A Academia de Boxe Lucas Sinóia perspectiva criar delegações provinciais para permitir que mais crianças e jovens moçambicanos pratiquem a modalidade, dando-lhes ao mesmo tempo a oportunidade de ganharem a vida com o desporto.
“Temos sido contactados por pessoas que gostariam de ver a nossa Academia a funcionar também fora de Maputo. A nossa resposta tem sido de acreditar que isso pode ser possível desde que existam condições que hoje não as temos que nos permitirão expandir a prática do boxe pelo país”, revelou-nos há dias Lucas Sinóia, patrono da academia que ostenta o seu nome.
A Academia Lucas Sinóia é a principal responsável pela aparição de muitos dos pugilistas que se fazem ao ringue nos dias em que no país se consegue organizar alguma prova. Foi nela que surgiu o boxe feminino, que hoje atrai raparigas e senhoras. É dela que o Estrela Vermelha de Maputo buscou pugilistas que o fazem de campeão nacional nos últimos anos, é a fonte dos demais clubes que continuam a praticar boxe.
“Fazer pugilistas de ambos os sexos é nossa vocação, mas deparamo-nos com sérias dificuldades, sobretudo financeiras, que reduzem a nossa capacidade de busca e treinamento do talento que o país tem em quantidade, mas que se perde nas comunidades rurais e urbanas”, referiu o antigo e mais cotado pugilista moçambicano.
“Neste momento não estamos em condições de fazer deslocar treinadores para fora de Maputo para trabalhos de descoberta de crianças talentosamente pugilistas, mas essa será sempre a nossa pretensão. Gostaríamos que fôssemos a KaTembe, Magude, Chibuto, Mutarara, Morrumbala, Gorongosa, Cuamba, Nangade, Manica, Angoche, Massinga à procura daqueles e daquelas que trariam medalhas para o país, mas não sabemos como lá chegar e lapidar o que muito existe de boxe. A nossa academia funciona à reboque dos nossos bolsos, o que não lhe permite sair de Maputo ou do Ginásio da Escola Secundária Francisco Manyanga, onde funciona em condições possíveis e não desejáveis.”
Para Lucas Sinóia, as academias desportivas, independentemente da modalidade, deviam ser acarinhadas por quem de direito do sector do desporto, porque são os verdadeiros viveiros do atleta que o país vem precisando, numa altura em que os clubes praticamente se demitiram da tarefa de formação, sobretudo das modalidades individuais.
Para que o desporto não desapareça, Sinóia apela para que, mesmo na crise financeira que vivemos, “se faça algo visível de formação do atleta de amanhã. Não há dinheiro, então vamos priorizar o que de verdade garante glórias ao país, que é o trabalho desenvolvido nas nossas academias.”
Manuel Meque
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