Apesar da facilidade com que as pessoas se deslocam de um continente para outro em fracção de horas, por estes dias, por cá, ainda não soou o alarme perante a nova ameaça que desafia a ciência médica, depois do vírus do Ébola.
A directora nacional adjunta de Saúde Pública, a médica Benigna Matsinhe, disse ao domingo que Moçambique ainda não registou nenhum caso de Zika vírus, uma agradável notícia para os moçambicanos.
Ainda assim, arranca no próximo dia 15 de Fevereiro, em Maputo, uma formação sobre Zika vírus a ser ministrado por especialistas brasileiros a técnicos nacionais cujo objectivo é fornecer inputs aos participantes sobre as melhores formas de detecção deste vírus.
As autoridades de saúde nacional estão também a reforçar todas as medidas usadas no combate ao mosquito, uma vez que o Zika vírus também é causado por mosquito, no caso vertente o Aedes aegypti.
“É verdade que para o caso do Zika vírus é necessário eliminar até uma tampinha de refrigerante que contenha um pouco de água. Isso obrigar-nos-ia a introduzir medidas adicionais e recursos adicionais, que a própria OMS ainda está à procura. Mesmo assim, estamos a reforçar todas as medidas de prevenção da malária. Por exemplo no norte do país, concretamente na província de Cabo Delgado, onde tivemos casos de Dengue, aumentamos a vigilância epidemiológica”, disse a médica.
O Instituto Nacional de Saúde (INS) está a intensificar, por sua vez, o envio de testes rápidos de malária às unidades sanitárias para que o pessoal de saúde possa fazer o teste, imediatamente, a pessoas que apresentem sintoma febril mas de natureza inespecífica.
Entretanto, a directora nacional adjunta de saúde pública clarificou que “o Zika vírus não é uma doença letal e não tem grande disseminação.
“Em Moçambique ainda não registamos qualquer caso”, repisou a médica Benigna Matsinhe.
OMS
A Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou há dias que “os casos de microcefalia e outras desordens neurológicas” em bebés constituem “por si só” uma “ameaça (para a população mundial) e por isso uma emergência internacional” de saúde pública para a qual é necessária uma resposta coordenada.
A OMS está cada vez mais convencida da existência de uma ligação entre a infecção com o vírus Zika em grávidas e os casos de microcefalia (tamanho reduzido do cérebro).
No Brasil, o Zika já contaminou entre 500 mil a 1,5 milhões de pessoas desde Fevereiro de 2015, o número de casos associados a mocrocefalia por ele causada em bebés já se aproxima dos 3900 (em 2014, os casos de microcefalia não ultrapassavam os 200) e 49 fetos já morreram. É um vírus de difícil detecção – quatro em cada cinco pessoas nem chega a perceber que está doente.
Do Japão à França, vários laboratórios apostaram no estudo de possíveis vacinas para o Zika, depois da Organização Mundial de Saúde (OMS) ter declarado a epidemia do vírus como uma emergência sanitária internacional.
ZIKV
Zika Vírus é uma infecção causada pelo vírus ZIKV, transmitido pelo mosquito Aedes aegypti, o mesmo transmissor da dengue da febre Chikungunya. Este vírus teve sua primeira aparição registada em 1947, quando foi encontrado em macacos da Floresta Zika, no Uganda. Entretanto, somente em 1954 os primeiros seres humanos foram contaminados, na Nigéria. O Brasil notificou os primeiros casos de Zika vírus em 2015, no Rio Grande do Norte e na Bahia.
Sintomas
Os sinais de infecção pelo Zika vírus são parecidos com os sintomas da dengue, e começam de 3 a 12 dias após a picada do mosquito.
•Febre baixa (entre 37,8 e 38,5 graus)
• Dor nas articulações (artralgia), mais frequentemente nas articulações das mãos e pés, com possível inchaço
• Dor muscular (mialgia)
• Dor de cabeça e atrás dos olhos
• Erupções cutâneas (exantemas), acompanhadas de coceira. Podem afectar o rosto, o tronco e alcançar membros periféricos, como mãos e pés.
Mosquito Aedes aegypti
O mosquito Aedes aegypti mede menos de um centímetro, tem aparência inofensiva, cor café ou preta e listras brancas no corpo e nas pernas. Costuma picar nas primeiras horas da manhã e nas últimas da tarde, evitando o sol forte. No entanto, mesmo nas horas quentes ele pode atacar à sombra, dentro ou fora de casa. Há suspeitas de que alguns ataquem durante a noite. O indivíduo não percebe a picada, pois não dói e nem coça no momento. Por ser um mosquito que voa baixo – até dois metros – é comum ele picar nos joelhos e pés.
EUA confirmam caso
de transmissão via sexual
As autoridades sanitárias norte-americanas confirmaram um primeiro caso de transmissão do vírus zika por via sexual, registado no Texas. A notícia reforça os receios de uma rápida propagação da doença, que se suspeita ser responsável por casos de microcefalia. O director dos serviços de saúde do condado de Dallas explica que ao “falarmos agora em transmissão sexual”, constitui uma fonte de “preocupação, porque pessoas que viajam a países da América Latina e têm relações sexuais sem protecção podem, potencialmente, trazer o vírus e infectar outras pessoas”. Zachary Thompson diz que “80 por cento dos indivíduos diagnosticados não exibem sintomas. Isso representa um desafio porque, ao não mostrar sintomas, aumenta-se o risco de transmissão”.Do Japão à França, vários laboratórios apostaram no estudo de possíveis vacinas para o Zika, depois da Organização Mundial de Saúde (OMS) ter declarado a epidemia do vírus como uma emergência sanitária internacional.