Trinta e cinco treinadores concluíram semana finda com sucesso o curso de formação de nível “C” da Confederação Africana de Futebol (CAF) para orientar equipas femininas, numa iniciativa da Federação Moçambicana de Futebol (FMF).
A formação, que decorreu entre os dias 5 e 19 do mês em curso, contou com cerca de 35 formandos provenientes das províncias de Gaza, Inhambane, Tete, Maputo e Nampula, sendo seis do sexo feminino. Desde 2010, já foram formados 447 técnicos, dos quais 261 são do nível “C”.
Marta Mapilela, vice-presidente da FMF para a área de Finanças, mostrou interesse de ter mais mulheres a serem capacitadas no treinamento do futebol feminino, mas reconhece que isso “não foi possível” de se concretizar, sublinhando a necessidade de partilha dos conhecimentos dos formandos nos locais de proveniência.
“Os conhecimentos adquiridos que sejam replicados onde esses treinadores estão afectados”, disse, acrescentando que a federação irá empenhar-se para oferecer aos técnicos moçambicanos uma formação de nível “B”.
Abdul Abdulá, instrutor do curso e chefe do Departamento Técnico da FMF, disse que os treinadores beneficiários da formação estão devidamente preparados. Observou ainda que o nível do futebol feminino melhorou, apesar de existirem muitas jogadoras que não são reconhecidas.
Lembrou que durante os 14 dias teve dificuldades na transmissão do conhecimento devido às condições em que se encontra o campo do 1.° de Maio, no qual trabalhava. “Mas isolámos a qualidade do campo e procurámos treinar e eles demonstraram muita disciplina”.
As aulas eram teórico-práticas, com enfoque para a metodologia de treinamento, níveis de treinos, fisiologia e treinamentos de guarda-redes, concretizando o que o técnico qualificou de “dias intensos e cumprimos com as metas”.
Abdulá falou ainda das melhorias no futebol após o curso, destacando a organização do futebol nacional, ainda que lamente a falta de infra-estruturas melhoradas, pois “temos poucos campos de qualidade, mas vamos fazendo o nosso trabalho”.
FORMANDOS SATISFEITOS
Manuel Sibinde, da província de Gaza, disse que se sente satisfeito com a formação, pois veio no momento certo para contribuir no seu desempenho profissional. “Foram dias de muito trabalho, aprendi muito e vou levar isso para casa”, disse, referindo-se ao seu regresso para o Clube de Chibuto, onde trabalha com a equipa de juniores masculinos.
Confessou que “só orientava a equipa por curiosidade”, mas agora já está munido de instrumentos de trabalho. Sobre a falta de formações noutras províncias fora da capital, disse que há necessidade de enfrentar as dificuldades de cabeça erguida. “Quero fazer mais níveis, e isso só vai beneficiar ao distrito e a mim”.
O mesmo sentimento foi manifestado por Lizete Massinga, proveniente da equipa Viveiros de Nampula, que disse que pretende “colocar em prática tudo o que aprendi aqui. Vamos fazer chegar os ensinamentos”.
Diniz Januário, do Clube Muelé de Inhambane, falou do interesse que a formação tem, por ter sido dirigida por instrutores moçambicanos. Para ele, os 14 dias só serviram para aperfeiçoar as informações que já tinha com base nas suas pesquisas e melhorar o seu desempenho diário.
Enquanto isso, Ernesto Ngomane, chefe da turma, realçou a necessidade deste tipo de curso para o rápido desenvolvimento do futebol feminino. O treinador do Cosmos de Maputo sublinha que “gostava de ter a oportunidade de fazer o nível B, pois há coisas que fazia mal porque não conhecia e o rendimento da minha equipa poderá melhorar”.