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Tensão político-militar enfraquece actividade turística

Por admin

Localizada há cerca de 610 quilómetros da capital (Maputo), a vila autárquica de Vilankulo alberga cerca de trinta e oito mil pessoas que sobrevivem, na sua maioria, da pesca, do comércio e um pouco da agricultura.

O turismo destaca-se, de longe, como a actividade nuclear da região. Em média pouco mais dos 150 estabelecimentos turísticos (cerca de 4 mil camas) recebem por ano 50 a 60 mil turistas entre nacionais e estrangeiros. É um movimento que, nos últimos dias, tende a baixar apontando-se a tensão político-militar como principal razão.

José Agostinho Bata, um dos operadores turísticos, referiu que este ano a situação é deveras preocupante porque os turistas que regra geral usam via terrestre, já não fazem escala por esta zona.

Alguns operadores estão mesmo a fechar as portas, pois não suportam os custos de pagamento de salários aos trabalhadores e outras despesas, tendo em conta a actual conjuntura.

Algumas estâncias turísticas, a exemplo de Mama Mia, já começaram a dispensar trabalhadores tal como nos confirmou Gina  Gerente, proprietária deste complexo.

As autoridades municipais de Vilankulo, reconhecem que os ataques protagonizados por homens armados da Renamo em algumas regiões do país, estão a enfraquecer a actividade turística.

O Presidente do Conselho Municipal de Vilankulo, Abilio Machado, indicou que este ano o movimento turístico baixou significativamente afectando a economia da edilidade.

“Os operadores turísticos estão todos os dias a reclamar sobre esta situação e mesmo algumas pessoas que indirectamente têm ganhos nesta actividade  ficaram sem o seu ganha-pão”,sublinhou o edil de Vilankulo.

SORRIR PARA NÃO CHORAR

Tirando dificuldades no sector do turismo, os munícipes consideram de positivo o trabalho realizado pelas autoridades autárquicas na busca de soluções para o seu bem-estar.

Apontam o melhoramento dos mercados, incluindo o sistema de saneamento, a organização de bancas para a venda de diversos produtos, abertura de algumas vias de acesso e criação de zonas de expansão como actividades de vulto realizadas pelo Conselho Municipal nos últimos anos.

Bento de Conceição, vendedor de produtos de beleza no mercado municipal de Vilankulo, referiu o trabalho realizado naquele centro comercial, designadamente a limpeza e construção de bancas, como uma das marcas dos órgãos municipais.

Contudo aponta a necessidade de reabilitação da principal estrada que dá acesso à vila, a par do melhoramento de outras vias nos bairros.

O nosso entrevistado disse também que o município devia prestar muita atenção às zonas de expansão concretamente no que diz respeito aos arruamentos.

Por sua vez, Raul Xavier outro cidadão que se dedica a captura de lulas, considera de salutar o trabalho realizado pelo município em particular no melhoramento das condições nos dois principais mercados e construção de alpendres para acomodar os vendedores.

O que falta de acordo com Xavier são sistemas de frio suficientes para a conservação de mariscos , porque muitas vezes o pescado deteriora por falta de condições de conservação.

André Saide Huwo, outro munícipe de Vilankulo, vendedor de roupa usada, salienta que faltam ruas nos bairros, água canalizada e energia eléctrica, havendo necessidade de o Conselho Municipal trabalhar mais no sentido de solucionar estes problemas.

TEM A PALAVRA

O PRESIDENTE DO MUNICÍPIO

O Presidente do Conselho Municipal de Vilankulo, legitima as preocupações dos munícipes e garantiu estar em marcha um projecto de alargamento da rede de abastecimento de água.

“O actual sistema não garante água potável a todos munícipes e mesmo os dois operadores privados autorizados não conseguem satisfazer a procura , mas esforços estão sendo envidados no sentido de minimizar a crise” indicou Abílio Machado.

Em relação a energia eléctrica, o edil de Vilankulo fez saber que há um projecto encalhado devido a tensão político-militar, de uma linha de transporte que vem da zona centro do país e que teria um ramal em Pambarra para alimentar a vila.

Abílio Machado aproveitou a ocasião para anunciar outros projectos, nomeadamente a construção de salas de aulas em alguns estabelecimentos de ensino e a edificação de uma secretaria municipal e residência para o respectivo chefe.

Anunciou também o plano de melhoramento de algumas vias de acesso, aquisição de meios circulantes para dinamizar o processo de recolha de resíduos sólidos.

Disse ainda estar em curso campanha de angariação de fundos para a reabilitação da marginal local, destruída pelas calamidades naturais nomeadamente cheias e ciclone Fábio que em 2007 fustigou a região.

Relativamente à reparação da marginal, são necessários pouco mais de vinte milhões de dólares . “O valor ultrapassa as nossas capacidades daí que estamos a procura de parcerias para encontrar fundos visando a reabilitação da marginal”, ajuntou o nosso entrevistado acrescentando que, enquanto procura-se financiamento global, decorrem obras de emergência na perspectiva de se garantir transitabilidade ao longo da marginal.

Nesta actividade estão a ser aplicados pouco mais de um milhão e quinhentos mil meticais, fundos disponibilizados pelo município e governo central.

Em termos de realizações, Abílio Machado destacou o financiamento, ano passado, de pouco mais de trinta projectos no âmbito dos fundos de desenvolvimento autárquico, tendo sido disponibilizados cerca de um milhão e duzentos mil meticais.

Aminosse Moises

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