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Valorizar o Homem para melhorar Educação

Por admin

O director dos serviços distritais da Educação, Juventude e Tecnologia de Nipepe, em Niassa, Francisco Enoque, revelou, há dias, ao domingo, que para garantir a qualidade do ensino e produção de conhecimentos nas escolas, o capital humano, no caso específico o professor, deve estar no centro das atenções, garantindo-lhe condições para a sua permanente formação e capacitação.

Para Francisco Enoque a formação do homem é fundamental para uma educação com qualidade, sendo que os professores e o pessoal de apoio administrativo devem trabalhar em sintonia de forma a fornecer um serviço em cadeia e de qualidade.

“O professor deve sentir-se valorizado pela nobre tarefa que exerce todos os dias na formação do homem novo”, sublinhou aquele gestor educacional, para quem essa valorização deve ser feita com acções concretas, através de incentivos e formação ininterrupta.

Com efeito, Enoque falou da participação da rapariga na escola, anunciando que neste momento existe alguma aproximação entre o número de alunos dos dois sexos e apontou a participação das rainhas na sensibilização das comunidades como tendo permitido o equilíbrio de género que se regista nos últimos tempos do distrito.

A nossa fonte anotou ainda que este ano lectivo o distrito matriculou cerca de 10 mil alunos, dos quais 4.499 são raparigas.

Igualmente, segundo aquele director, a desistência da rapariga, devido, principalmente, aos ritos de iniciação e casamentos prematuros reduziu drasticamente, sendo que nas 49 escolas existentes em todo o distrito, nomeadamente 38 do EP1, 10 do EP2 e uma escola secundária geral que lecciona até à 10ª classe, a presença da rapariga faz-se voluntariamente, sem intervenção das estruturas educacionais.

Entretanto, Enoque revelou que apesar do esforço empreendido pela Educação e lideranças comunitárias, registam-se alguns casos esporádicos de crianças que faltam à escola por os seus pais e encarregados de educação os forçarem a praticarem a cultura de tabaco para o aumento da renda da família.

Aliás, o governador de Niassa, Arlindo Chilundo, tem dedicado grande parte das suas visitas aos distritos à Educação, sensibilizando as comunidades para não permitir que as raparigas abandonem escolas para se cansarem antes dos 18 anos. Igualmente, Chilundo insta os pais e encarregados de educação à prática dos ritos de iniciação, vulgo unhago, somente em períodos em que as crianças estão de férias, para evitar que a sua ausência prejudique o normal desempenho das aulas.

Para colmatar a situação, segundo Enoque, a empresa fomentadora desta cultura no Niassa, MLT, apresentou um projecto às autoridades locais da Educação o qual propõe um trabalho em conjunto visando proibir todas as crianças a sua intervenção na produção do tabaco. É uma forma que a Moçambique Leaf Tobacco encontrou para garantir que as crianças não abandonem a escola em troca da machamba, referiu a nossa fonte, que acredita no bom senso dos pais e encarregados de educação.

Num outro desenvolvimento, Francisco Enoque debruçou-se sobre a construção de escolas convencionais, dando conta da existência no Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano de um programa de construção de novas escolas convencionais por zonas, revelando que a Zona Sul beneficiou de 10 salas de aulas em 2014, as quais ainda não foram concluídas por os seus empreiteiros terem abandonado.

De acordo com o mesmo programa, o distrito de Nipepe voltará a beneficiar de Maios salas de aulas convencionais em 2017. Tendo em conta a importância do sector, o governo distrital prevê, nos próximos tempos, a construção de mais escolas, recorrendo ao fundo de investimento local, avançou a nossa fonte, reconhecendo que esse fundo está a contribuir para o desenvolvimento do distrito, numa alusão às obras de construção do edifício onde vai funcionar os Serviços Distritais da Educação, Juventude e Tecnologia, em curso.

Instado a pronunciar-se sobre as causas do abandono de muitas obras no distrito, Francisco Enoque disse tratar-se mais de desonestidade do que propriamente de falta de recursos, uma vez que maior parte dos quais desaparecem da circulação, tornando a acção do governo impotente para localizá-los.

A terminar, Enoque lamentou o facto de muitas crianças ainda se encontrarem a estudar sentadas no chão, num distrito potencial de madeira, mas que, entretanto, não beneficia as comunidades locais.

Os madeireiros deviam exportar a madeira serrada localmente para permitir que parte dela possa servir para a produção de carteiras para as nossas crianças, lamentou aquele dirigente, para quem aos operadores de madeira devia ser exigidos a cumprir a lei vigente no país sobre a matéria.

André Jonas

andrejonas@yahoo.com.br

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