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Concerto de luxo para os 41 anos de carreira

Por admin

Texto de André Matola e Fotos de Jerónimo Muianga
Espectáculo é já no dia 26 de Novembro no Centro Cultural Universitário da UEM
Nasceu para o canto em casa. Ganhou reputação na Rádio Moçambique. Solidificou o reconhecimento e talento na Rádio França Internacional (RFI), que a atribuiu o seu galardão maior (Prémio Descoberta), Corria o ano de 1987.

 Entrementes ia soltando a melodia da sua voz no Coreto do Jardim Tunduro, em Maputo, nos nostálgicos M´saho. Chama-se Elvira Viegas Mahumane ou, simplesmente Elvira Viegas. Amiúde é convidada a integrar o júri musical dos inúmeros concursos para a descoberta de novos talentos musicais. Ela percebe de música. A mãe era regente de canto coral na igreja.

Não há equívoco. Haverá festa rija no Centro Cultural Universitário da UEM no dia 26 de Novembro próximo, uma quinta-feira, para comemorar os 41 anos de carreira da cantora, compositora, e, às vezes, instrumentista. Toca guitarra. Os nomes que vão corteja-la têm créditos firmados na arena musical nacional e deixam sempre a sua fragrância onde pisam.

Atente-se para alguns desses nomes, autênticos outdoors da nossa música. Dodó – escusada a apresentação – mas ainda assim, Elvira recorda: “Dodó é aquele ex-menino que hoje está feito um grande senhor da música, que foi nado na Continuadores e quando ouviu que a tia Elvira está a gravar prontificou-se e veio ter”.

Outro ex- Continuadores, Sacre (Banda Azul), também se ofereceu quando soube que ela estava a gravar mais um álbum. “Quer o Dodó (solista) quer o Sacre (baixista) trabalharam comigo ainda crianças. Vai ser bonito”, está convicta.

Pacha Viegas (viola ritmo), seu irmão e produtor, será uma das bengalas de costume a que se acresce Sima (baterista dos Omba Mô), Figas e Raimundo (teclados).

Porque o Concerto será uma farra, isto é, uma viagem ao passado, presente e futuro, o cardápio será mesclado e temperado pela sua poderosíssima voz, ela que canta com alma, mestria, simplicidade e às vezes complexidade, tudo isso só ao alcance de exímios intérpretes.

Porque festa que é festa tem convidados, não faltarão no dia 26.

Por exemplo, convidei a rapper Iveth para fazermos uma brincadeira do género iô iô iô, ma man, tcheke râ. O Roberto Chitsondzo, o Miguel Xabindza e outros colossos cá de casa. O grupo coral da UEM também se ofereceu para apresentar um ou dois números”.

O dia 26 será também uma ocasião para ouvir alguns dos números do seu próximo álbum bem como de alguns temas que se enumeram de cor e salteado num piscar de olhos tal é a sua popularidade: “Lizeze”, “kussuhi Namini”, “Help-me”, “Sou Pequena Demais”, “Tiva Tako”, “Coração de Pedra” (Prémio Descoberta RFI 1987), “Nwamatibyana”, “Errei, Pequei”, “Kupepa”, etc, etc.

A propósito do próximo álbum, Elvira Viegas, e como lhe é apanágio, musicou dois poemas de autores moçambicanos, nomeadamente “Mesmo de Rasto”, de José Craveirinha e “Hora Chegou”, de Jorge Rebelo.

Músicas gravadas há anos na Rádio Moçambique, “mas que passam pouco e não figuram em nenhum disco” serão inseridas no álbum de 2016. Até porque Elvira já registou o álbum que sempre quis fazer. O álbum de sonho. Agora é desfrutar, mas trabalhando sempre com seriedade, aliás, há um adágio que diz : “atrás sempre vem gente”.

ESCALAR ETAPAS

Para Elvira, a produção do álbum e do concerto compara-se a uma escalada ao monte Everest: Faz-se vencendo etapas e obstáculos, razão por que já não se amua tanto com os patrocinadores, mesmo quando tem que se deter para inspirar, expirar, para ganhar fôlego e continuar a trajectória.

O patrocinador quer aquilo que lhe oferece rentabilidade rápida? não sei. Depois há aquela coisa de olharem para Elvira e pensarem que já está feita. O que não é verdade. Desde sempre aprendi que tenho que lutar por aquilo que  quero. Todos os meus discos produzi sozinha e só mais tarde, quando o produto estava quase pronto, é que surgiu alguém a dar a mão”, diz e acrescenta:

“Creio que vamos ter, se calhar, um duplo disco porque gravamos cerca de vinte números. A ideia é também produzir um DVD. O espectáculo do dia 26 de Novembro será gravado. A ideia é que no dia do lançamento do álbum também tenhamos o DVD a venda”.

60 ANOS DE IDADE

E… DE SURPRESAS

Há quem diga que não se pergunta a idade as senhoras. Elvira Viegas não tem qualquer problema em falar da sua idade biológica.

Há dias recebi um grande prémio. Fiz 60 anos no dia 2 de Outubro. E o meu grande presente foi ter sido levada, de surpresa, para um sítio onde estava tanta gente que eu amo”, recorda com os olhos radiantes de felicidade.  

Eu sou promotora de eventos e sei que aquela festa custou muito dinheiro. Nem sequer imagino quanto. Penso que todos os prémios que devia receber em vida estou recebendo: as flores, etc, etc. Aliás, na música “Matsuwa” digo dêem-me as flores que mais gostam porque quando for defunta não poderei ver. Digam-me agora o que pensam de mim. Falem-me dos meus erros. Felizmente tive essa oportunidade de ouvir tudo isso e ver pessoas que não via há muito tempo num dia só”.

Com efeito, a surpresa (festa) dos 60 anos foi cheia de emoções. Houve de tudo um pouco, nomeadamente Xigubo, gospel, timbila, marrabenta, em suma, música ligeira onde Paíto Tcheco (batetrista) e Carlos Gove (Baxista), dois instrumentistas moçambicanos de reconhecida qualidade, não tiveram mãos a medir. Os Gémeos Parruque, entre outros artistas, também perfumaram a ocasião. músicos,

FESTA NAREDACÇÃO

Porque a conversa decorreu na sua quinta na zona de Malhampsene e na ausência de repórter fotográfico, para o registo das imagens que acompanham esta conversa foi necessária que ela se deslocasse até a nossa redacção, sita na rua Joe Slovo, Prédio do Notícias. Houve festa.

Docilmente e sem pedir licença, instantes depois de desaguar no domingo pôs-se a cantarolar uma linda canção para o delírio dos jornalistas e houve mesmo quem esbugalhasse a vista ao sentir o farfalhar da voz que se libertava das cordas vocais de Elvira Viegas. Choveram fotos. Algumas foram colocadas imediatamente no facebook.

Para concerto do dia 26, Elvira tem o apoio da Chitara Sound e Centro Cultural da UEM. A Agência Golo deverá proceder a captação do espectáculo para a produção do DVD.

André Matola

matolinha@gmail.com
Fotos de Jerónimo Muianga

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