O Chefe do Estado declarou um basta aos ataques da Renamo, sustentando não fazer nenhum sentido que estes continuem a semear terror às populações, numa altura em que estão a ser desenvolvidas todos mecanismos pacíficos para responder as inquietações daquele partido político com representação parlamentar.
Na sexta-feira finda a Renamo protagonizou dois ataques nas províncias da Zambézia e Manica, este último visando viaturas de jornalistas da TVM, Rádio Moçambique e ICS (Instituto de Comunicação Social), ambos órgãos do serviço público, em Moçambique, que seguiam viagem ao distrito de Macossa, que no dia seguinte (Sábado) receberia a visita do Chefe de Estado.
O ataque selectivo às viaturas dos jornalistas, tendo em conta que ambos traziam os distintivos das respectivas empresas jornalísticas, surpreendeu ainda mais a sociedade moçambicana, principalmente a classe dos jornalistas que saiu a condenar em termos veementes o acto, quer individualmente, quer através do seu Sindicato (SNJ) que participou imediatamente à Federação Internacional dos Jornalistas, quer pelo Instituto de Comunicação Social da África Austral (MISA) capítulo moçambicano, bem assim através do Conselho Superior de Comunicação Social, órgão do Estado moçambicano que regula as liberdades de imprensa, dos jornalistas e o direito à informação.
Perante estes actos, classificados de autêntica ameaça à paz, à convivência social e ao próprio Estado, Filipe Nyusi, disse à população que acorreu ao comício de Mossurize que os promotores estão há muito tempo identificados embora se enganem que se disfarçam.
Acrescentou que quando se fala de paz, o mesmo grupo entende que seja o sinónimo de guerra. Enquanto se fala de paz, eles entendem o contrário. Entendem que seja guerra. Matam e destoem bens da população. Isso não pode ser tolerado. Enganam-se que são mais fortes do que o Estado, do que o povo insurgiu-se Filipe Nyusi, visivelmente constrangido pelo cenário de belicismo protagonizado pela Renamo.
Basta de ataques da Renamo. Chega! Moçambique está crescer. O povo quer trabalhar e produzir comida para alimentar-se, construir suas casas, educar seus filhos e viver num clima de paz. A Renamo não pode continuar significar a desgraça para os moçambicanos, sublinhou o Presidente da República.
Filipe Nyusi, que elencou realizações do Governo, respeitantes ao desenvolvimento socioeconómico, afirmou haver tendências claras da Renamo, visando contrariar os objectivos do seu Executivo.
A população clama pelo bem-estar, ter casa condigna, água potável e alimentação. Para isso é necessário que a Renamo se reencontre consigo mesmo, deixe de fazer ataques e junte-se aos esforços do governo tendentes à busca da paz. Com a paz os moçambicanos podem continuar a produzir e melhorar as suas condições de vida, referiu.
Intervindo no comício popular, os residentes de Mossurize pediram ao chefe de Estado para destacar uma unidade das Forças de Defesa e Segurança para aquele distrito com vista a permitir que a população se movimente com segurança, contrariamente ao que acontece actualmente devido a ameaça da Renamo.
Francisco Moiana, um dos intervenientes, disse que o povo quer produzir, mas a presença dos homens da Renamo e as frequente matanças que se verificam em algumas zonas daquele distrito intimidam a população, impede-a de produzir, daí a necessidade de se destacar um exército para o distrito a fim de repor a ordem.
Senhor presidente, pedimos um efectivo militar para garantir a nossa segurança. O distrito tem que ter um quartel para repelir a acção criminosa dos homens da Renamo que não nos deixam trabalhar e gerar riqueza, acrescentou Moiana.
Trinta anos depois: água
já jorra em Espungabera
No primeiro dia de trabalhos na província de Manica, o Presidente da República inaugurou um sistema de abastecimento de água à vila de Espungabera, sede do distrito de Mossurize. O empreendimento custou mais de 36 milhões de meticais provenientes dos governos de Moçambique e Holanda e do Fundo das Nações Unidas para Infância (UNICEF).
O valar foi aplicado na materialização dum projecto de água potável canalizada que vai abastecer 11.279 habitantes de um universo de 14 mil residentes daquela vila localizada a Sul da província de Manica.
As obras foram consignadas no ano passado, implementadas pela Administração de Infra-estruturas de Água e Saneamento, com o término em Junho do presente ano. Permitirão a elevação da cobertura no fornecimento daquele líquido precioso. Até a inauguração do sistema, apenas 3.700 pessoas é que beneficiavam de água canalizada, cujo abastecimento era deficiente, razão porque muitas famílias recorriam às fontes alternativo-tradicionais.
Dados indicam que o actual nível de abastecimento representa um crescimento em 86.7 por cento de pessoas com água potável, o que também significa a redução de situações de doenças de origem hídricas.
Gerido pelo Governo local, o sistema compreende estações de captação, conduta adutora de cerca de 1.100 metros, depósitos em betão armado de 60 metros cúbicos, uma rede distribuidora actualmente com 250 ligações. A distribuição é feita por gravidade aos três bairros, nomeadamente, o de Cimento, Primeiro de Maio e Chicocha, por cinco horas diárias, sendo 1,5 hora por cada bairro.
A abertura oficial do sistema é tomada como sendo verdadeiro final dum martírio que data desde há anos, embora o plano tenha sido idealizado em 1986. Trinta anos depois é concretizado, perante expectativas, perante um projecto que já se via bastante demorado.
A visita do chefe de Estado termina hoje com um comício popular na sede do distrito de Macate, depois de ter galgado durante três dias os distritos de Mossurize, Macossa, Vanduzi onde inaugurou algumas infra-estruturas sociais, e orientou comícios populares.·
Domingos Boaventura
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