Pode um atleta, sem treino regular e sério, ganhar alguma competição? Entre nós há quem tenha fé nessa possibilidade. Talvez inspirados na interpretação neoplatônica da metafísica como estudo do "sobrenatural", daquilo que está para além da compreensão dos simples humanos; ou então na percepção de que, problemas na saúde resultam de determinados padrões de comportamento e pensamento.
Ou então em Aristóteles para quem a metafísica é, simultaneamente, ontologia, filosofia e teologia, na medida em que se ocupa do ser supremo dentro da hierarquia dos seres. Ou seja querer é poder…
Vem este arrojo filosófico a propósito do que tem acontecido nos nossos campos de jogos… sobretudo no futebol, desporto que, como se sabe, agrega mas também divide massas. Diz quem sabe que há muita magia nos nossos futebóis. Que há equipas que ainda confiam no poder do oculto ou se quisermos um termos mais pomposo, na metafísica para ganharem jogos.
As histórias são tantas que Bula-bula começa a alvitrar a ideia de convencer o pessoal do Comité Olímpico de Moçambique a apostar na metafísica para formar a próxima selecção nacional de atletas para os próximos jogos olímpicos… para este já não vamos a tempo dado que já estão curso.
Mas vejamos o que acontece um pouco por ai… só para mostrar que é possível ganhar (?) sem muito esforço… tipo passar a semana numa praia a tomar “cocktails” e a enfardar de tanto comer para depois entrar em campo e derrotar os adversários com uma perna nas costas… os de Chibuto parece que acreditam nisso… bem pelo menos até agora essa crença está a dar frutos.
O Maxaquene do nosso eterno capitão Chiquinho Conde já provou o gosto amargo da metafísica. Quando a sua equipe por aquelas bandas passou, no âmbito das instruções do além, impediram o treinador de entrar em campo com o seu computador portátil. Podia fazer tudo menos entrar com aquela maquineta. Também os atletas foram impedidos de circular livremente pelas instalações desportivas. Ah… na hora de entrar em campo foram obrigados a usar uma determinada porta. Perderam 3 a 0.
Ao que Bula-bula soube, a pressão – que é exercida até pelos adeptos que vão sempre acompanhados de curandeiros – resulta da crença nos poderes de um ser sobrenatural que vai dando conselhos aos chibutenese sempre que se avizinha um jogo do Moçambola. Várias equipas, da capital e não só, já provaram a força dos espíritos do Clube de Chibuto.
Em Tete, como se sabe, os espíritos residem nos caprinos. Há tempos houve um sururu por causa de um cabrito engravatado que entrou em campo a “jogar” claramente a favor dos donos da casa. Os adversários quase sempre perdem os jogos e reclamam.
Pergunta de Bula-bula: se temos bons macumbeiros no desporto, então porquê “apanhamos” tanto nas competições internacionais?Ou será que enquanto não levarmos as coisas com a seriedade requeridanão iremos para além da esquina mais próxima?
Veja-se o que está a acontecer no Rio-2016. Aquilo não é magia nenhuma. Há trabalho sério. Os atletas estão mesmo preparados para aqueles desafios… passassem eles o tempo a comer carapaus e batatas para ver se pulavam alguma coisa…
Platão e Aristóteles devem estar a rir-se de nós!