A terceira edição da Liga Nacional de Futebol Feminino tem início marcado para 20 de Agosto próximo, com a cidade de Inhambane a acolher as honras de abertura. São no total nove equipas alistadas para tomar parte no certame.
Trata-se das equipas do Costa do Sol, União Desportiva de Lichinga, Clube Desportivo de Muelé, Clube Fanta da Beira, Sporting de Laulane, Cosmos de Maputo, Cocorico de Wampula, Viveiro Futebol Clube e Papelaria Nyungue.
O modelo de disputa será de todos contra todos, decorrendo em duas fases. Na primeira fase, as equipas serão divididas em regiões, sendo que a sul vai comportar a equipa da Beira. A segunda e última etapa do campeonato terá lugar na capital do país.
Apesar dos problemas financeiros que afligem os organizadores, tudo está bem encaminhado para a realização da prova sem sobressaltos. “Estamos a enfrentar problemas financeiros”, refere Augusto Dlamine, presidente da Liga Nacional de Futebol Feminino (LNFF), quando questionado sobre o estágio de preparação do torneio.
Numaaltura em que o país regista uma tensão político-militar na zona centro, Dlamine sublinha que a mesma não afectará a prova, a ser disputada em duas fases, numa modalidade de todos contra todos.
Quando faltam 34 dias para o arranque do campeonato, Dlamine conta que a sua agremiação não conseguiu os 25 milhões de meticais ideais para a realização da competição.
Estamos a enfrentar problemas de dinheiro, mas a liga vai ocorrer, com a movimentação a nível nacional. Não é fácil manter este campeonato. Para a sua realização fazemos das tripas o coração, mas as pessoas podem pensar que é fácil. Algumas entidades vão nos apoiar em meios materiais, relata.
O presidente da Liga fala do contributo do campeonato para a composição da Selecção Nacional. Ainda sobre os patrocínios, ele é mais dramático e relata a existência de inveja, mentira, medo, complexo de superioridade por parte daqueles que acham que serão retirados espaço para dar lugar ao futebol feminino. “Pedimos patrocínio e aparece alguém a dizer que é melhor mandar o valor para o sítio X. Alguém empenha-se para nos desacreditar”.
O presidente da LNFF disse que a tensão político-militar no centro do país não irá interferir na realização do campeonato. O mecanismo para contornar o problema, segundo o entrevistado, será a obrigatoriedade da equipa Fanta da Beira realizar os seus jogos na cidade de Maputo.
Manter o campeonato é o principal desafio com essa tensão. Temos nove equipas, duas são do centro do país e não vão viajar via terrestre. A equipa da Beira fará todos os jogos em Maputo. As condições não existem, mas temos de criar para hospedagem, não temos como, pois a culpa não é deles, explicou.
Dlamine considera que o campeonato está a observar uma maturidade. A aceitação por parte do público constitui um dos indicadores, embora o nosso entrevistado considere que o reconhecimento esteja a ser “arrancado a ferro e fogo. A imagem da Liga não se propaga como devia ser, há pessoas que falaram mal da Liga”. Para esta edição estavam projectadas dez 10 equipas, mas o 1° de Maio de Quelimane desistiu.
TREINADORES QUALIFICADOS
A qualidade dos treinadores das equipas que fazem parte da Liga feminina preocupa a liderança de Dlamine. “A inovação para este campeonato é colocar treinadores com o mínimo de nível C de formação”, diz, acrescentando que na próxima edição poderá exigir o nível B. “Os treinadores devem acompanhar as formações da FIFA, o mundo é globalizado. As coisas mudam e as pessoas não podem ficar para trás”.
Ele faz questão de reconhecer as limitações dos treinadores, ao referir que as capacitações decorrem, na sua maioria, na Cidade de Maputo, acrescentado que, havendo muitas dificuldades. Contudo, futuramente será exigido o nível B aos técnicos. A questão dos contratos por parte dos clubes será mais observada, como explica. Em caso de falta de contrato, Dlamini anuncia as medidas׃
– Atleta sem contrato não joga e estamos a articular com a própria Federação Moçambicana de Futebol (FMF) para que nenhum atleta possa ser registado sem que tenha contrato. Também queremos uma cópia do contrato para evitar situações de disputa desregrada.
Em relação à disponibilidade dos campos, o presidente lembra que na edição antepassada teve de cancelar um jogo, na cidade da Beira, por coincidir, no mesmo campo, com outro do “Mocambola”.
Para superar o problema, insta os dirigentes dos clubes a buscarem entendimentos com proprietários de campos que não servem a prova masculina.
Instado a analisar a evolução do futebol feminino, Dlamine considera que está a progredir, produzindo novos talentos e contribuindo, consequentemente, para a formação duma selecção nacional sólida.