A visita do Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, que terminou ontem à China traz um rol de esperancas numa cooperação que poderá aproximar ainda mais os dois países a avaliar pelo interesse manifestado entre si na aproximação de quase todos os sectores de desenvolvimento que Mocambique precisa para crescer e o gigante oriental se predispôs a participar.
Para lá da parte meramente politico-diplomática, o interesse de Mocambique pode ser avaliado pelo tipo de empreendimentos económicos, empresariais, em geral, de geração de desenvolvimento que Filipe Nyusi elegeu na sua visita.
O estadista moçambicano esteve na sede do Shandong Hi-Speed Group, localizada na cidade de Jinan, onde teve a oportunidade de observar o funcionamento de um sistema de monitoria e controlo de tráfego rodoviário na província chinesa de Shandong.
O Shandong Hi-Speed Group é uma empresa do Governo Provincial de Shandong. Embora a sede esteja localizada em Jinan, o Grupo também constrói e faz a gestão da infra-estrutura de transportes em todo o país.
Nyusi e delegação que o acompanhava na visita oficial que teve a duração de cinco dias, tiveram a oportunidade de sentar atrás de uma fila de operadores que monitoravam atentamente osécrans que mostram o estado do tráfego rodoviário nas estradas daquela província.
Talvez a obra mais impressionante seja a Ponte da Baia Jiaozhou, que liga Quingdao ao distrito de Huangdao, em Shandong, que abriu ao tráfego em 2011. Com uma extensão de 36,48 quilómetros, esta é a ponte mais longa do mundo inteiro.
O Grupo engloba várias especialidades, incluindo construção civil, ferrovias, aeroportos e transportes marítimos, e actualmente é considerada uma das 500 maiores empresas do mundo.
O Grupo também opera em 106 países. Os projectos em que está envolvido incluem auto-estradas na Argélia, Vietname e Sérvia, instalações petrolíferas no Sudão, um hospital de câncer no Nepal, e opera o aeroporto de Toulouse, na França.
Perante o fórum empresarial Mocambique-China, Filipe Nyusi, disse quinta-feira, em Beijing, capital chinesa, que aquele órgao expressava claramente a vontade de ambos os países de consolidar a cooperação económica bilateral.
Nyusi fez esta afirmação durante o evento que tinha como objectivo apresentar as oportunidades de negócios existentes em Moçambique, organizado pelo Conselho Chinês para a Promoção do Comércio Internacional e pela Embaixada de Moçambique.
Tratou-se da segunda vez em que Nyusi passava pela oportunidade de participar em reunião similar durante a visita de Estado à China, se bem que o primeiro encontro teve lugar terça-feira, na cidade de Nanjing, capital da província de Jiangsu.
A participação de Moçambique neste Fórum, disse Nyusi, ' é uma indicação inequívoca da primazia que conferimos à uma diplomacia económica que gera ganhos para o empresariado chinês e moçambicano e contribui para a implementação da nossa agenda de desenvolvimento'.
Explicou que na viragem para o novo milénio, as relações económicas entre ambos os países sofreram um novo impulso caracterizado por uma maior vaga de investimento chinês, que coloca esta nação entre os dez países que mais investem em Moçambique.
O testemunho disso é o facto de ao longo dos últimos cinco anos terem sido aprovados para Moçambique 92 projectos, correspondentes a um valor de cerca de 823 milhões de dólares norte-americanos de investimento directo chinês, susceptíveis de criar cerca de 14 mil postos de trabalho.
Segundo Nyusi, os sectores mais promissores para o investimento chinês são a agricultura e agro – processamento, recursos minerais e energia, turismo, serviços financeiros e desenvolvimento de infra – estruturas, incluindo os de telecomunicações e de transporte. Estas são áreas catalisadoras para o desenvolvimento económico do país.
Nyusi ressaltou que a pirâmide empresarial de Moçambique tem uma base dominada pelas Pequenas e Médias Empresas (PMEs), que “representam cerca de 98 por cento de um universo de 26.624 empresas registadas em todo o território nacional, empregando 24 por cento da força de trabalho formal total do país”.
O Turismo está a ganhar o seu lugar e Moçambique recebeu cerca de 1,63 milhão de turistas no ano passado, que deixaram uma receita calculada em 193 milhões de dólares, anunciou hoje o Presidente da República, Filipe Nyusi.
Falando na Conferência Internacional sobre o Desenvolvimento do Turismo, um evento actualmente em curso na cidade de Beijing, capital chinesa, Nyusi disse que em 2015, os projectos de investimento no turismo atingiram 139 milhões de dólares, e o sector emprega directa ou indirectamente mais de 50.000 pessoas.
O Plano Estratégico para o Desenvolvimento do Turismo, elaborado pelo governo para a próxima década, de acordo com o presidente, prevê que “em 2025, Moçambique será o destino mais vibrante, dinâmico e exótico em África”.
Porém, “ actos de terrorismo, a ausência de uma paz efectiva e violência têm vindo a afectar significativamente a actividade turística”, sublinhou.
Parceria estratégica
para a cooperação global
A China compromete-se a apoiar a industrialização de Moçambique, no quadro daquilo que ambos os países consideram como sendo “o estabelecimento de uma Parceria Estratégica para Cooperação Global”.
A decisão nesse sentido foi tomada durante as conversações havidas entre as delegações de ambos os países chefiadas pelos respectivos presidentes, Filipe Nyusi e Xi Jinping, que tiveram lugar no Grande Salão do Povo, na capital chinesa.
Esta parceria deverá incluir a cooperação em todas as áreas, política, segurança, económica, comercial, cultural, entre outras, bem assim pretende-se “reforçar a cooperação política em áreas de importância vital”.
Cinco acordos foram assinados visando o desenvolveimento da capacidade produtiva em Moçambique, com o objectivo de incentivar mais empresas chinesas a investir em Moçambique particularmente na indústria de manufacturação, agricultura e desenvolvimento de infra-estruturas e um que visa a criação de zonas económicas especiais.
Os restantes três acordos referem-se à construção de um Centro Cultural Sino-Moçambicano, em Maputo, cooperação entre Empresa Nacional de Hidrocarbonetos de Moçambique (ENH) e a companhia China National Petroleum Corporation (CNPC), bem como a oferta de um donativo de trigo à Moçambique.
Ajudar Mocambique
é ajudar a nós mesmos
Os governantes chineses dizem de viva voz que a cooperação nos moldes em que está a ser orientada pelo executivo moçambicano é para “mútuo benefício”, sabendo-se, conforme afiansaram que “ajudar Moçambique é ajudar a nós mesmos”.
A visita à Academia Militar de Nanjing, uma das mais prestigiadas instituições militares da China, foi um dos marcos da deslocação de Nyusi a China. Possui 451 instrutores para os principais 14 cursos leccionados naquela instituição, incluindo cursos de 12 meses de comando e Estado-maior, cursos de comando de batalhão com uma duração de seis meses e seminários sobre segurança militar ou comando com duração de um a três meses.
Por outro lado, acolhe oficiais estrangeiros e já treinou mais de 5.000, entre os quais moçambicanos. Aliás, esteve presente um oficial moçambicano que se encontra a receber formação neste centro, Major Ribeiro Sabonete, no meio de outros de vários países do mundo inteiro, entre os quais do Zimbabwe, Tanzânia, Sudão do Sul, República Centro Africana, Líbano, México, Paquistão e Bangladesh.
Adaptado do Serviço da AIM