O número de jovens seropositivos em Moçambique está a crescer. Dados fornecidos pelos Serviços Amigos dos Adolescentes e Jovens (SAAJ) indicam que cerca de 18 mil jovens com idades compreendidas entre 15 e 24 anos submetidos à testagem no ano de 2015 tiveram resultado positivo.
Informação em nosso poder indica que cerca de 140 a 175 adolescentes e jovens moçambicanos contraem, diariamente, o vírus de HIV. A seroprevalência é mais alta entre raparigas (com 11 por cento) do que em rapazes (com 3,7 por cento), tanto no meio urbano como no rural.
Segundo estatísticas do Ministério da Saúde (MISAU), há três raparigas infectadas no país para cada rapaz na faixa etária dos 15 aos 24 anos. A maior parte das mulheres é infectada antes dos 20 anos e os homens antes dos 24.
Este resultado foi obtido dentro de um universo de 122 unidades dos Serviços Amigos dos Adolescentes e Jovens que têm funcionado nas escolas secundárias e não só a nível nacional.
Devido ao elevado índice de seroprevalência, o MISAU e parceiros expandiram os serviços para mais locais, passando a contar com cerca de 140 SAAJ.
O baixo conhecimento sobre métodos de prevenção, a prática de relações sexuais com vários parceiros e/ou parceiras sem protecção e consumo abusivo de drogas são algumas causas apontadas para a elevação do número de jovens seropositivos.
Os SAAJ testaram no ano de 2015 um universo de 490.717 adolescentes, dos quais 18.018 tiveram resultado positivo. Comparativamente ao ano 2014 foram submetidos no mesmo período ao teste de HIV cerca de 412.086, dos quais 15 mil e quatrocentos tiveram resultado positivo.
“PARAGEM ÚNICA”
Desde os finais do ano passado, foi introduzido nos SAAJ do Hospital Central de Maputo, 1.º de Maio e Associação Moçambicana Para o Desenvolvimento da Família (AMODEFA) um programa denominado “paragem única” para adolescentes e jovens que vivem com vírus de HIV.
No âmbito do programa, jovens seropositivos são imediatamente submetidos ao tratamento anti-retroviral.
“Optou-se por esta via de se atender esse grupo nos SAAJ porque tínhamos casos de adolescentes e jovens que abandonavam o tratamento anti-retroviral por receio de se cruzarem com pessoas conhecidas na farmácia no momento de levantamento de medicamentos e preferiam esconder-se até acabarem as pessoas em espera na farmácia”, disse Joaquim Saquene, um agente de saúde escolar do adolescente.
domingosoube que as províncias de Gaza, Maputo, Nampula e Sofala destacam-se como as que têm mais jovens seropositivos. A província de Gaza submeteu, no ano de 2015, cerca de 36 mil 183 adolescentes e jovens à testagem, dos quais perto de dois mil e duzentos foram diagnosticados como seropositivos.
A província de Sofala testou sessenta e seis mil e desses mil oitocentos e trinta e cinco tiveram resultados positivos. Nampula submeteu à testagem cerca de 166.952 e desses perto de cinco mil foram detectados como positivos.
O MISAU está a envidar esforços para conseguir prevenir o vírus nesta faixa etária para que futuramente haja uma geração livre do HIV/SIDA.
Seroprevalência na capital
Os Serviços Amigos dos Adolescentes e Jovens (SAAJ) na cidade de Maputo submeteu à testagem mais de 90 mil pacientes, contra 53 do ano passado. Dos testados, na sua maioria jovens com idades compreendidas entre 25 e 35 anos de idade, oito por cento foram diagnosticados com o vírus de HIV durante o primeiro semestre do ano em curso.
Face a esse problema, a Direcção de Saúde da Cidade de Maputo vai, em breve, introduzir um projecto-piloto em duas unidades sanitárias onde as pessoas farão a testagem e imediatamente serão submetidas ao tratamento anti-retroviral.
Trata-se de uma prática que, gradualmente, estender-se-á para mais hospitais. Deste modo, serão capacitados funcionários para responder à dinâmica que o projecto irá imprimir.
Enquanto isso, a Direcção de Saúde da Cidade de Maputo, em coordenação com o Núcleo Provincial do Combate à Sida, tem disponibilizado preservativos nas escolas secundárias, nos serviços de aconselhamento e instituições públicas.
Segundo a directora da Direcção de Saúde da Cidade de Maputo, Alice Abreu, há um trabalho intenso que se deve fazer para melhorar os indicadores em relação ao aconselhamento dos jovens nas comunidades e nas escolas.
“O número de jovens seropositivos está a crescer comparativamente ao igual período do ano passado. Isso preocupa-nos porque os jovens são o futuro do país”, disse.
De referir que os SAAJ foram implementados para garantir a redução da morbi-mortalidade, através da promoção de práticas que são necessárias para manter uma vida saudável.
A cidade de Maputo tem 27 serviços de atendimento de jovens, dos quais dez são específicos e dezoito são alternativos porque para além de atender os jovens, exerce-se outros serviços de saúde.
Texto de Idnórcio Muchanga
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