Maputo ensaiou, ao longo desta semana, as novas faixas exclusivas para o transporte público. Pelo facto de se tratar de uma nova iniciativa, destinada a facilitar o acesso para o centro da cidade, foi preciso recorrer a determinados reajustamentos, de forma a assegurar a sua boa implementação. Os transportadores saúdam a decisão e consideram que agora levam menos tempo a percorrer os troços do que levavam antes.
A nova medida de circulação rodoviária, implementada exclusivamente para o transporte público, em grande parte da Avenida de Moçambique, na cidade de Maputo, obrigou a realizar alguns reajustamentos para fazer face às realidades que foram sendo encontradas ao longo dos primeiros três dias da introdução da mesma.
O mais forte reajustamento prendeu-se com o desvio da rota dos transportes, sobretudo aqueles que ligam à zona do “Museu”, de um troço da Avenida 24 de Julho, de modo a permitir uma melhor fluidez do tráfego.
Assi, uma vez chegados à zona do “Alto-Maé”, os transportadores são forçados a desviar a rota para a Avenida Eduardo Mondlane, a partir do Quartel-General, devido à falta de condições de mobilidade ao longo da “24 de Julho”.
Sabe-se que, os implementadores da nova medida de circulação estudam a possibilidade de estender o condicionamento de tráfego até ao viaduto da Avenida Joaquim Chissano, no bairro do Jardim, para assegurar que não se verifiquem congestionamentos na Avenida de Moçambique.
De referir que, o tráfego condicionado, compreende o uso de duas faixas normais, além de uma terceira para a entrada na cidade de Maputo, entre os bairros George Dimitrov e Inhagóia,
Outra medida prevista para a Avenida de Moçambique, passa pela necessidade de se sincronizar o sistema de semáforos existentes no bairro do Jardim, de modo a permitir uma melhor regulação do tráfego naquela via que viu introduzido, desde a terça-feira passada, um corredor exclusivo para o transporte público.
MUITA TRAPALHADA
Tal como acontecera aquando da introdução do sistema de tráfego condicionado, entre os bairros George Dimitrov e Inhagóia, através da criação três faixas de entrada na cidade de Maputo, bem como de outras três linhas na Estrada Nacional Número 4, nos primeiros momentos da implementação do novo corredor exclusivo não faltaram trapalhadas por parte dos automobilistas.
Por força de tal atrapalhação dos automobilistas, duas carrinhas colidiram pouco tempo depois de ter sido lançada a faixa exclusiva, na zona do bairro George Dimitrov, facto que originou por algum tempo um certo congestionamento.
A nova medida está a ser implementada na hora de ponta, entre as 5.30 e as 8.30 horas, desde a zona de “Missão Roque”, passando pela ex-Brigada Montada, estendendo-se até ao “Alto-Maé” e o “Museu”, com um desdobramento para a baixa da cidade na “Guerra Popular”.
As viaturas particulares, que habitualmente usavam as duas faixas normais do troço Missão Roque-Jardim, descrevem normalmente a rotunda e são logo orientadas por agentes da Polícia Municipal a se dirigir para a faixa central, dando prioridade aos transportadores na linha esquerda, pintada de cor amarela.
Só que ao longo dos troços onde não se vê Polícia nenhum, as viaturas particulares, sobretudo aquelas conduzidas por automobilistas que vão a alta velocidade, aproveitam para invadir a faixa exclusiva.
Sempre que se aproximam dos locais onde ficam agentes da Polícia Municipal, como “George Dimitrov”, “Bagamoio”, “25 de Junho”, “Nsalene” e “Inhagóia”, nota-se a atrapalhação pelo facto de enfrentarem dificuldades para deixarem a faixa amarela.
Nos cruzamentos existentes ao longo da Avenida de Moçambique, o tráfego tem estado a ser regulado por agentes da Polícia Municipal, o que facilita a entrada de viaturas para a principal via de acesso ao centro da cidade.
Esta medida, que vigora apenas nos dias úteis da semana, tem como lado positivo o facto de o tráfego se processar com uma certa rapidez, na intercepção com as viaturas vindas da cidade da Matola, mais concretamente na zona da ex-Brigada Montada.
CAMIONISTAS RENITENTES
Camionistas mostram-se renitentes e não acatam o apelo feito no sentido de retirar as viaturas das bermas da Avenida de Moçambique, mesmo depois de terem sido notificados naquele sentido.
Na terça-feira, dia do arranque da nova medida de circulação, podemos ver na zona do bairro Bagamoio, cerca de oito camiões-cavalo, carregados de varões de ferro, estacionados em frente a um armazém.
Não muito longe daquele local, na entrada do bairro 25 de Junho, encontravam-se outros camiões estacionados, situação que se repetiu na quinta e sexta-feira últimas
Sobre a presença de camiões estacionados nas bermas da Avenida de Moçambique, o vereador de Transporte e Trânsito, João Matlombe, disse que aquela situação representa ainda um desafio para as autoridades do trânsito na capital.
MEDIDA ENCORAJADOR
As autoridades envolvidas no processo de criação da faixa exclusiva para o transporte público consideram positivo o ensaio realizado ao longo de três dias da semana.
Segundo referiu o vereador João Matlombe, os indicadores são encorajadores e acredita-se que, gradualmente, aquela nova medida de circulação na cidade de Maputo vai consolidar-se.
O aumento acelerado do parque automóvel acaba condicionando, em grande medida, a introdução de determinados aspectos que possam contribuir para a realização em pleno daquela nova iniciativa.
Segundo informações, na cidade de Maputo entram por dia cerca de 210 novas viaturas, o que tem estado a fazer disparar o parque automóvel, resultando como consequência directa nos inevitáveis congestionamentos.
Entretanto, espera-se que na próxima semana comece a ser testado o sistema de faixas exclusivas para o Zimpeto, com vista a aliviar a circulação dos transportes públicos, no período entre as 15.30 e às 19.00 horas.
Transportadores satisfeitos
com a criação da faixa exclusiva
Transportadores públicos, ouvidos pelo nosso semanário, mostraram-se satisfeitos com a criação de um corredor exclusivo para este vector. Conforme destacaram, desde a introdução da medida, passaram a levar menos tempo nos trajectos que percorrem.
“Esta medida ajuda-nos”
– defende Altino António, transportador
Para Altino António, transportador que realiza a rota Zimpeto-Museu, a introdução do corredor exclusivo para os transportes, constitui uma medida que vem ajudar em termos de rápida circulação os transportadores.
“Para nós, os semi-colectivos, esta medida ajuda-nos e podemos circular com rapidez”, frisou.
Altino António lamentou o facto de as viaturas particulares estarem proibidas de usar a faixa exclusiva, ficando prejudicadas em termos de circulação ao longo dos troços onde está a ser implementado o sistema.
“Viaturas particulares
não respeitam nova faixa”
– Jorge Manjate, transportador
O facto de as viaturas particulares constantemente invadirem a faixa exclusiva para os transportes mereceu de Jorge Manjate, transportador da rota Zimpeto-Museu, um reparo negativo.
“O novo corredor veio ajudar. O sistema está a ficar ajustado. O que falta resolver é o problema dos carros pequenos que invadem a nossa faixa”, comentou.
“Fazemos o trajecto em pouco tempo”
– Luís Francisco, transportador
Luís Franscisco, transportador da rota Baixa-Zimpeto, disse que antes da introdução da faixa para os transportes, levava muito tempo para percorrer o trajecto, quase duas horas de tempo.
Tal como referiu, com a introdução daquela faixa exclusiva passou a levar menos tempo entre o terminal de Zimpeto e a baixa da cidade de Maputo, uma vez que se verifica uma melhor fluidez na circulação.
“O tempo que eu levava antes era muito prolongado. Agora com esta faixa exclusiva, as coisas voltaram a ser normais. Percorro esta distância em cerca de 40 minutos, mas antes podia levar duas horas”, disse.
Francisco mostrou-se satisfeito com a introdução da nova medida de circulação rodoviária, ao nível da cidade de Maputo, tendo referido que vai ajudar em grande medida os transportadores e os respectivos utentes.
“Nosso trabalho está facilitado”
– António Barama, transportador
António Barama, transportador que realiza o percurso Zimpeto-Baixa, disse que o trabalho dos transportadores ficou mais facilitado com a introdução da faixa exclusiva.
“Esta foi uma boa iniciativa. Ajuda-nos muito e levamos menos tempo a percorrer o trajecto. Às vezes, o trabalho fica complicado, porque há viaturas particulares a invadirem a nossa faixa”, apontou.
“Não sentimos o engarrafamento”
– António Justino, transportador
António Justino, transportador que realiza a rota Zimpeto-Museu, disse que, no período em que se observa a medida do corredor exclusivo, como transportadores, não sentem o engarrafamento.
“Esta medida beneficia-nos muito, porque temos menos engarrafamento de manhã. Passamos um pouco mal desde a zona da inspecção até Missão Roque, mas de Missão Roque para a frente está tudo livre. Antes era capaz de levar uma hora e meia, mas agora levo menos tempo”, afirmou.
“Chapeiros-prirata”
inquietam terminal de Zimpeto
Transportadores semi-colectivo não licenciados estão a causar alguma inquietação no seio dos operadores que exercem a actividade de transporte em condições legais. Alguns operadores, em conversa com o domingo, queixaram-se da situação, tendo afirmado que os ilegais chegam a esbarrar viaturas dos transportadores legalizados, ao tentarem “roubar” passageiros.