Os 16 clubes filiados na Liga Moçambicana de Futebol (LMF) para disputar o “Moçambola” 2016 defendem a revisão imediata do regulamento de utilização de jogadores estrangeiros no principal campeonato moçambicano.
O actual regulamento determina que cada clube participante no “Moçambola” pode inscrever um máximo de cinco atletas estrangeiros, dos quais, três podem ser convocados por jornada e apenas dois são autorizados a entrar em simultâneo no campo.
Isto significa que se um treinador convocar três atletas estrangeiros para determinado desafio, terá necessariamente que substituir um deles para o terceiro entrar no jogo.
A Federação Moçambicana de Futebol (FMF) assim deliberou com o propósito de defender os interesses nacionais, na crença de que os clubes vão apostar mais em atletas nascidos em Moçambique e, por via disso, oferecer maior número de escolhas aos treinadores das selecções.
As colectividades não concordam e entendem que é urgente a revisão do regulamento em vigor porque “é muito prejudicial desportiva e financeiramente”, conforme defenderam durante a XXI Sessão Ordinária da Assembleia-Geral da LMF realizada semana finda.
Apesar de ter sido colocado no ponto dos diversos, o assunto mereceu uma calorosa discussão por parte dos dirigentes dos clubes, os quais, exigiram uma resposta imediata do representante da FMF naquele encontro, no caso o Secretário-Geral Filipe Johane.
No entanto, Filipe Johane saiu mudo da reunião porque, tal como defendeu o presidente da Mesa da Assembleia-Geral, Moisés Mabunda, o Secretário-Geral da FMF estava ali na qualidade de convidado e sem direito a palavra na discussão dos temas apresentados.
“Os estatutos não permitem que ele intervenha agora nesta situação e não podemos passar por cima dos nossos estatutos”, defendeu Mabunda, tendo posteriormente o presidente da LMF, Ananias Couana, assumido o compromisso de encaminhar urgentemente o assunto à apreciação da direcção da FMF.
Rafik Sidat, presidente da Liga Desportiva de Maputo, que levou o ponto à discussão, disse que os clubes estão a gastar muito dinheiro com atletas estrangeiros sem retorno porque não podem explorar suas capacidades plenamente.
– Dizer que eles retiram o espaço ao jogador moçambicano é um argumento falso. É conversa para boi dormir. Os clubes deviam utilizar os cinco jogadores estrangeiros em simultâneo, argumentou Rafik Sidat.
As alegações do dirigente da Liga Desportiva foram prontamente suportadas pela maioria dos dirigentes, os quais, acusam a federação de tomar medidas que não protegem os clubes, os principais responsáveis pelo movimento do futebol no país.
ALOJAMENTO (AINDA)
PREOCUPA EM QUELIMANE
Antes de abordarem a revisão do regulamento de utilização de jogadores estrangeiros no “Moçambola”, os clubes apreciaram e aprovaram por unanimidade os Relatórios de Actividades e Contas da LMF de 2015, o Plano de Actividades e o Orçamento de 2016.
As discussões dos quatro documentos giraram à volta dos retornos financeiros das transmissões televisivas que os clubes não estão a beneficiar-se devido ao incumprimento pela Televisão de Moçambique do acordo celebrado com a LMF.
É um assunto de barba branca ainda sem solução. De resto, para o presente ano, a direcção da LMF decidiu não atribuir à TVM os direitos de transmissão do campeonato, podendo o canal público difundir jogos a título de serviço social sem necessariamente coordenar com a LMF o seu programa.
Os clubes sugeriram inclusive assumir a responsabilidade de negociarem eles próprios a transmissão dos seus jogos, uma possibilidade que ficou adiada porque a direcção da LMF anunciou estar a dialogar com a Multichoice Moçambique para a transmissão dos jogos nos canais desportivos da DSTV.
Também mereceu especial atenção a qualidade de alojamento que está a ser proporcionado aos clubes pela LMF, com notas negativas a serem atribuídas para Quelimane e Vila Olímpica do Zimpeto, cidade de Maputo.
A direcção da LMF reconheceu que em Quelimane o alojamento é indecente e a cidade de Manuel de Araújo não tem muitas ofertas no ramo, por isso, há insistências com o proprietário do actual hotel para melhorar condições.
O trabalho da Comissão Nacional de Árbitros de Futebol (CNAF) foi contestado, com os clubes a comungarem a necessidade de aplicação de penas exemplares aos árbitros que cometerem erros graves durante o campeonato.
CAMPO DO MAXAQUENE
A PARTIR DE JULHO
O campo do Clube de Desportos da Maxaquene estará disponível a partir de Julho para acolher os jogos do “Moçambola”, conforme garantias da direcção “tricolor”.
O recinto está a beneficiar-se de obras de reabilitação. A relva antiga foi totalmente removida, a base foi intervencionada para o plantio duma nova relva com um sistema de rega melhorado.
Enquanto o campo da Baixa não estiver disponível, o Maxaquene vai utilizar o Estádio Nacional do Zimpeto para os jogos do “Moçambola”.
A reabilitação do campo do Maxaquene vem confirmar o fim do acordo celebrado no passado com o Grupo Afrin tendo em vista alienar parte das instalações do histórico clube.
Foi no âmbito desse acordo que os “tricolores” utilizaram durante várias épocas o campo da Machava (ex-Metal Boxe), que também passou pela gestão do Matchedje e é actualmente gerido pela Liga Desportiva de Maputo.
CNAF tem nova direcção
A Comissão Nacional de Árbitros de Futebol (CNAF) passa a ser dirigida por José Ferreira Garrincha, que no elenco da Federação Moçambicana de Futebol (FMF) ocupava o cargo de Vice-presidente para a Alta Competição.
Garrincha é antigo árbitro e com larga experiência no sector, tendo nos últimos anos se destacado como delegado nos jogos do “Moçambola”.
Na CNAF, Garrincha será coadjuvado por Acácio Víctor, também antigo árbitro. A dupla tem a missão de credibilizar o sector, bastante contestado nas últimas épocas. Garrincha substitui no cargo Júlio Mungói, que tinha assistência de Fernando Massave.
A FMF não emitiu qualquer comunicado dando conta desta mudança, que, tal como domingo apurou, não foi pacífica na classe da arbitragem.
Couana trabalha em Nampula e Lichinga
O Presidente da LMF, Ananias Couana, termina hoje uma visita de trabalho que efectua desde ontem às cidades de Nampula e LIchinga com o propósito de verificar o estágio de preparação do “Moçambola”.
Em Nampula, o dirigente máximo da LMF vai inteirar-se do actual estado dos balneários do Estádio 25 de Junho, reabilitado ano passado. O empreendimento foi entregue ao clube pelo empreiteiro ainda com alguns defeitos nos balneários.
“Em Nampula estamos tranquilos relativamente ao relvado sintético do Estádio 25 de Junho. Falta-nos apenas verificar o estado dos balneários”, anotou Couana.
Apontou como principal preocupação da sua direcção a escassa informação existente sobre as obras de reabilitação do Estádio Municipal de Lichinga, recinto que vai acolher os jogos do primodivisionário Desportivo do Niassa.
Para além de verificar o piso do Estádio Municipal de Lichinga, os acessos, tribuna e balneários, o presidente da LMF vai manter um encontro com a direcção do Desportivo do Niassa para transmitir a importância do “Moçambola” e suas exigências.
“À semelhança do que fazemos com os outros clubes, vamos deixar em Lichinga uma mensagem da necessidade de um trabalho árduo, organização e muita entrega para que a meio da época não se registem preocupações não atendidas dos técnicos e atletas”, disse o dirigente.
Songo – Desportivo de Nacala
no Festival de Abertura
O desafio entre a União Desportiva do Songo e o Desportivo de Nacala vai assinalar o arranque da disputa do “Moçambola” no dia 12 de Março próximo. Sorteado para a 7ª jornada, o embate substitui o duelo Songo – Liga Desportiva, em virtude de nessa data o detentor da Taça de Moçambique de 2015 jogar para a Taça CAF.
No Songo, o Festival de Abertura será abrilhantado por vários artistas locais e oriundos de Maputo. O evento vai reunir também autoridades políticas e desportivas a vários níveis.
A primeira jornada comporta os desafios Maxaquene – Desportivo, Estrela Vermelha – ENH Vilankulo, Chingale – Ferroviário de Nacala, Ferroviário da Beira – Desportivo do Niassa, Ferroviário de Nampula – Clube do Chibuto e Costa do Sol – 1° de Maio.
Ferroviário de Maputo e Liga Desportivo só entram depois em prova, sendo que seus adversários saídos do sorteio para primeira jornada vão protagonizar o jogo de abertura.