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Prioridade é parar com os ataques

Por admin

O grupo de facilitadores do diálogo político que visa o alcance definitivo da paz para o nosso país tem estado a trabalhar numa atmosfera descrita como positiva e espera-se que o grau de abertura até aqui apresentado pelo governo seja correspondido na mesma medida pela Renamo, a quem os moçambicanos pedem para que pare imediatamente de protagonizar ataques contra pessoas e bens nas estradas nacionais.

O Presidente da República, Filipe Nyusi reuniu com os facilitadores a quem agradeceu pelo facto de terem aceite o pedido formulado para darem a sua contribuição para o restabelecimento da paz efectiva em Moçambique.

Para um melhor enquadramento destes no processo, o Chefe de Estado narrou a cronologia dos factos que conduziram à presente tensão militar recordando que depois das eleições de 2014 que culminaram com a nossa tomada de posse no dia 15 de Janeiro de 2015 seguiu-se um momento em que um partido, neste caso a Renamo, não ficou satisfeito.

Conduzimos o processo criando as bases para o diálogo mas, mesmo assim, das duas vezes que tive encontro com o líder da Renamo resultou unicamente na aceitação para a tomada de posse dos seus deputados na Assembleia da República e nas Assembleias províncias. Por outro lado, a submissão de um documento a pedido da Renamo à Assembleia que não foi positivamente aceite”, disse.

Os facilitadores ficaram a saber que depois seguiu-se um momento de desencontros no pensamento, de diferenças de pontos de vista, que se agravou quando a Renamo retomou ataques nas estradas nacionais. No quadro dos esforços em busca da paz, o Presidente Nyusi ajuntou que contactou o líder da Renamo, Afonso Dhlakama, por telefone, aconselhando-o para que parasse os ataques para que se pudesse abrir espaço para o diálogo.

Entretanto, Dlhakama terá alegado questão de segurança e que preferia que houvesse uma intermediação. “Eu comuniquei isso no dia 16 de Junho à nação, num comício popular realizado na província de Maputo. De que se era por causa da mediação ou facilitação ou observação que o povo está a morrer, então aceitaria a mediação ou facilitação. E foi o que aconteceu”.

A Renamo propôs a EU, a Igreja Católica e a África do Sul. “Tudo o que a Renamo pediu no que se refere aos mediadores concordamos com eles porque eles é que sabem porquê e nós queremos e temos interesse em que a Renamo se sinta a vontade nesse diálogo”, disse.

O governo, por seu turno, convidou um grupo que forma directa ou indirecta apoia as iniciativas de paz na África ou no mundo, grupo que é liderado pelo antigo presidente do Botswana, Quett Ketumile Joni Masire, e integrado por Chestar Croocke dos Estados Unidos da América, Tony Blair, da Inglaterra, e Jakaya Mrisho Kikwete, antigo República Unida Tanzania.

Queríamos que todos estivessem disponíveis e ajudar-nos a Moçambique para atingir a paz efectiva. Neste processo nós queremos que o vencedor seja o povo moçambicano. Os interesses do povo têm que prevalecer. Os interesses da soberania têm que prevalecer. Nós queremos continuar a ser um povo independente. Um povo que produz para o seu crescimento. Nós queremos ser um povo independente e a desenvolver para o bem-estar das suas populações”, disse o Presidente Filipe Nyusi.

Entretanto, a questão de fundo que se pretende que seja alcançada o mais breve possível é que a Renamo deixe de protagonizar ataques a pessoas e bens e se desarme. O Chefe de Estado é categórico nessa posição e afirma em nome de todos os moçambicanos que “a maior expectativa do povo é não morrer”.

É que, se os ataques da Renamo pararem, todos podem se concentrar na produção, na cooperação, nos investimentos nacionais e estrangeiros “e não estarmos a desperdiçar o tempo e as forças para aquilo que não ajuda muito ao país”.

Para que a facilitação do diálogo não seja feita de forma atabalhoada, o Presidente Nyusi apontou que o país tem uma Constituição que foi aprovada por todos, uma Lei Eleitoral em vigor e que não são instrumentos estáticos, mas que devem ser respeitados “salvo uma decisão diferente do povo”.

Recordou ainda que existem também acordos passados que precisam de revisitados, a começar pelo Acordo Geral de Paz, rubricado em Outubro de 1992, em Roma, na Itália. “Podem auscultar a qualquer pessoa que vocês quiserem incluindo a mim neste dossier de Paz para poderem perceber o que é que está acontecer e como é que as coisas funcionam”, disse.

Mediadores pedem tempo

 A Renamo, o maior partido da oposição, sempre colocou como obstáculo para o prosse­guimento das negociações de paz com o Governo a falta de observadores ou facilitadores interna­cionais. O Chefe de Estado, na sua inefável busca pela tranquilidade, abriu espaço para tal facto. A equipa já se reuniu com a Comissão Mista (Gover­no-Renamo) naquilo que se desenha como ponto de partida para o encontro entre o Presidente Fi­lipe Nyusi e Afonso Dhlakama. As personalidades solicitadas para facilitar o diálogo político entre a Renamo e o Governo dispensam apresentação, mas ainda assim domingo traz para o leitor um sumaríssimo currículo

 

Os “árbitros”

A Renamo, o maior partido da oposição, sempre colocou como obstáculo para o prosseguimento das negociações de paz com o Governo, a falta de observadores ou facilitadores internacionais. O Chefe de Estado, na sua inefável busca pela tranquilidade abriu espaço para tal facto. A equipe já se reuniu com a Comissão Mista (Governo-Renamo) naquilo que se desenha como ponto de partida para o encontro entre o Presidente Filipe Nyusi e Afonso Dhlakama. As personalidades solicitadas para facilitar o diálogo político entre a Renamo e o governo dispensam apresentação, mais ainda assim domingotraz para o leitor um sumaríssimo currículo sobre cada um deles.

Jakaya Kikwete

Representado por Ibrahim Msabaho, Jakaya Kikwete, 66 anos, foi quarto Presidente da República Unida da Tanzania. Presidiu o país de 21 de Dezembro de 2005 a 5 de Novembro de 2015.

Foi também Presidente da União Africana de 31 de Janeiro de 2008 até 2 de Fevereiro de 2009.

Formou-se em Economia pela Universidade de Dar-es-Salaam em 1975 e foi indicado pelo Governo moçambicano para equipa de mediação.

Tony Blair

Anthony Charles Lynton “Tony” Blair, 63 anos, é político britânico, tendo ocupado o cargo de Primeiro-ministro do Reino Unido de 2 de Maio de 1997 a 27 de Junho de 2007.

Foi líder do Partido Trabalhista britânico de 1994 a 2007 e membro do Parlamento britânico de 1983 a 2007.

Depois de deixar o cargo de Primeiro-ministro, foi indicado para a posição de enviado da ONU para o Médio Oriente, tendo igualmente trabalhado com a União Europeia, Estados Unidos e Rússia.

Foi indicado pelo Governo para equipa de mediação e faz-se representar por Jonath Powell, antigo Chefe do Gabinete da Fundação Faith, uma organização por si dirigida.

Chester Crocker

Chester Crocker, 74 anos, é mais conhecido como ex-Subsecretário de Estado norte-americano para os Assuntos Africanos.

Nas conversações de paz em curso, seu peso e influência movem-se em torno da Global Leadership Fondation.

Descrito como hábil diplomata, subsecretário de 1981 a 1989 na Administração Reagan, foi considerado arquitecto da política norte americana de empenhamento construtivo na luta contra o apartheid na África do sul e na definição dos termos da independência da Namíbia.

Indicado pelo Executivo moçambicano, é representado por Robin chistopher.

Mário Raffaeli

Mário Raffaelli, 70 anos, foi deputado do Partido Socialista italiano de 1979 a 1994. Destacou-se como mediador-chefe do Acordo de Roma que colocou ponto final à guerra dos 16 anos no país.

De 2003 a 2008 foi enviado especial do Governo italiano no Corno de África.

É representante da União Europeia a pedido da Renamo.

Ângelo Romano

É padre proveniente da Comunidade de Santo Egídio. Presentemente exerce a função de Responsável pelas Relações Internacionais da organização na cidade italiana de Roma.

A organização católica Comunidade de Santo Egídio, criada em Roma em 1968 e composta essencialmente por leigos, teve papel fundamental na mediação das negociações que levaram à assinatura do Acordo Geral de Paz entre Governo moçambicano e Renamo a 4 de Outubro de 1992. 

É representante da União Europeia, a pedido da Renamo.

Edgar Peña

Nascido na Venezuela há 56 anos, Edgar Peña é Núncio Apostólico de Moçambique.

Já assumiu idênticas funçõesno Paquistão. Foi ordenado sacerdote a 23 de Agosto de 1985 e consagrado bispo a 5 de Fevereiro de 2011.

O bispo venezuelano é licenciado em Direito Canónico e está ao serviço do Vaticano desde 1993, tendo trabalhado na representação diplomática do Quénia, na sede das Nações Unidas, em Genebra, e nas nunciaturas da África do sul, Honduras e México.

Foi indicado pela Igreja Católica a pedido da Renamo.

João Carlos Nunes

É Bispo Auxiliar da Arquidiocese de Maputo. Nasceu a 8 de Março de 1967 na Beira. Frequentou os seminários médio de Cristo-rei nos anos 1985 e 1986, fez o curso filosófico, e de 1990 a 1992 o teológico. Ordenado sacerdote a 4 de Junho de 1994, desempenhou vários cargos na arquidiocese e foi director da Rádio Maria. Exercia o cargo de pró-vigário geral da arquidiocese quando a 25 de Abril de 2011, o papa Bento XVI o nomeou bispo auxiliar de Maputo. Recebeu a ordenação episcopal a 10 de Julho de 2011.

Foi indicado pela Igreja Católica a pedido da Renamo.

Jacob Zuma

Jacob Zuma, 74 anos, é o Presidente da África do Sul e, simultaneamente, presidente do Congresso nacional africano (ANC). 

Foi vice-presidente da África do Sul de 1999 a 2005 e destaca-se como um dos principais rostos da luta anti-apartheid.

Nas conversações de Maputo é representado por Thanduyise Chiliza.

Foi indicado pela Renamo.

Quett Masire

Quett Masire, 91 anos, professor e político, foi presidente do Botswana entre 1980 e 1998.

Após sua saída da presidência, converteu-se num activo diplomata, actuando como mediador na guerra civil da República Democrática do Congo. Em 2007, indicado pela SADC, foi também mediador da disputa política no Lesoto.

Em Maputo é mediador em representação da Fundação para Aliança Global, com sede em Londres.

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