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Queremos colocar o país na rota dos concertos de jazz

Por admin

Maputo ainda tem o gosto adocicado do concerto de George Benson e já se prepara para vibrar ao som do Funk dos Kool ant the Gang, mítica banda norte-americana que fez bastante furor entre nós com temas como Celebration, Cherish e Jungle Boogie. A banda fundada pelos irmãos Ronald Bell e Robert “Kool” Bell actuará em Novembro no dia cidade das acácias!

Em 1964, em New Jersey,  Khalis Bayyan (AKA Ronald Bell) e o seu irmão, Robert “Kool” Bell, juntaram-se aos vizinhos  Robert “Spike” Mickens, Dennis “Dee Tee” Thomas, Ricky Westfield, George Brown e Charles Smith para criarem um som revolucionário que misturava o jazz, soul e o funk.

Inicialmente chamaram o grupo de The Jazziacs, depois New Dimension, The Soul Town Band, Kool and the Flames, antes de adoptarem o nome Kool and the Gang, coincidentemente título do primeiro disco lançado em 1969.

Ao longo dos tempos, a banda foi lançando vários discos e hits, sendo de destacar o disco Ladies Nightcom o qual ganharam a primeira Platina. Choveram outros tantos êxitos Get Down On It, Take My Heart, Let’s Go Dancing, Joanna, Tonight e Misled. Depois, o albumEmergency praticamente cimentou a posição da banda nos cânones do funk. Envolvidos em outras frentes, os grupo participou, em 1984, no Band Aid`s no projecto Do They Know That its Christmas, visando ajudar as vítimas da fome em África.

Com a explosão do Hip Hop, os Kool and the Gang reinventaram-se, sem perderem as suas raízes, e abriram espaço para colaborações com artistas como Lil´ Kim, Sean Paul, Ashanti e Blackstreet. Essa desenvoltura pode ser testemunhada, por exemplo, no disco Still kool que a banda lançou e conquistou diversos prémios.

O espectáculo desta banda está projectado para acolher 20.000 pessoas e terá lugar na zona da praia. Toda logística está sendo preparada para que todas as comodidades tenham lugar como tem sido apanágio da BDQ Concerts. E é vinda dessa espectacular banda ao nosso país o mote para uma conversa com Belmiro Destino Quive, o produtor do Moments of Jazz.

Belmiro Quive é o rosto visível do projecto Moments of Jazz, que já trouxe ao nosso país artistas de outra “galáxia”, como sejam os casos de Earl Klugh, Richard Bona, Marcus Miller, Gerald Albright, Kirk Whalum, Lee Ritenour, Euge Groove e George Benson entre outros artistas que eram impensáveis há poucos anos. Qual é a filosofia do Moments of Jazz?

A vinda dos artistas acima mencionados, enquadra- se no sonho meu de colocar Moçambique na rota do jazz internacional com vista a promover o turismo cultural e proporcionar o intercâmbio entre artistas nacionais e estrangeiros.

Pode também partilhar com os leitores do domingo de onde veio a inspiração para a produção destes concertos?

Sou grande apreciador de vários ritmos musicais no geral e do jazz em particular. Sempre que possível, faço- me presente nos grandes festivais internacionais. A motivação partiu dessas viagens pois, gostaria de ver esse movimento turístico e cultural na minha cidade que e Maputo.

FALTA-NOS ESTRUTURA

O que implica produzir um espectáculo da dimensão do que o Moments of Jazz tem vindo a fazer, em termos técnicos, recursos humanos e financeiros?

É um exercício complexo. Não e nada fácil produzir espectáculos em Moçambique. Em termos técnicos, obriga uma logística que passa necessariamente por alugar parte do material na vizinha África do sul. Como deve saber, não temos muitos espectáculos em Moçambique que justifiquem muito investimento em equipamento. O recurso é alugar no país vizinho como alternativa para poder responder a componente técnica exigida pelos artistas.

Em termos financeiros, também é um exercício muito grande. É difícil viabilizar espectáculos de primeira classe em Moçambique, sem ajuda de patrocinadores. A estratégia é juntar o maior número de parceiros e patrocinadores porque de outro modo é impossível. A bilheteira jamais ira viabilizar grandes espectáculos. Em termos de recursos humanos, temos potencial humano. Não há razões de queixa.

Quais os artistas que já actuaram no nosso país?

Moments of Jazz teve a felicidade de promover os melhores do jazz do mundo: Estou a falar de Gerald Albright, Earl Klugh, Lee Ritenour, Norman Brown, Euge Groove, Richard Bona, Marcus Miller, Jimmy Dludlu e George Benson.

Qual a evolução que notou, quer em termos de reacção do público, quer no que diz respeito a interacção dos referidos artistas e o público?

Conseguimos trazer para Moçambique artistas de primeira classe, que nem eu mesmo imaginava vê-los em Moçambique. Em termos de público, conquistamos a confiança perdida num passado recente. Refiro-me ao velho dogma dos eventos que eram publicitados e não aconteciam. Conseguimos educar o público a questão da pontualidade no inicio dos eventos. Está é uma das grandes marcas do Moments of Jazz (pontualidade). Mas também, conquistamos o carinho do público pois criamos momentos ímpares para os amantes de boa música, proporcionando um contacto directo com a música ao vivo de qualidade e contacto com os artistas. Algo impensável num passado recente.

Quais os artistas que merecem um destaque, claro sem desprimor dos outros e porquê?

Tenho a felicidade de dizer que todos os artistas promovidos pelo Moments of Jazz são verdadeiras lendas vivas. No âmbito dos sopros, trouxemos os melhores executores de saxofone ( Kirk Whalum, Gerald Albright & Euge Groove), No baixo  (o incomparável  Marcus Miller e o grande professor Richard Bona). Na guitarra (Lee Ritenour, Norman Brown, Earl Klugh e George Benson) sem nos esquecermos de Jimmy Dludlu.

QUEREMOS CRIAR

PARCERIAS ENTRE ARTISTAS

Em Dezembro de 2015 Moments of Jazz trouxe o Earl Klugh acompanhando pela sua banda que inclui outros artistas de grande calibre. Que aproveitamento o país faz da vinda desses artistas?

Earl Klugh esteve 2 vezes em Maputo pela mão do Moments of Jazz. Em Dezembro de 2015 teve o prazer de fazer UM Master Class na Escola de Comunicação e Artes  da UEM (ECCA). Foi uma experiência única para os estudantes e espero que tenham capitalizado. Queremos repetir sempre este tipo de experiências para criar parcerias entre os nossos artistas e os estrangeiros.

Produzir um espectáculo internacional implica grandes investimentos financeiros. Como é que conseguiu estabelecer parcerias para o Moments of Jazz?

O Moments of Jazz é uma plataforma que esta a ser explorada de varias formas. Uma dela é a componente comercial. Através dela, aliciamos potenciais patrocinadores para exporem as suas marcas. A experiência é positiva. Temos vários parceiros, desde telefonia móvel, banca, gasolineiras e demais instituições que só engrandecem o projecto. É através destes patrocinadores que viabilizamos os espectáculos. Estamos abertos para mais patrocinadores pois eles são a razão da nossa existência e deste sucesso.

E essa plataforma inclui os artistas nacionais…

Absolutamente. Em todas as actividades temos sempre artistas nacionais. O Moments of Jazz tem um modelo próprio que consiste em dividir o espectáculo em 2 partes. A primeira parte será sempre abrilhantada por um artista nacional. A segunda parte pelo estrangeiro. Não é por acaso que artistas como Zoco Dimande, Jimmy Dludlu, Seth Suaze, Cremildo de Caifaz, Majeschoral e muitos outros actuaram nos nossos eventos.

A BDQ Concerts trouxe a Maputo o Mestre George Benson. É a cereja no cimo do bolo?

George Benson, é um dos melhores guitarristas do mundo. No Jazz eu considero o número um do mundo. É o artista que me faltava trazer para definitivamente afirmar que Moçambique está Na Rota Mundial do Jazz Mundial.

O que representou a vinda deste artista para o projecto em particular e para o país no seu geral?

É um marco histórico para cultura e turismo em Moçambique. George Benson, não passa despercebido em qualquer país. A título de exemplo, pelo respeito que a figura representa, já foi recebido por onde aterrou e actuou, por presidentes dos respectivos. Já esteve em Angola e foi recebido por Sua Excelência José Eduardo Dos Santos. Na Inglaterra já foi recebido pela Rainha. Estes indicadores provam por sim so a sua importância não só como artista mas também como um cidadão do mundo.

George Benson é conhecido por ser um artista de difícil acesso. Como foi o processo negocial?

Estou neste mundo de promoção de espectáculos há 4 anos e pude aprender muita coisa. George Benson e’ uma estrela e o seu acesso é muito difícil. O contacto é feito por uma cadeia de 3 managers. A seriedade é a chave. Tive essa sorte de ultrapassar as 3 barreiras e chegar a George Benson. O meu currículo como promotor pesou para esse efeito. Dois grandes amigos de George Benson tiveram um papel fundamental no processo; estou a falar de Earl Klugh e Marcus Miller. Antes da vinda dele, estive num cruzeiro de jazz nos EUA e recebi uma chamada no meu quarto a informar-me que George Benson iria me receber pois teve conhecimento que o promotor de Moments of Jazz estava no mesmo cruzeiro. Ele também sabia que tinha sido esse mesmo produtor que tinha organizado os concertos dos seus colegas e amigos (Marcus Miller e Earl Klugh). Depois fiquei a saber que tinha sido Marcus Miller a fazer chegar todas indicações ao GB sobre o Moments of Jazz.

Há um fenómeno a realçar neste processo. É que GB actuou no nosso país e só depois na África do Sul. Normalmente é o contrário. O que aconteceu deste vez?

Quando submeti a minha proposta para o manager em Londres, não sabia que GB iria para África de Sul. Em resposta tive este conhecimento. Mandaram me aguardar até fecharem o negócio com África de sul. Dias depois foi confirmado que GB iria para África de Sul (Durban, Cape Town & JHB) nos dias 10, 12 & 15 e que tinha manifestado interesse em vir para Moçambique antes de começar o tour na RSA. Foi sorte conseguir este cenário porque realmente, este show só seria viável neste termos.

Se tivesse sido o contrário, havia o risco de muitos moçambicanos irem a África do Sul e depois “gazetarem” no espectáculo de Maputo…

Sim. É verdade. Há muitos moçambicanos não perdem a oportunidade de viajar para África do Sul para assistirem este tipo de espectáculos e não tenho dúvidas que se as datas estivessem invertidas, iríamos perder parte do nosso publico no show em Maputo, infelizmente.

Que sinergias resultaram da vinda de GB ao nosso país?

Tenho como parceiros institucionais o Ministério Da Cultura, Ministério do Turismo, Conselho Municipal da Cidade de Maputo e a UEM. Espero que saibam capitalizar esta vinda do GB para Maputo. Eu como promotor já fiz a minha parte.

Um aspecto chama atenção nos espectáculos que tem estado a organizar. Com raras excepções, acontecem em tendas gigantes…

O grande problema é que não temos espaços, salas com grande capacidade. No caso de George Benson, por exemplo, planificamos um espectáculo para 3000 pessoas. Não há na cidade uma sala com essa capacidade daí termos recorrido a Tenda gigante ali no Campus da UEM onde, para além disso, havia facilidades para o estacionamento de viaturas entre outros aspectos. Ter 3000 pessoas e mais o pessoal de apoio num espaço exige uma logística especifica…

Já é tempo de termos um espaço com essas condições todas.

Claramente. Não se pode pensar em grandes eventos sem essas condições. Agora, para o dia 10 de Novembro, estamos a pensar em 20.000 pessoas… ora isso exige uma ginástica muito grande mas felizmente tenho uma equipa dinâmica que me permite encarar esse desafio com a serenidade necessária…

Há outros artistas na calha?

Há. Grandes nomes sim mas temos que ser cautelosos e gerir muito bem as agendas.

Nomes?

Há contactos mas é melhor aguardarmos melhor oportunidade!

Belmiro Adamugy
belmiro.adamugy@snoticicas.co.mz

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