O fotógrafo moçambicano, Adiodato Gomes, vai expor "Luvano", na Fundação Fernando Leite Couto, cidade de Maputo. A mostra fotográfica, que comporta 17 fotografias, estará patente a partir do dia 7 de Julho. Thobile Magagula é a modelo zimbabueana fotografada com objectivo de valorizar a vida e superar os preconceitos sociais em relação a fotografia.
Adiodato usa e abusa das lentes da sua câmera para registar e eternizar os momentos, tendo como princípio: “valorizar a vida”.
Com este trabalho o autor afirma que pretende: “quebrar os preconceitos sociais sobre a arte de fotografar, chamar atenção sobre a valorização do corpo feminino”.
A exposição será acompanhada por uma performance de Thobile, modelo fotografada que também é artista e membro do grupo Spirits Indiginous.
“Luvano” não é apenas um desfile de fotografias da Thobile. Comporta também as pinturas no seu corpo que foram feitas pela artista criativa francesa, Lea Barreau˗Tran.
Adiodato, sensibilizado pelas pinturas e pelas fotografias, decidiu expô-las:“Levei muito tempo para digerir as imagens, uns 2 anos e cada vez que as via, fui achando que podia ser um bom projecto ”.
A selecção das fotografias coube ao curador Filipe Branquinho. O artista captou cerca de 400 fotografias e, para tal, contou com a paciência da modelo, pelo facto de o fotógrafo considerar que é um trabalho que exige muita concentração. Gomes, acrescenta que teve dificuldades para arranjar curador: “recusavam-se pelo facto de ter trabalhado com uma e única modelo”.
Fotografar sem preconceitos
Quando o autor das fotografias idealizou a exposição tinha a designação de “Preconceito”. Porém, recuou na decisão do título e, por conta disso, a exposição irá chamar se “Luvano”, em homenagem ao filho da modelo Thobile.
Expor uma mulher semi˗nua e grávida não deve ser fácil para a sociedade, pelo facto de esse tipo de fotografia não ser comum. “Normalmente, elas aparecem também com peito tapado e é sempre a mesma coisa”, reclama o fotógrafo.
Na conversa, o entrevistado contou que quando ia idealizando a exposição , fazia consultas junto às mulheres. “Elas sempre assustavam-se e perguntavam porque é que ela aceitou aquilo. Até tive outra mulher grávida que lhe fotografei, mas ela disse que não era para publicar as fotos”.
O nosso interlocutor lembra que já tinha essa ideia, mas não sabia como materializá˗la. O destino uniu os três artistas. “A Lea estava cá, hospedada na mesma casa com a modelo que fotografei. Mas antes de fazer esse trabalho, já havia feito outro com Lena Baule, de pinturas culturais”.
A sugestão de quem devia fazer o registo fotográfico, foi de Lena Baúle, mas Adiodato conta que já conhecia a modelo: “trabalhamos juntos em cartazes dela para os concertos e isso fez com que a modelo se sentisse mais a vontade”, lembra o expositor.
A secção única de fotografias durou um pouco mais de 3 horas e 30 min. Gomes esclarece que a fotografia é um momento único: “se repetires terás melhor finalização, mas não será natural”.
Nascido em Maputo, Adiodato Gomes, irá realizar a sua primeira exposição individual. Já participou em exposições colectivas, como “Homenageando Ricardo Rangel”, em 2011 e “Greve 2010”, entre outras.
Texto de Pretilério Matsinhe