O Benfica de Monapo está zangado com a Federação Moçambicana de Futebol (FMF). Desde 24 de Setembro último que aguarda pela resposta do protesto que apresentou denunciando a utilização ilegal de três jogadores por parte da Liga Desportiva de Monapo, em jogo ganho por esta agremiação por 1-0.
Ao invés de ver o seu protesto respondido, o Benfica depois de jogar com o Desportivo do Niassa, a 26 de Setembro, foi surpreendido com um comunicado que suspendia um seu jogador e o seu delegado, alegadamente por mau comportamento depois do jogo com a Liga Desportiva, cuja contestação também ainda não teve resposta.
O presidente do clube, Nelson Carlos Semedo, procurou pelo jornal domingo para contar o que se passou, com a esperança de que, finalmente, o Benfica de Monapo vai ser percebido e alguém de direito vai aparecer a repor a verdade desportiva no futebol. Isso a acontecer, julga que será o digno vencedor da poule Norte para o Moçambola de 2016.
“É jornalista do jornal domingo? De Nampula fala Nelson Carlos Semedo, presidente do Benfica de Monapo”.
– Sim, sou. Diga senhor presidente – respondemos.
“Na poule, em Lichinga, antes do jogo com Liga Desportiva de Monapo, dia 24 de Setembro, quinta-feira, porque tínhamos conhecimento de que a equipa adversária continha três jogadores mal qualificados, fizemos denúncia junto do árbitro, dez minutos antes do início do jogo. Saímos de Monapo a saber que três dos jogadores da Liga Desportiva jogavam ilegalmente. O árbitro depois de nos ouvir disse-nos que era tarde e que o assunto seria tratado no intervalo. Não parámos por aí. Fomos ter com o delegado do jogo, este ouviu-nos com muita paciência, fez anotações, prometendo que iria informar a quem de direito. Ficamos sossegados e fomos jogar sob protesto”.
– Não voltaram a ter com o árbitro? – questionámos.
“Acabado o jogo, em que perdemos por 1-0, pedimos ao árbitro que nos mostrasse a ficha técnica da Liga Desportiva de Monapo e os respectivos cartões de jogadores. Mal focamos no assunto, o árbitro mudou de comportamento e chamou pela polícia, que se encarregou de nos escorraçar do local. Ele, o árbitro, se misturava com os elementos da Liga Desportiva. Porque insistimos, mesmo empurrados pelos elementos da polícia por ele chamados, o árbitro acabou entregando a ficha a um outro árbitro que não fazia parte do jogo para nos mostrar. Comprovamos que os três jogadores ilegais fizeram o jogo usando outros nomes, mas esqueceram-se de mudar de caras”, contou Semedo.
Isac Pedro incluído
– Tinham provas da denúncia?, quisemos saber.
“Como não ter, se somos clubes da mesma cidade e nos conhecemos uns aos outros! Nós apresentamos as provas. Esse emissário do juiz principal entregou-nos o boletim do árbitro. Protestamos e entregamos o documento a ele. Creio que se chama Feliciano. E depois fomos à Associação Provincial de Futebol do Niassa, onde informamos do protesto e falamos com o senhor Isac Pedro, representante da FMF. Isac Pedro disse-nos que devíamos pagar uma caução de quinze mil meticais (15.000Mt). No dia seguinte, fomos pagar a caução, juntamente com o fundamento recomendado pelo representante da FMF. Até hoje (21 de Outubro) ainda não obtivemos resposta da FMF”,disse o nosso interlocutor.
– Não houve mais problemas. É isso?
“Calma aí! Esse jogo foi numa quinta-feira e no sábado tínhamos outro com o Desportivo do Niassa. Ganhámos o jogo do sábado por dois a zero. Para o nosso espanto, depois recebemos comunicação de que havíamos sido retirados três pontos do jogo com Desportivo do Niassa por, alegadamente, termos utilizado um jogador suspenso, assim como o nosso delegado, supostamente por terem agido mal no fim do jogo com a Liga Desportiva de Monapo, no tal dia que fomos maltratados pela polícia chamada pelo árbitro de jogo. Se o nosso jogador e o nosso delegado tivessem agredido ao árbitro a sua suspensão tinha que nos ser informada antes do jogo com o Desportivo do Niassa. Não acredito que as normas que regem o futebol tenham mudado excepcionalmente em Moçambique. É uma inovação da FMF. Fizemos contestação junto da FMF e até agora não tivemos resposta”, afirmou.
Reposição da verdade desportiva
O que esperam do protesto e da contestação? – indagámos
“Nós queremos a reposição da verdade desportiva no futebol, essa muito desejada pelo presidente da FMF, Alberto Simango jr, a avaliar pelos seus discursos de campanha eleitoral. Estamos à espera. Se houver justiça, o Benfica de Monapo fica digno vencedor da poule Norte com dez pontos, já que para os quatro clubes viciadores de resultados (17-0 e 11-0) só existe uma única punição, desqualificação do futebol de alta competição para o futebol recreativo, uma medida que em todo mundo tem servido para limpar o desporto de inverdades”.
– Querem ir ao Moçambola à custa da corrupção dos outros?
“Isac Pedro poderia ter evitado tudo. Para nos retirar três pontos não precisou de regressar a Maputo, como precisou para o nosso protesto e nossa contestação, de que ainda aguardamos pelas respostas. É curioso que que se preocupou com a derrota do Desportivo do Niassa foi Isac Pedro e não o próprio clube que nem apresentou protesto. Alguém deve ter dito: Isac Pedro, toma e vá retirar três pontos ao Benfica de Monapo. Se não tivesse havido tais falcatruas, com a colaboração de Isac Pedro, o futebol nacional não estaria ferido como está”, acusou Nelson Carlos Semedo.
Tudo o que fiz foi legal
– Isac Pedro, representante da FMF
Numa entrevista que nos concedeu para reagir às acusações que lhe são imputadas, Isac Pedro, representante da FMF na poule Norte, nega ter estado em esquemas de beneficiar este ou aquele clube.
– Senhor Isac Pedro, o presidente do Benfica de Manapo diz que este clube só teve conhecimento de que um seu jogador e o delegado tinham sido punidos, alegadamente por terem agredido o árbitro do jogo anterior, depois de ter jogado e ganho ao Desportivo de Niassa. Isso corresponde à verdade?
Os dois agrediram o árbitro no balneário e foram mostrados cartão vermelho.
– Se agrediram ou não, porque a sua suspensão só foi comunicada ao clube depois do jogo com Desportivo do Niassa? Não podia ser antes?
Olha, aquele que está no futebol sabe que um jogador com cartão vermelho no mínimo não faz o jogo seguinte.
– Mas isso não requer comunicação por escrito? Já agora, o senhor assistiu a essa agressão e a consequente exibição de cartão vermelho por parte do árbitro?
Eu não estive presente. Vieram-me informar. Mas toda gente, incluindo o Governador do Niassa, viu um elemento do banco técnico do Benfica a ir bater num espectador.
– Foi preso?
Não.
– Portanto, o senhor Isac não esteve metido em esquemas de prejudicar o Benfica de Monapo, que se queixara contra a Liga Desportiva de Monapo!
Não estive metido em nada. Até andava doente e regressei doente. Tudo o que fiz foi legal. O dinheiro de caução foi pago via banco. Eles queriam que eu resolvesse de imediato o seu protesto, mas informei-lhes de que isso só podia ser feito pelo Conselho de Disciplina, em Maputo.
– E não se precisou de Maputo para punição do jogador e delegaado do Benfica?
Toda gente sabe que quem tem vermelho não joga. Cabia a eles evitar isso.
– Que diz da denúncia de que a Liga Desportiva de Monapo utilizou três jogadores ilegalmente?
Tais jogadores eram de Abdul Hanane. Nós não aceitamos os inscrever. Agora, se mudaram de nomes, não sabemos.
FMF chumba protesto
e valida resultado do jogo
A Federação Moçambicana de Futebol (FMF), através do seu Conselho de Disciplina, reunido em sessão ordinária no dia 14 de Outubro de 2015, chumbou o protesto do Sport Monapo e Benfica, referente ao jogo da 4ª jornada da Poule de apuramento da zona Norte, realizado dia 24 de Setembro, no campo 1º de Maio, na cidade de Lichinga.
A FMF alega que o protestante não “ apresentou provas factuais bastantes e convincentes que pudessem sustentar o seu protesto, mesmo tendo possibilidades para esse efeito, ao que não resta outra decisão que não seja a de considerar, por força da dúvida suscitada, que os jogadores constantes no Boletim de Encontro do referido jogo, mais precisamente a Relação dos Técnicos e dos Jogadores, efectivos e suplentes da equipa da Liga Desportiva do Monapo, foram os que efectivamente se fizeram no rectângulo do jogo e banco de suplentes.”
O Benfica de Monapo alegava no seu protesto a má qualificação dos jogadores da Liga Desportiva do Monapo, nomeadamente Apaite Domingos Apaite, Domingos Matola e Felex Ramadan Aly. Dizia que Apaite, em 2014, representou Benfica de Monapo, tendo concluído a época no Benfica de Nampula, onde este ano, 2015, se encontrava filiado até ao fim do campeonato provincial. E que no jogo de da poule de 24 de Setembro utilizou a camisola nº16 da Liga Desportiva em nome de outro jogador (Lucas José de Melo). E que Domingos Matola representou Transalte de Nacala Velha, tendo no jogo em referência utilizado o número 7 da Liga Desportiva, jogando também com outro nome (Alberto M. Chamusse).