Os moçambicanos são suficientemente maduros para resolverem de forma pacífica a actual crise política, privilegiando o diálogo e o respeito à Constituição da República, e às instituições democraticamente eleitas. Esta é a posição unânime dos embaixadores dos Estados Unidos da América (EUA), Reino Unido e Portugal no final dos encontros de cortesia com o Primeiro-ministro, Carlos Agostinho do Rosário.
Segundo afirmaram nada justifica o retorno à guerra uma vez não terem sido esgotadas as vias democráticas para a solução do impasse que se regista no diálogo político do Centro Internacional de Conferências Joaquim Chissano.
Em audiências separadas, aqueles diplomatas reafirmaram o seu optimismo quanto à solução pacífica das diferenças políticas, recomendando as duas partes a privilegiarem soluções internas.
“À medida do possível vamos apoiar para que a paz prevaleça. Eu pessoalmente mantive em Maio último um encontro com o líder da Renamo a pedido do Presidente da República e em coordenação com o Ministério dos Negócios Estrangeiros e Cooperação e isso foi produtivo uma vez que resolvemos alguns problemas,disse o embaixador Americano, Douglas Griffiths.
Sobre que alcance tinha a aludida instalação do quartel-general da Renamo em Morrumbala, Griffiths referiu que os EUA defendem a promoção de um diálogo para a paz e que as pessoas devem colaborar.
“Precisamos de estender a mão a favor dos actos de inclusão. Portanto, tenho confiança de que o povo moçambicano identifica-se e defende a paz. É uma questão de reconhecer a maneira de falar, incluir todas as pessoas e usar os meios acordado para o estabelecimento de uma paz duradoira e efectiva, disse Douglas Griffiths.
Aquele diplomata frisou que o seu país está a investir em Moçambique no presente ano, mais de 500 milhões de dólares, nas áreas de Agricultura, Saúde, Educação, entre outras.
NINGUÉM QUER GUERRA
A embaixadora do Reino Unido, Joanna Kuenssberg diz que o passado recente mostra que não há espaço para as armas no debate político e que é necessário continuar a dialogar.
Segundo afirmou, o seu país, incentiva e privilegia a solução pacífica dos conflitos: “Nós incentivamos e encorajamos ambas as partes a falar porque as respostas vão sair das negociações e já percebemos que ninguém quer a guerra. Todos querem paz, a questão principal é como desembocar no espaço comum para cumprir esse objectivo”.
Acrescentou que há que resolver urgentemente a questão da tensão política para que os moçambicanos por um lado reencontrem o sossego e os investidores por outro continuem a investir em Moçambique.
“Nós temos muitos investidores com mais de 40 grupos de empresas britânicas em todos sectores e a questão que todos levantam pretende-se com a incerteza política”,disse Kuenssberg para quem os investimentos do seu país são direccionados para os sectores da agricultura, serviços financeiros, hidrocarbonetos, indústria extractiva, ambiente de negócios, entre outras áreas.
Aquela diplomata disse ainda que a história mostra que o uso da força não leva a lado nenhum. “Trocamos impressões do diálogo político e toda a situação tensa entre o Governo e a Renamo. Eu disse a esse propósito que a história recente do Reino Unido com a Irlanda do Norte, mostra o quão importante é privilegiar o diálogo entre as partes.
Para a nossa entrevistada os partidos políticos armados não constituem uma resposta ou saída para a paz e que as instituições do Estado deviam ser respeitadas.
NÃO A DUPLICAÇÃO
DE INSTÂNCIA MILITARES
Por sua vez, o embaixador de Portugal, José Duarte ressalvou que o seu país pode desempenhar um papel de relevo na busca de paz e que não faz sentido num país haver duplicação de instâncias militares.
Segundo afirmou, as forças armadas são parte do Estado não se justificando que por desavenças políticas um partido recorra ao uso da força das armas para lograr os seus intentos: “Essa duplicação de instâncias de policiamento ou militares não é seguramente desejável em nenhuma parte do mundo”, disse José Duarte.
No seu entender, as tensões políticas existem em todos os estados democráticos e fazem parte do debate político, “contudo, essas tensões devem ocorrer no estrito respeito da lei e na utilização das instituições democraticamente eleitas”.
Segundo defendeu havendo leis que precisam de modificação, as pessoas devem debate-las até se chegar à conclusão de que são adequadas e respondem aos anseios da maioria.
“Portugal apela ao respeito pelas instâncias democraticamente eleitas para resolver as diferenças e no âmbito do cumprimento da lei. Portanto, não achamos que à partida necessitem de interferências de qualquer ordem. Os moçambicanos melhor do que ninguém sabem o que é bom para si”,disse José Duarte.
O nosso entrevistado disse ainda que os moçambicanos são suficientes maduros e sabem o que precisam para por si sós para chegarem ao consenso nas negociações. “Portanto, compete a eles encontrar as modalidades, esquemas naturais que considerarem adequados para a convivência política”, sublinhou.
Fotos de Carlos Uqueio