A Feira Internacional de Maputo abre as portas amanhã pela 52ª vez consecutiva e, desta vez, coincide com uma altura em que a conjuntura económica é adversa. Porém, a Confederação das Associações Económicas (CTA) entende que a presença expositores nacionais e estrangeiros evidencia que, aos olhos dos empresários, a crise será ultrapassada.
O presidente da CTA, Rogério Manuel faz uma antevisão da FACIM que amanhã inicia no recinto de Ricatla, distrito de Marracuene, província de Maputo, onde estarão reunidas cerca de 700 empresas estrangeiras e 3200 empresas nacionais, que vão participar a título individual, 33 países e representantes de sectores económicos de todas as províncias do país.
O que a feira que amanhã inicia tem de inovador é a introdução de um novo modelo de visitas oficiais, onde cada ministro de área económica vai percorrer o recinto num dia específico e estabelece contacto com os expositores.
Assim sendo, amanhã, o ministro da Economia e Finanças, Adriano Maleiane, vai estar presente na FACIM, na terça-feira será a vez do ministro de Recursos Minerais e Energia, Pedro Couto, na quarta-feira será a vez de Celso Correia, que é ministro da Terra, Ambiente e Desenvolvimento Rural e do ministro do Mar, Águas Interiores e Pescas, Agostinho Mondlane.
Na quinta-feira a FACIM vai acolher a visita oficial do Chefe de Estado, Filipe Nyusi, que vai proceder à abertura oficial da Feira e galardoar os exportadores do ano de 2015. Esta será a primeira vez que a abertura oficial da feira vai ser realizada a meio da feira, o que se assemelha ao modelo adoptado pelo Zimbabwe, onde a abertura é realizada praticamente nos derradeiros instantes do certame agrário de Harare.
Na sexta-feira, o ministro José Pacheco, da Agricultura e Segurança Alimentar vai visitar o recinto e tomar contacto com os expositores nacionais e estrangeiros e espera-se que no domingo aconteça a visita do ministro dos Transportes e Comunicações, Carlos Mesquita.
Aliás, a adopção deste modelo de visitas oficiais à FACIM vai tornar possível o estabelecimento de contactos directos com os empresários, os quais se queixaram há dias de dificuldades para dialogar de forma fluida com alguns ministros que superintendem as diferentes áreas económicas.
MOMENTO PARA BONS NEGÓCIOS
Segundo Rogério Manuel, esta afluência mostra com clareza que o governo e os empresários sabem que quando a conjuntura económica não é favorável existe uma grande probabilidade de as empresas se abrirem e criar parcerias mais sólidas e, por essa via, podem ultrapassar o momento.
A título de exemplo, afirmou que é em períodos de dificuldades que mais se vendem e se compram activos porque se tornam mais acessíveis, pelo que a realização da FACIM, nesta altura, pode ser útil para o estabelecimento de parcerias, fusões e aquisições.
“Esta é uma forma de tentar sobreviver à crise que, para nós, não é crónica. A afluência dos expositores estrangeiros mostra que paira pelo mundo fora o entendimento de que esta é uma situação passageira e obriga à tomada de algumas decisões empresariais”, disse.
Aliás, com ou sem crise, Rogério Manuel afirma que a vantagem comparativa de Moçambique continua intacta e o investidor está ciente disso e, assim sendo, a CTA vai realizar encontros separados com empresários espanhóis, franceses, angolanos, chilenos e bielorrussos com quem estão estabelecidos contactos prévios.
Trata-se de reuniões nas quais se vai dar a conhecer as potencialidades do país, o quadro legal e fiscal, tipos de produtos e características do mercado nacional com a finalidade de atrair potenciais investidores para os diferentes sectores produtivos e, através disso, estimular a produção nacional.
A par destes encontros, a CTA pretende aproveitar o espaço da feira para promover a agricultura e todas as potencialidades deste sector, sobretudo tendo em conta que existem empresários estrangeiros que demonstram interesse em investir nesta área. “Eles procuram compreender as potencialidades de que o país dispõe no sector agrícola, o que leva-nos a crer que este sector estará em peso na feira a partir de amanhã”.
A expectativa daquela agremiação é que os produtores nacionais se empenhem o suficiente para conseguir firmar parcerias a nível do sector da agricultura, pois existem diversos produtos que podem dinamizar as exportações, que é o que o país mais precisa. No entanto, apela a que se busquem parcerias que tenham em vista o acréscimo de valor dentro do país.
Para tal, será necessário orientar todos os esforços para cativar os empresários estrangeiros a orientarem os seus investimentos para este sector. “Espero que cada província traga o seu potencial agrícola porque temos o plano de levar delegações estrangeiras para visitar os stands provinciais. É neles onde encontramos as diversas potencialidades que cada ponto do país oferece”.
Entretanto, o presidente da CTA defende que para atrair novos investidores devem ser ultrapassados alguns constrangimentos como é o caso da tensão militar e se dar prosseguimento aos esforços que visam dotar o empresariado nacional de capacidades para o cumprimento de contratos, quando estão na condição de fornecedores.
FACIM FACILITA CONTACTOS
Para a CTA, a realização da FACIM é uma mais-valia porque o produtor nacional tem a oportunidade de expor os seus produtos e a possibilidade de firmar parcerias com investidores estrangeiros e, através disso, conseguir ter acesso ao mercado internacional.
“É muito dispendioso um empresário nacional sair de Moçambique para Espanha ou China em busca de parceria. É mais fácil participar da FACIM onde normalmente se fazem presentes diversos países e empresários estrangeiros”.
Por outro lado, a CTA vai aproveitar o decurso do certame para promover uma reflexão sobre a Janela Única Electrónica (JUE) com vista a impulsionar as exportações sob ponto de vista de negócio e das facilidades existentes no país.
Aliás, a JUE aparece como uma das formas de exportar de forma fácil e é considerada como uma das melhores práticas a nível do comércio internacional e reduz os custos a volta do comércio, entretanto, devem ser ultrapassados alguns desafios para que essa plataforma se torne num instrumento que vem aumentar a competitividade dos produtos moçambicanos.
“Queremos vender este outro lado da JUE porque as pessoas pensam nela no âmbito das importações. Queremos mostrar as facilidades de exportar através desta janela.
Refira-se que com esta plataforma pode se minimizar a subfacturação dos produtos e conseguir um encaixe maior de receitas para o país. O objectivo é ajudar as exportações no mercado internacional, em particular do sector agrícola.
Angelina Mahumane
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