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Desembrutecer

Por admin

Asociedade moçambicana começa a mostrar sinais claros de uma estranha patologia pelo que urge a sua cura. Quando pais matam filhos, filhos matam pais, perseguem-se e assassinam-se pessoas com deficiência de pigmentação ea juntar a isso se resvala para a necrofilia (sexo com cadáveres) é sinal de que se estão a quebrar as últimas barreiras da moralidade.

Há dias um episódio chocou o país, em particular a Cidade de Tete. Uma adolescente, com perturbação mental, vivia enclaustrada há quatro anos num barracão, quase curral, porque, alegadamente, os progenitores cansaram-se do comportamento menos ortodoxo da filha. É mais um caso que se soma a tantos outros.

Em Gaza, uma mãe tirou a vida do filho por causa de 240 meticais. Mandado comprar energia, o pequeno ficou-se pelas bolachas. Tanta tareia apanhou. Jurou arrependimento. Inutilmente. A mãe, com recurso a uma capulana, asfixiou-o. Depois, para mascarar o crime, transportou o rapaz para fora da sua residência e com uma lâmina cortou-lhe os órgãos sexuais.

Chegados aqui, mais narrativa para quê?

A cura não pode ser somente médica. Passa também pela fé espiritual. Pela fé cerebral. Pela fé religiosa. Pela fé na Justiça. Nas leis. E por todo o tipo de fé que cada um de nós pode e deve abraçar.

Os líderes religiosos, comunitários, anciãos, líderes de opinião, chefes de quarteirão, de dez casas, têm de ser convocados para este árduo debate para que a patologia não se metástase e, mais importante, produzir um antídoto eficaz.

Mas, há mais patologias que importa curar: jovens que não movem palha para a sua própria sobrevivência. É, de todo, doloroso para os pais ver e ter os filhos a partilhar o mesmo tecto até meia-idade, quando a única preocupação que os seus descendentes têm é acordar às 10:00 horas, ralhar para ter o pequeno-almoço e já com o bucho cheio, ou quase, se preocuparem apenas com os acepipes da vida: falar, falar, maldizer, petiscar, fumar e beber do mais barato ao mais caro, num autêntico exercício de aquecimento para quando de volta à casa infernizarem quem os acolhe.

Ficam à espera da morte dos pais para herdar uma casa de construção precária, três ou quarto cabritos, e uma machamba que transaccionam menos de 30 dias após a morte dos progenitores. Só que as contas nem sempre lhes saem a contento.

Quando os pais têm a dádiva da longevidade, prontamente, são acusados de feitiçaria pelos próprios filhos e são passados para o lado de lá, onde não andam, não falam e não sonham. Os mais sortudos são apenas expulsos das suas próprias casas e o destino passa a ser incerto senão mesmo errante.

Estamos seguros, absolutamente convictos de que se, ao raiar do Sol, jovens e adultos acreditassem que o Sol quando nasce toca o dorso de todos nós as coisas seriam melhores.

Vale a pena recuperar as palavras de um ilustre advogado cá da praça registadas neste nosso semanário não faz muito tempo: “o futuro está nas mãos de jovens trabalhadores, não daqueles que vemos frente ao Zambi, com duas garrafas de bebida na mão, sentados sobre o carro com todas as portas abertas”.

Porém, nem tudo é mau. Quando a sociedade se rebela significa que continua a correr dentro das nossas veias e artérias muitos pingos de moralidade, todavia, há que quadruplicá-los para que a cura seja rápida, eficiente e consistente.

Com perseverança, honestidade e trabalho árduo levaremos a água ao nosso moinho. Há que endireitar o copo sob pena de derramarmos a moral. Pior de tudo é que os maus vícios rapidamente se copiam, sobretudo quando há quem acene com hipótese de riqueza sem necessidade de mexer palha.

Que se interrompa a procissão, porque e para desgraça nossa, não são mais esporádicos casos de que pais matam filhos, netos matam avós ou são mortos por eles, alguns com requinte de desumana crueldade. Há que desembrutecer.

O copo já está inclinado. Há que endireitá-lo, sob pena de todos nós nos estupidificarmos daqui a nada.

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