicológicas inibiram que esses libertadores prosseguissem com a luta.
Texto de Domingos Nhaúle
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