Mussá Osman é treinador principal do Chingale de Tete desde a 9ª jornada da presente época do Moçambola. Advoga que encontrou uma equipa muito mal. Entretanto, volvidos quase dois meses de trabalho, mostra-se confiante na concretização do sonho da direcção daquela formação, que é a manutenção na máxima prova.
Mussa Osman é um dos poucos treinadores de futebol mais experientes que o país ainda tem. Actualmente com 58 anos de idade, é técnico desde os seus 23 anos, dos quais, alguns como adjunto, e outros como principal.
Durante a sua carreira já orientou várias equipas nos diferentes pontos do país, algumas do campeonato secundário, outras do principal. Nesse período conquistou alguns campeonatos.
Nos últimos tempos, esteve desligado do Moçambola, não por sua livre vontade, mas por causa de interferências de alguns indivíduos que ele próprio desconhece.
Entretanto, quis o destino que no seu reaparecimento fosse para tentar salvar o Chingale de Tete, que iniciou mal o presente campeonato, e actualmente conta com 14 pontos, dos quais seis conquistados no seu reinado.
O treinador recebeu o convite da direcção do clube com o desafio de garantir a permanecia no Moçambola. Mussa Osman confessou que não pensou duas vezes, aceitou o desafio porque acredita que tem capacidade. Mas quando chegou foi confrontado com certas situações, com realce para a falta de jogadores para alguns sectores e o tempo de trabalho.
O técnico referiu ainda que a situação ficou mais complicada quando foi informado que quatro jogadores, que eram preponderantes na equipa, tinham solicitado a sua saída, mesmo com contratos em vigor.
Trata-se de Chana e Pelotão, actuais reforços do Ferroviário de Nacala, e Nuno e Inocêncio, do Clube de Chibuto. Para além destes, o técnico dispensou outros dois.
Com a saída daqueles jogadores a equipa ficou desfalcada. Basta dizer que Chana era o seu melhor marcador. Para tapar a lacuna, o clube contratou outros quatro atletas que militavam em equipas da segunda liga.
Contudo, o treinador mostra-se confiante com o desenvolvimento da sua equipa, pois em seis jornadas disputadas conquistou nove pontos, e perdeu outros nove, fruto de três vitórias e outras tantas derrotas.
Sabe que ainda há muito trabalho por fazer no seio do conjunto de forma a conseguir impor o seu modelo de jogo. Actualmente, tem apenas a preocupação da falta de guarda-redes, uma vez o principal estar lesionado gravemente.
– Isso notou-se no jogo contra o Desportivo de Nacala, as duas bolas que sofremos foi por infantilidade dos meus jogadores. Trata-se de situações que vamos melhorar. Quando falaram comigo pediram a manutenção da equipa, e estamos a trabalhar para isso, acredito que se houver honestidade vamos conseguir, mas eu quero lutar para ficar nos lugares cimeiros da tabela classificativa, disse.
PROIBIDO DE TREINAR OS FERROVIÁRIOS
O jornal domingo tem informações segundo as quais o treinador Mussa Osman está interdito de treinar os clubes ferroviários. Procuramos saber Do técnico sobre os contornos desse impedimento. Não nos confirmou, ma deixou escapar que há indivíduos, desconhecidos por ele, de má fé, que estão a interferir na sua vida profissional.
Eu sei que os adeptos e sócios dos ferroviários gostariam de me ver a treinar as suas equipas, mas….., posso garantir que existem pessoas que já sentiam saudades do Mussa e Arnaldo Salvado, estamos de volta,disse.
Acrescentou que este futebol precisa de Mussa. As pessoas têm que saber que o Mussa não é aquele de que falam por ai. “Nunca vou responder, prefiro ficar calado. Olha! Eu nunca fiz lobbies para treinar uma equipa, mas gosto de falar a verdade, talvez seja isso que as pessoas não gostam”.
Contudo, não conhece os motivos desta atitude, mas mostra-se preocupado, pois os mesmos difamam-no junto dos dirigentes dos clubes.
Lembrou, durante a nossa conversa, que em cada início da época recebe vários convites para orientar algumas equipas, mas que não se concretizam quando os desconhecidos se apercebem do namoro.
Caso mais recente deu-se nos princípios do presente ano, 2016, quando foi chamado para treinar o Desportivo de Niassa a custo zero. Depois de terem acertado tudo, foi surpreendido pela imprensa quando anunciou o novo técnico.
Quando me ligaram falaram das condições da equipa e aceitei trabalhar com eles sem nenhum vencimento, e para garantir uma boa prestação no campeonato contactei alguns clubes para me fornecerem jogadores. Esses jogadores estariam a jogar a custo zero também, isto é, estariam a receber no seu clube. Facto curioso, é que eu sempre me comunicava com os dirigentes do clube, mas nunca tiveram a coragem de me revelar a verdade, uma semana depois ligaram-me para me pedir desculpas, disse.
Mussa lamenta ainda o facto de muitos clubes dependerem de amigos para a contratação de um treinador ou jogadores. As direcções das equipas não sabem se reunir e discutir sobre quem dá para contratar. Muitos são orientados por amigos ou dirigentes que não fazem parte da equipa.
Num outro desenvolvimento, o nosso entrevistado referiu que o tempo que parou esteve focado na formação profissional, para além de desenvolver algumas investigações sobre o futebol.
Num outro desenvolvimento, Mussa elogiou o desempenho de alguns treinadores novos, dos quais Zulu, do Ferroviário de Nacala, Vasquinho “Alemão”, do 1° de Maio de Quelimane, Chaquir, ex-Extrela Vermelha, e Víctor Manyamba (Desportivo de Niassa).
Federação injustiçou-nos
na Taça de Moçambique
Mussá Osman sente-se prejudicado pela Federação Moçambicana de Futebol (FMF) que marcou a falta de comparência à equipa do Chingale de Tete, pelo facto de não ter se deslocado a província de Manica, para fazer o jogo da Taça de Moçambique, fase zonal.
Para o treinador, a FMF agiu por má fé, uma vez que é do conhecimento dos dirigentes que as províncias da região centro estão assoladas pelo conflito militar, facto que não garante a segurança dos utentes das suas estradas.
Lembrou ainda que por causa dessa situação a região não está a disputar o campeonato da segunda liga. “Fiquei satisfeita quando foi eleita a nova direcção da federarão, mas frustrou-me quando decidiu arriscar a vida de mais de 20 pessoas”, atirou.
Mussá disse ainda que o sorteio daquela prova foi realizado na semana do jogo, numa quarta-feira, facto que não permitiu ao clube encontrar outras alternativas, como chegar a Chimoio através do Zimbabwe. Mesmo com esta medida, a equipa teria dificuldades, visto que nem todos os jogadores têm passaportes.
Sendo equipas da mesma zona, acho que deviam ter marcado uma eliminatória entre Chingale e União Desportiva do Songo e a outra entre Sporting da Beira e Textáfrica, enquanto se esperava o desenvolvimento da situarão militar,referiu.